"Você acha mesmo que ele conseguirá ficar aqui?" – Izayoi diz praticamente em um sussurro.
"Hum, não tenho certeza..." – suspirou. – "Mas ele tem que tentar, ou então, teremos que tomar medidas drásticas..." – Taisho deixa essa questão pairando no ar enquanto vê seu filho caçula entrar mais uma vez em um prédio na esperança que ele finalmente conseguisse seguir a carreira tão sonhada, mas que sempre foi interrompida pelo seu, que seus pais diziam, "temperamento difícil".
Inuyasha POV
Keh, isso é ridículo. Quantos anos eles acham que eu tenho? Cinco? Me trazer no meu primeiro dia na tal grande empresa multinacional Takeda não vai fazer com que me sinta mais confiante, até porque eles já deviam saber que isso tenho de sobra.
Humph, que lugar imenso. Todos meus sentidos estão apurados a medida que atravesso a calçada até chegar na portaria. Ouço a conversa dos meus pais e o carro deles arrancando suavemente enquanto minha mãe tenta segurar o choro. "Tola, chora por qualquer coisa".
Ao entrar no hall, várias pessoas estavam circulando o local em busca de alguma coisa, um andar, um diretor, um papel, um documento... um degrau para subir nas suas míseras vidas. Vermes inúteis, como se fossem mesmo trabalhar o resto de suas vidas pudessem conseguir alguma coisa que prestasse.
Chegando até o balcão de informações onde se encontrava um velho careca, de olhos esbugalhados e segurando um carimbo para autenticar um documento que parecia gastar anos, não pude deixar de reparar que todos aqueles malditos que estavam no ambiente me fitavam como se eu fosse mordê-los... Isso me lembra o que minha mãe disse no carro:
"Querido, tente sorrir um pouco. Seja gentil e cordial com os outros."
Gentil e cordial? O que ela estava pensando? O mundo dos negócios é um comendo o outro para chegar até o topo do pódio de poder. É ter a soberania de olhar para baixo e ver todos submissos a seus desejos.
- Algum problema? – dizendo isso àqueles otários, minha voz grave ecoou no hall. Alguns balançaram a cabeça, outros viraram a cara, alguns me olharam torto e teve outros que se assustaram. Após breves segundos de silêncio continuaram suas vidas patéticas. "Humph, é bom saberem quem tem o dom de comandar".
- Ohayou senhor. Posso lhe ajudar? – Aquele velho me faz tal pergunta com um sorriso de assustar qualquer um. Ele nunca ouviu falar em dentista?
- Sou Inuyasha Taisho.
- Me desculpe, poderia falar novamente por favor.
- INUYASHA! – falei mais alto e o velho se assustou um pouco.
- Hehe, obrigado! Meu aparelho auditivo teve um problema e mandei para consertar. Devem me entregar hoje e...
- Quem disse que isso me interessa? Só me diga o andar que devo ir e avise ao diretor chefe que a chave do sucesso da empresa chegou.
- Sim senhor. – Começou a discar uns números e anunciou minha chegada a quem quer que fosse. – O Sr. Takeda lhe aguarda. Cobertura, trigésimo andar.
Antes dele terminar já estava a caminho do elevador.
Kagome POV
Não acredito que me atrasei! A sra. Matsunaga vai ficar uma fera comigo! Mas que culpa eu tinha se o metrô teve problemas técnicos e só resolveram meia hora depois... ai ai...
Cheguei praticamente correndo no edifício Takeda. Trabalho aqui já faz dois anos e ainda me surpreendo com a magnitude e imponência do lugar. Mesmo indo há vários dos andares e das salas por ser trainee sênior em comunicação e marketing, havia lugares naquele prédio que me eram proibidos a entrada, ainda que eu dissesse que seria de extrema importância para uma campanha. Devo confessar que às vezes não eram.
- Ai licença! Ohayou! Desculpe! – vou correndo e entrando no hall quando esbarro no Houjo, diretor-chefe do departamento de informática, e deixo toda minha papelada e meus livros caírem.
- Hey cuidado Higurashi! Já ouviu falar em tablet ou smartphone? Porque ainda anda com essa papelada toda do século 19? – Em tom zombeteiro como sempre, me ajuda a pegar minhas coisas do chão. Ele é um rapaz lindíssimo, ombros largos, alto e porte atlético, sem contar que é muito popular aqui dentro, não só com as moças (principalmente elas), mas em todos os departamentos, inclusive a gerência. Ouvi boatos que ele provavelmente deve subir para a banca da diretoria em breve se o novo sistema der certo. "Mas ele é tão inconveniente, exibido e chato."
- Claro que sim, mas ainda me lembro das raízes Houjo. Gosto da papelada.
- Você que sabe. Depois não adianta reclamar se ninguém nota sua visão "futurista", hahahaha. – Dando uma ênfase medonha na palavra futurista, ele segue caminho rindo da minha cara junto com seus servos puxa saco a tiracolo e as estagiárias me fuzilando com os olhos.
Eu já devia saber. Desde que entrei ele vive flertando comigo e jogando indiretas. Eu poderia dar uma chance, mas é que não consigo engolir o Houjo, de jeito nenhum!
- Ohayou Totousai Sama! Como o Sr. está hoje? Já entregaram seu aparelho? – Falo um pouquinho mais alto para aquele gentil senhor que viu essa empresa surgir do nada e se tornar uma das mais respeitadas e admiradas empresas de tecnologia, não só do Japão, mas do mundo.
- Algum problema? O senhor não costuma ficar com a carinha triste assim, não quando a Yuka lhe entrega o chá da tarde atrasado e gelado. – "Nossa ele tá cabisbaixo mesmo..." pensei.
- Não é nada Kagome Chan. Foi só um hanyou mal-educado e soberbo que começou hoje aqui na empresa.
Hanyou? O sr. Totousai não costuma falar com desdém de ninguém aqui. Raça, cor, classe social, o que for.
- Ele está indo até o Takeda Sama. Disse que seria a "chave do sucesso" da empresa! Quem esse moleque pensa que é?! Desprezível seja! De onde aprendeu a tratar os outros assim?
- Calma senhor Totousai! A sua pressão! – Deixei minha pequena bagunça no balcão e peguei um pouco de água para ele no bebedouro do saguão. – Tome, beba um pouco de água e tente se acalmar. Vou pedir pra Yuka trazer um chá bem quente de ervas calmantes para o senhor assim que chegar na minha mesa, ok? Agora se acalme por favor.
- Arigatou menina. Quem dera se houvessem mais pessoas gentis como a senhorita. Rezo ao Buda para que esse prédio seja grande o suficiente para que você nunca encontre com esse baka!
Pelo jeito que ele diz, espero mesmo que não.
**CONTINUA**
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Outra Face
FanfictionEle entrou, mais uma vez em um prédio na esperança que finalmente conseguisse seguir a carreira tão sonhada, mas que sempre foi interrompida pelo seu, que seus pais diziam, "temperamento difícil". No amor realmente tudo é paciente, tudo é bondoso? N...