capítulo 14 - A Vida está em cada um de nós

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O mundo via mais uma de suas inúmeras guerras se iniciar. Um grande confronto entre o império Romano e o império de Cartago se iniciou na Sicília, guerra essa que recebeu o nome de Guerras Púnicas.

A região de Sicília era habitada em boa parte por cartaginenses que estavam em constante guerra com colônias gregas de Magna Grécia. Com isso o império de Roma interveio e ocupou a cidade de Messina, levando Cartago a declarar guerra à Roma.

As guerras humanas raramente afetavam os deuses, o único envolvido diretamente nos confrontos era Zoro que fazia pequenas participações em ambos os lados apenas por diversão, sem se importar com quem estava certo ou não, sua alegria como Deus da Guerra era a batalha, a sensação de suas espadas atravessando a carne, o cheiro do sangue inebriando seus sentidos, manchando a terra naquele vislumbrante tom carmesim.

Muitos achariam estranho e até mesmo nojento e asqueroso aquela relação do Deus com as lutas, mas para ele e para os outros deuses era algo normal e até mesmo natural. Com o surgimento da humanidade e dos grupos sociais a guerra e as lutas por território se tornaram comuns, algo intrinseco a vida. As sociedades que se seguiram desse surgimento guerreavam sem parar em busca de terras e alimentos, buscando naquelas lutas mostrarem sua dominância e seu poder físico, político e econômico.

Animais também guerreavam entre si, as plantas lutavam por espaço e minerais através de suas longas raízes e os humanos apenas ampliaram a arte da guerra, criando armas cada vez mais mortais, lutando em terra e no mar, quem sabe num futuro mais distante também não guerreassem pelo ar e pelo espaço.

O Deus esverdeado se preparava para descer para a Terra, encarando as diversas armaduras que arranjara em suas "missões", a maioria de grandes generais aos quais o Deus havia os decepado e roubado suas proteções como seus espólios de guerra.

O Deus do Amor se aproximou por pura curiosidade, observando as armaduras expostas naquela pequena sala feita somente para o esverdeado guardar suas prendas. Com passos leves se pôs ao lado do maior e apontou para uma das armaduras mais ilustradas e brilhantes, achando-a bonita em comparação as outras.

- Por que não a usa? Ao menos voltaria sem essas cicatrizes - disse Sanji em um tom tranquilo e até mesmo gentil.

- Porque não são para usar, são para me lembrar das guerras que vivi - afirmou o Deus ajeitando suas katanas em sua cintura - e não preciso de armaduras, não vou morrer, sou um Deus afinal.

- Eu sei que você não vai morrer, mas ao menos deveria usar para se proteger, mesmo sendo Deuses as feridas doem - pontuou o loiro olhando para a cicatriz que aparecia por entre os tecidos do esverdeado - ou as considera espólios também?

- Elas são memórias dos momentos em que me senti mais vivo - falou o esverdeado tocando na pele elevada em seu tronco - para me lembrar de que há um sentido nisso tudo.

- Você não precisa de uma ferida para se lembrar disso, há outras formas de se sentir vivo e de ver um sentido no que fazemos.

O Deus esverdeado rangeu levemente os dentes processando o que o loiro havia dito, tentando pensar em que outras formas haveriam de sentir a vida passar por suas veias, o sangue bombeando por seu corpo o mantendo tão vivo e enérgico. O esverdeado se virou para o Deus do Amor, observando as orbes azuis tão límpidas e claras focadas em si, atentas as marcas parcialmente expostas, as quais o Deus da Guerra se colocou a escondê-las, sentindo-se um tanto desnudo sob o olhar alheio tão incisivo em si.

- Pode olhar para outro lugar, sobrancelha esquisita? - retrucou o esverdeado se virando para o outro lado tentando não se sentir enrusbecido com aquela atenção desconhecida - não tem mais nada para fazer?

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