Foi complicado focar inteiramente na aula do professor Henry de matemática, quando a cada cinco minutos alguém virava em minha direção.
Aquilo estava me incomodando de uma forma estranha.
Para acabar de vez com meu sossego, Carson entrou na sala ao final da terceira aula, sentando ao meu lado e dormindo a aula inteira. Ridículo.
Ele sabia que após o término das aulas da professora Charlie, não precisaríamos mais dividir a mesma banca, mas ele insistiu em fazer, pois tinha prazer em me irritar, apenas isso, não havia outro motivo aparente.
Fiquei aliviada quando a quarta aula chegou ao fim, fui uma das primeiras a levantar e sair da sala. Fora do colégio, eu pude respirar ar leve e puro, nada comparado ao clima sufocante que se formava naquele cubículo fechado, chamado por sala de aula.
Do lado de fora, eu esperava por Noah, enquanto alunos passavam apressados por mim, e o lugar aos poucos ia ficando vazio. Olhei para o portão do colégio, e vi quando Julie saiu do lugar acompanhada por três garotas. Ao me ver, ela se aproximou.
— Cassie, ainda está aqui? As meninas vão me dar uma carona, vem com a gente? — ofereceu.
— Estou esperando o Noah, ele já deve está chegando, não se preocupe comigo. — respondi.
— Tudo bem. — disse, meio pensativa. — Então, até amanhã. — concluiu dando de ombros e indo até o estacionamento da escola com suas colegas.
Minutos depois o lugar já estava vazio por completo, havia só eu na frente do colégio.
Doze minutos haviam se passado, e nenhum sinal dele. Por um momento, eu pensei no pior, mas me repreendi em pensamentos por aquilo. Era apenas um atraso de meu amigo, apenas mais um.
Eu segurava as alças de minha mochila, enquanto mantinha minha cabeça erguida para o céu, com os olhos fechados, sentindo a brisa do meio dia passar por minha face, um sentimento de paz e tranquilidade me consumia, foi assim por breves segundos, até uma voz familiar me tirar do transe.
— A carona atrasou mais uma vez?
Olhei para Carson, que mantinha seu semblante debochado, e suspirei cansada.
Eu havia agradecido por ele não ter dirigido a palavra a mim durante toda aquela manhã, mas agradeci cedo demais.
Mudei minha atenção para o que tinha em mãos, e vi que se tratava de dois capacetes. Aliás, eu sempre me questionava sobre o porque de ele andar com um capacete feminino que continha adesivos da hello kit, no bagageiro de sua moto.
— Estava levando sermão de algum professor de novo? — retruquei, me esquivando da sua pergunta incoveniente.
— Desista, seu amigo não vem. — foi a vez dele de se esquivar da minha pergunta, em seguida me oferecendo o capacete feminino que tinha em mãos.
— Sugere que eu vá com você? — questionei, com o cenho franzido.
— Tem uma ideia melhor? ou pretende ir a pé para casa de novo? — indagou, com uma expressão brincalhona no rosto, o que me fez lembrar do dia no hospital.
— Por que se importa? — retruquei.
— Não me importo. — respondeu, dando de ombros, com aquele sorriso debochado ainda visível em seu rosto.
Naquele mesmo instante, um carro parou de frente para o colégio, e um sorriso involuntário se fez em meu rosto.
— Que ótimo! — ouvi Carson dizer, e o olhei de relance rapidamente antes de mudar minha atenção para o carro de volta.
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Antes Só Que Apaixonada
Novela JuvenilCassandra é uma garota de dezesseis anos. É inteligente, organizada, detalhista, desiludida e com grandes planos para o futuro. Mora com seu pai desde os quatro anos ao ser largada junto a ele por sua mãe, tal que a garota já nem lembra mais do rost...