— Então você é a famosa Cassie. — disse a mulher indo ao meu encontro me abraçar. — Ouvimos muito falar de você, querida, e se me permite dizer, você é ainda mais bonita pessoalmente.
Ela disse me soltando de seu abraço em seguida. Seu marido por sua vez me lançou um sorriso amigável e eu retribui.
Me questionei se foram coisas boas ou ruins que ela ouviu falar de mim e no mesmo instante olhei para Nicholas que por sua vez já me olhava de volta, fazendo com que eu voltasse minha atenção para sua mãe no mesmo instante.
— Obrigada, senhora. — agradeci sem jeito.
— Por que não me falou que estudavam juntos, querida? — meu pai me questionou.
— Não tivemos oportunidade para isso, papai. — o respondi.
— Verdade, você está certa, baby, e foi pensando nisso que eu fiz uma torta de banana para dar as boas vindas aos nossos vizinhos recém chegados, numa forma de me desculpar por não ter tido tempo de fazer isso antes. — papai se explicou.
— E nós ficamos muito agradecidos por seu gesto, e também nos desculpamos por não ter vindo aqui antes, como mencionamos mais cedo, estávamos no hospital com um parente internado mas que já passa bem. — foi a vez da mãe de Nicholas se explicar.
Um barulho de alarme de celular surgiu pela cozinha, fazendo com que todos olhassemos para o causador do barulho.
— Perdão, é o alarme anunciando que é hora de revisar uma matéria. — disse Nicholas com seu celular em mãos. — Se me dão licença, irei na frente. - anunciou amigável.
— Não se preocupe, rapaz, as portas estarão sempre abertas para você, volte quando quiser. — disse papai acolhedor.
— Obrigado, senhor Teft. —agradeceu com um sorriso gentil no rosto.
— Cassie, o acompanhe até a porta. — pediu papai e eu o olhei surpresa.
— Claro! — falei tentando soar o mais natural possível, enquanto ia de encontro a Nicholas que se pois a andar naquele momento.
A cozinha não ficava tão longe da sala, então não demorou nada até chegarmos.
— Até logo, Cassie. — ele disse ao pararmos de frente para porta de entrada.
— Até. — falei tentando desviar de seu olhar que me fixava naquele momento.
Para escapar daquele clima tenso e desconcertante que se formava, rapidamente coloquei a mão sobre a maçaneta da porta para abri-la, foi quando fui surpreendida por um toque quente mas de mãos macias por cima das minhas. Levei um leve choque naquela região antes de puxar minha mão para perto de mim de novo.
— Desculpa por minha inconveniência, Cassie, e-eu realmente não sabia que você iria abrir para mim! — Nicholas se explicava de maneira agitada, enquanto coçava a nuca e ao mesmo tempo gesticulava com as mãos.
— Tudo bem, eu, quer dizer, você, você não fez por mal, tudo bem! — falei, também gesticulando com as mãos sem perceber, mas logo que notei parei. — Eu abro a porta! — falei por fim, abrindo a porta rapidamente para que ele pudesse passar.
— Obrigado. — agradeceu sem me olhar e logo foi embora.
Antes que eu chegasse a fecha-la, os pais de Nicholas acompanhados com meu pai, apareceram na sala enquanto conversavam.
— Querida, deixe aberta, nossos vizinhos já estão de saída. — pediu papai e eu obedeci segurando a porta para eles que já se aproximavam.
— Tchau, querida. — se despediu de mim a mulher e eu lhe lancei um sorriso amigável, em seguida para o homem ao seu lado que me retribuiu o sorriso.
Com a porta fechada, eu suspirei aliviada sem que meu pai notasse.
— O que achou dos vizinhos, baby? Eles não são legais? — questionou papai me olhando.
— Sim, são! — respondi, forçando um sorriso.
— Convidei eles para fazer uma refeição conosco algum dia. — anunciou e eu o olhei no mesmo instante.
— Uma refeição? — questionei.
— Sim. — papai respondeu.
— Conosco? — retruquei.
— Sim...— papai me analisou por um momento antes de falar — Algum problema, querida? — questionou.
— Não, nenhum! — respondi rapidamente. — Eu só achei legal a ideia. — menti.
— Eu sabia que iria gostar, afinal, você e Nicholas são amigos. — disse papai.
— É, somos... — falei meio insegura sobre aquilo.
Naquela momento o celular de papai vibrou em seu bolso e o mesmo o pegou rapidamente. Vendo do que se tratava, ele mudou sua atenção para mim novamente.
— Baby, você chegou um pouco mais tarde que o habitual hoje, então não vamos poder almoçar juntos, mas já preparei seu almoço, está na mesa, vou ter que ir voando até a empresa e estou atrasado para reunião! — disse já colocando seu terno que estava no cabideiro da sala e vindo em minha direção na porta. — Tchau querida, se cuida, qualquer coisa me liga, e come tudo, está bem? - alertou enquanto depositava um beijo em minha testa.
— Certo, papai, não se preocupe, eu vou ficar bem, te amo, e dirija com cuidado. — o abracei rapidamente.
Tranquei a porta após vê-lo dar partida no carro, buzinando para mim em seguida.
Papai era CEO em sua própria editora de livros. Desde mais nova eu o via trabalhar arduamente e incansavelmente para seu propósito que era abrir sua própria empresa e se tornar o seu próprio chefe. Não que depois de conseguir realizar seu sonho ele relaxou e passou a ir menos ao trabalho, como por vezes acontece, muito pelo contrário, com passar dos anos ele só se dedicou ainda mais ao trabalho, mas nunca fazendo com que isso interferisse em nossa relação de pai e filha. Diante todos os seus anos incansáveis de trabalho, ele nunca abriu mão de estar presente nas refeições mais importantes para nós, como por exemplo o café da manhã, almoço e jantar. Assim como em outros momentos importantes na minha vida.
Independente do que acontecesse ou do que ele tivesse que abrir mão para ir ao meu encontro, ele ia sem pensar duas vezes. Sempre fazendo questão de estar ao meu lado, até mesmo nos momentos mais triviais, como por exemplo, apresentações de projetos no jardim de infância.
Algumas pessoas chegaram a ligar o fato de eu ser tão focada e dedicada com coisas tão simples na infância, com o fato do meu pai estar sempre tão presente e vibrando tanto por mim em todos os momentos de minha vida. Mas claro que aquilo não era verdade, meu pai nunca me forçou a nada, pelo contrário, sempre deixou que eu tomasse a decisão sobre o que fazer e quando fazer, além de me apoiar sempre que visse que aquilo seria o melhor para mim e que não me machucaria.
O que as pessoas não colocavam em cogitação, era a hipótese de que eu queria dar orgulho ao meu pai, deixá-lo confortável em saber que poderia confiar em mim mesmo estando longe, saber que eu não o deixaria preocupado pois eu sempre tomaria cuidado com tudo e que também jamais entraria em confusões fora de sua supervisão. Ele já tinha problemas demais no trabalho, e eu não tinha o direito de causar mais dor de cabeça a ele.
Não mesmo. Não mais.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Antes Só Que Apaixonada
Teen FictionCassandra é uma garota de dezesseis anos. É inteligente, organizada, detalhista, desiludida e com grandes planos para o futuro. Mora com seu pai desde os quatro anos ao ser largada junto a ele por sua mãe, tal que a garota já nem lembra mais do rost...