"And there's no remedy for memory"

750 79 126
                                    

Os dezessete anos de um rapaz pode ser uma idade de descobertas sobre si mesmo em relação ao seus sentimentos? Pensei enquanto olhava o teto do meu quarto, arrastei as pontas de dois dedos sobre minhas costelas e respirei fundo virando meu rosto para o lado encarando uma pilha de livros.
Os olhos de cores diferentes invadiram minha cabeça de repente

- Ele tinha olhos castanhos claros quando estava com Anthony - sussurei - e depois estava com um olho cinza e outro castanho claro

Meus devaneios sumiram quando ouvi duas batidas na porta, me sentei e olhei Aberforth entrar em silêncio

- Sapos de chocolate? - ele sorriu olhando as caixas azuis e douradas encima da minha cama

- Sapos de chocolate - respondi o vendo abrir um - Batilda comprou para nós três

Ele segurou o sapo que insistia pular pelo quarto, observei a cena com atenção enquanto pegava o cartão de dentro da caixa

- Merlin - Falei mostrando o cartão

- Eu tenho muitas dele - ele mordeu o sapo - Se quiser pode ficar

Concordei com a cabeça e encarei a figura do homem no cartão, ele tinha um semblante sério e desviava o olhar as vezes

- Batilda nos chamou para um jantar - Falei me deitando no chão novamente

- Loucura - Aberforth respondeu de imediato - Você negou não é?

- Disse que iria conversar com você, mandaria uma coruja com a resposta

- Por que ela vai fazer um jantar? - ele deitou em posição contrária à minha - É aniversário de 500 anos dela? - Ouvi sua risada abafada

- Um sobrinho dela chegou hoje - respondi lembrando o rosto do rapaz - Ela quer que ele nos conheça

- Porque não uma sobrinha - Ele soou lamentoso - Tinha que ser um homem?

Fiquei em silêncio e sentir a mão de Aberforth apertar minha perna

- Você tem sorte - ele começou soltando minha perna - Aquela menina da taverna parece estar interessada em você

Franzi o cenho lembrando a moça que nos atendeu em uma visita a taverna na última semana, ela era bonita e delicada mas eu não poderia corresponder seus sentimentos se eles existissem como Aberforth acha que existe

- Você vê coisas demais - respondi - Não conversamos por mais de 5 minutos

- Para mim já é o suficiente - Ele levantou - Fale para Batilda que não poderemos ir para o jantar do sobrinho - ele caminhou até a porta mas segurei seu tornozelo

- Porque não? - olhei nos seus olhos - Ariana estar bem, podemos ir e ficar pelo menos meia hora

Eu espero que Aberforth não tenha estranhado a minha súbita vontade de estar na casa de Batilda, principalmente de levar Ariana para sair em um evento com outras pessoas... Eu espero não ter soado desesperado.

- Você realmente é esquisito Alvo - Ele franziu o cenho

- Só acho que seria bom para nós três - respondi soltando seu tornozelo

- Vou ver com Ariana - Ele saiu do quarto fechando a porta e eu sorrir fraco

Peguei um caderno com páginas em branco e um pincel começando a desenhar, eu não tinha ideia clara do que iria fazer naquela pintura só deixei minha mente me guiar.

- Um pássaro livre - Falei olhando o desenho completo no papel

- O que quer dizer? - Ouvi a voz feminina próximo ao meu ouvido me fazendo dar um leve pulo

Don't Go... - Grindeldore Onde histórias criam vida. Descubra agora