capítulo 3 - destino

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A àgora ateniense se encontrava movimentada, muitos atenienses andavam pelo enorme espaço aberto, indo para a feira livra que ocorria ao leste e outros indo para as construções públicas à oeste, todos conversavam tranquilamente sobre suas vidas privadas ou discutiam acalorosamente sobre a vida pública da pólis.

Ace se encontrava sentado com as costas encostadas na enorme coluna de mármore, enquanto seus olhos percorriam a praça observando as pessoas passarem, seus ouvidos sempre atentos escutando boa parte das conversas causando um certo orgulho no moreno de sardas que adorava ouvir como as ideias de suas criações se desenvolviam com uma lógica sem igual.

Todas aquelas vozes pareciam uma sinfonia, um coro de teatro, tão certo e bonito, carregadas pela leve brisa e trazendo as palavras em uma dança suave até os ouvidos do Deus Sol. Com um belo e gentil sorriso em seu rosto Ace fechou os olhos apoiando a cabeça no mármore gelado, ouvindo o farfalhar das vozes e da natureza ao redor.

O moreno sentiu alguém se aproximar e sentar do seu lado, uma estranha sensação se formou em seu ventre, um formigamento em seu braço esquerdo onde sabia que esse alguém estava, tão perto, quase conseguia sentir os pelos do braço alheio encostar em seus próprios. Ace deu um último suspiro antes de abrir os olhos e virar o rosto na direção em que sentia a nova presença. As orbes ônix logo se encontraram com as euclásio e o Deus Sol sentiu suas bochechas queimarem ao encarar aquela profundeza azul que o fitavam com tanta intensidade.

- Bom dia, Ace - cumprimentou o loiro sentado ao lado do moreno, um sorriso divertido em seus lábios - te atrapalhei?

- Bom dia, Marco, de forma alguma, eu só estava um pouco distraído - disse o moreno mexendo um tanto constrangido em seus cabelos, seus olhos se desviaram levemente quebrando aquela conexão e intensidade entre os dois.

- Você tem um belo sorriso - elogiou o loiro apoiando os braços em seus joelhos dobrados próximo ao corpo - no que estava pensando agora pouco?

Ace sentiu seu coração falhar algumas batidas e sua mente ficar embaralhada com seus pensamentos rápidos e contraditórios que o bombardeavam insistentemente com teorias cada vez mais bizarras sobre a presença e a fala alheia.

- Obrigado... - agradeceu o moreno, a voz embargada pela vergonha e pela sensação de que seu coração pudesse escapar por sua boca e fugir para outro lugar - estava pensando... No quanto tudo isso é incrível, essas construções, as pessoas, a natureza ao redor, tudo parece tão surreal, nem acredito que os hum... atenienses - corrigiu-se rapidamente - construíram tudo isso em tão pouco tempo, é tão bonito.

Marco sorriu e olhou ao redor observando o que o moreno havia dito, estava tão acostumado aquelas construções, aquelas pessoas, que para ele eram tão naturais quanto respirar, nem ao menos havia parado para pensar sobre a beleza de tudo aquilo.

- Tem razão, eu nunca tinha prestado tanta atenção nisso - comentou o loiro apoiando o corpo na coluna de mármore ao lado do moreno deixando seu braço encostar suavemente contra o do Deus - tem muitas coisas e construções belissimas em Atenas, você já foi para o Propileu? Ou Erecteion?

- Ainda não... - respondeu o moreno sentindo o calor alheio tocar em sua pele quente - não conheci muitas coisas de Atenas ainda.

- Aceita a minha companhia para conhecer Atenas? - perguntou o loiro com um pequeno sorriso em seu rosto.

Ace olhou para o homem, uma certa confusão e descrença passando por seus olhos, não conseguia entender as motivações do homem em querer acompanhá-lo em suas andanças pela pólis, além de seus sentimentos, seus princípios e seus pensamentos o deixarem ainda mais confuso. Seus sentimentos o pediam para aceitar a companhia alheia, seus princípios para declinar do convite e seus pensamentos se colidiam ora pendendo para os sentimentos, ora para os princípios.

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