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e n t r e    t o n s    d e    r o x o    e    a z u l

Draco acreditava que a única vez que viu Severus Snape tão irritado como ficou naquele dia foi no dia em que descobriu o que Lucius fez com ele, em seu segundo ano. Ele fumegava de raiva, e Harry chegou a murmurar algo sobre quase poder ver fumaça saindo de seus ouvidos. Era compreensível, quando seu afilhado aparecia na sua porta com uma de suas mãos - a mão que ele precisava para o quadribol, por sinal - destruída. Murmurando obscenidades, o homem lhe deu poções para diminuir a dor e acelerar o processo de cura.

Garantiu também que iria ter uma conversa com Dumbledore sobre os acontecimentos daquela tarde. Draco tinha a leve impressão que Sev estava se segurando para não correr até a sala de Umbridge e amaldiçoar a mulher até não poder mais. Ele admitiu para si mesmo que era uma visão mental muito agradável.

Harry e Draco caminharam em silêncio pelos corredores de volta para a sala comunal. Ele sabia que não deviam ser nem mesmo oito da noite, mas estava exausto. Mentalmente e fisicamente. Sua mão doía, ele conseguia sentir indícios de uma dor de cabeça e estava psicologicamente cansado.

Quando os dois entraram no dormitório masculino, Blaise era o único ali, deitado em sua cama e roncando levemente. Draco se divertia com a percepção de que, quando seu amigo não estava com um de seus ficantes, ele dormia logo após sete horas, como um senhor de idade.

"Senta." Murmurou Harry, e Draco logo obedeceu, se estabelecendo em sua cama. O moreno pega os curativos que Snape havia mandado ele colocar e cobre a mão do loiro. Draco fez apenas uma careta de dor quando Harry encostou levemente no machucado antes de soltá-lo. "Não deveria ter feito aquilo por mim. Eu posso lidar com alguns cortes."

"Eu sei que pode. Mas eu faria tudo por você, Harry."

A frase escapou antes mesmo da mente de draco compreender as palavras que deixam seus lábios. Olhos cinzas encontraram verdes e o silêncio enche o espaço entre eles, junto com uma tensão que ultimamente parecia estar sempre presente quando os dois estavam juntos. Draco não sabia se era algo bom ou ruim.

"Então..." Disse Harry, suas bochechas ficando levemente rosadas quando ele desviou o olhar. "... você disse mais cedo que queria falar algo comigo."

O coração de Draco imediatamente acelera ao lembrar do que encontrou na biblioteca no dia anterior. "Certo. Não sei se é a melhor hora agora, depois do que aconteceu hoje."

"Não é como se tivesse outra coisa para fazer agora. Eu vou apagar assim que deitar, então é melhor agora, certo?"

Draco engoliu em seco, uma sensação esquisita, mas familiar, em seu estômago. Sua mente corria, pensando que talvez a definição da cor azul esteja errada, talvez o colar quebrou... Se ele disser algo, vai estragar tudo? Toda a amizade que se tornou a coisa mais importante de sua vida? Ele não quer isso.

Então, ele deveria achar uma desculpa. Deveria alegar que estava cansado demais e que eles poderiam conversar depois, Harry certamente iria esquecer com o tempo. Eles poderiam seguir em frente, deixando as coisas como estavam, sem nunca mais pensar na possibilidade do que poderia ter acontecido naquela noite.

Mas...

"Eu percebi que o colar mudou de cor." Sua voz não era mais alta que um sussurro, mas ainda soava quase como um grito no quarto vazio. Draco temia que Harry talvez pudesse ouvir a batida de seu coração também.

O moreno travou quase imediatamente, arregalando os olhos. Verde e cinza se encontram mais uma vez.

"Ah... Você viu o que significa?" Murmurou Harry. Draco morde o lábio inferior e assente.

Draco Black e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora