t o u j o u r s p u r
"Draco? É você?"
A voz sonolenta de Sirius soa como um sussurro pelo cômodo iluminado apenas pela luz do luar transmitida pela janela. O menino escutou os passos de seu primo atrás de si, mas não se virou, seus olhos presos na tapeçaria que Monstro nunca deixou que eles se livrassem. Parecia imensamente velha; desbotada e, pelo aspecto, as fadas mordentes a haviam roído em alguns pontos. Mesmo assim, o fio de ouro com que fora bordada conservava brilho suficiente para mostrar uma enorme árvore genealógica que remontava à Idade Média. Bem no alto da tapeçaria, lia-se em grandes letras:
A Mui Antiga e Nobre Casa dos Black
"Toujours pur"
"Sempre puro..." Murmurou Draco, um riso feio e sem humor deixando seus lábios.
"O lema da família Black." Disse Sirius, se aproximando até parar ao lado de Draco. Sua varinha trazia a luz do lumos, fazendo com que eles pudessem ver tudo melhor. O menino não sabia se gostava disso ou não. O escuro poderia ser satisfatório às vezes.
Ele traçou com a ponta dos dedos linha dupla de ouro que ligava o nome de Narcisa Black com Lucius Malfoy e uma única linha vertical que saía dos seus nomes ao nome de Draco.
"Eu odeio isso." O garoto murmura após mais alguns minutos de silêncio. "Gosto dessa casa, tive minhas lembranças mais felizes aqui. Mas eu odeio essa tapeçaria. Deveria se livrar dela."
"Eu e sua mãe pensamos em usar um feitiço para modificá-la. Começar do zero. Comigo, Narcissa e Andrômeda, e assim em diante." Falou Sirius. Draco engoliu em seco.
"Não iria desaparecer, sabe. As nossas origens. Podemos fugir a vida toda, mas nosso sangue ainda é o mesmo dessa família. No fundo, ainda somos iguais." Sussurrou, o sonho que teve apenas alguns minutos atrás assombrando sua mente.
Draco sabia que em apenas algumas horas, teria que partir para Hogwarts, e iria se arrepender se não dormir. Mas depois do pesadelo que ele teve, o que o fez acordar às quatro da manhã, o menino sabia que não iria adormecer tão cedo. Quando fechava os olhos, ainda podia ver a si mesmo com a Marca no braço, ao lado do seu pai.
Não era apenas o sonho em si que o incomodava, e sim a sensação assombrante que havia uma pequena realidade ali. Draco não se lembrava de mais nada de sua vida passada, mas em algum lugar em seu subconsciente, escondido e trancado, estavam os traumas de sua outra linha do tempo. Ele teria sido um Comensal da Morte? Teria lutado ao lado de Lucius por algo que abomina?
"Eu costumava pensar assim também." Murmurou Sirius, sua voz despertando Draco de seus próprios pensamentos. Ele olhou para seu primo, apenas para ver um olhar melancólico em seu rosto. "Eu odiava minha família, sempre odiei. Mas havia sido criado como um Black, e cresci para acreditar que a pureza do meu sangue me tornava forte."
"O que mudou?"
O homem sorri. "Hogwarts. Quando eu cheguei, ainda era um menino arrogante que não tinha respeito por absolutamente nada ou ninguém. Quando cheguei para a minha seleção da casa, eu implorei ao chapéu para me colocar na Sonserina."
Draco arqueou as sobrancelhas. "Mas você odeia a sonserina."
"Odiava, sim. Mas sabia que minha família iria surtar se eu fosse para qualquer outra casa. Mas por mais que o chapéu leve em consideração o que você quer, ele também pode ler seus pensamentos e desejos. Ele sabia que, no fundo, era apenas o medo falando. Eu não queria de jeito nenhum acabar na sonserina."
Draco reprimiu a vontade de rolar os olhos com a declaração, mas não interrompeu o conto de seu primo.
"Ainda consigo me lembrar o silêncio no Salão Principal quando o chapéu gritou Grifinória." Murmurou Sirius. "Eu era um Black, então era uma blasfêmia. Toda a sonserina me odiou automaticamente, e ninguém me aplaudiu. Bem, exceto uma pessoa."
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Draco Black e a Ordem da Fênix
Fiksi PenggemarDraco e Harry são os mais novos mentirosos do Profeta Diário. Todo o Ministério está apontando dedos para os dois, e agora eles tem que lidar com a pior parte disso tudo: Dolores Umbridge. Entre novos romances, Voldemort, uma mulher louca com cara...