Desatando os nós?

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Kagome POV

Não acredito no que aconteceu nessa última hora!

Como aquele infeliz do Houjo tem a ousadia de me encurralar daquela forma? Eu poderia dar queixa dele, aquilo foi tentativa de assédio! Se bem que se eu parar para pensar, o Inuyasha também entraria nesse quesito... afinal, ele tem testado meu psicológico ao extremo!

Agora, olhando para ele assim parecendo tão sereno depois de me defender daquela forma e lembrando todas as vezes que ele foi mesquinho e grosso comigo, dá a entender que não foi por que ele realmente quis ou fosse proposital tal comportamento. Ao contrário do Houjo, em que suas intenções eram realmente claras em me intimidar. Isso me dá maior frio na espinha somado ao olhar dele em mim naquele momento, mais do que no olhar de youkai do Inuyasha, que tecnicamente é considerado um demônio.

Acho que não se pode mesmo julgar um livro pela capa.

- Você está bem Higurashi? Já é a oitava volta dessa faixa que você faz na minha mão.

- Por céus! Me desculpe! – Perdida em pensamentos acabei passando do ponto nas ataduras na mão dele. Claro, ele não precisava disso, mas era necessário. Eu não ia ficar bem pensando nele com as mãos sangrando e lembrando daquela poça de sangue. – Depois temos que limpar aquela poça. – Engoli seco.

- Hum? Ah aquilo, não se preocupe. Alguém limpa depois.

- Sério que você quer que alguém veja aquilo e faça perguntas? Isso vai desencadear uma situação bem desagradável. – Sem falar nos comentários impertinentes no prédio inteiro sobre o ocorrido. De qualquer forma, devo falar com a Sra. Matsunaga a sós sobre a atitude do Houjo.

- Depois do que aconteceu e da ameaça explícita dele sobre você, ainda não quer dar queixa?! – Me perguntou incrédulo.

- Não é isso. Eu vou conversar a respeito com a Sra. Matsunaga que é minha superiora, só que em particular. Não quero virar mais motivo de fofoca do que já pareço ser nesse lugar. – Soltei o ar um pouco mais pesado que gostaria. Mas realmente, depois do que Houjo me disse, fiquei ainda mais cansada em pensar o que todos estariam compartilhando de opiniões maldosas a meu respeito... e do Sr. Taisho também.

Quando olhei para ele, seus olhos dourados que me olhavam tão profundamente que pareciam querer ler minha alma.

- A-algum problema? – Desviei o olhar imediatamente para o que estava fazendo e fiquei levemente corada. "Raios agora! O que deu em você Kagome?!"

- Eu sou seu superior, você pode se reportar a mim sobre qualquer coisa. A respeito do que houve hoje, eu vou passar para o Takeda, até porque eu já ia fazer isso mesmo você querendo ou não. Sem contar que aquele velho já deve estar com a caixa de reclamações a meu respeito bem cheia. – Ele me pareceu abatido ao confessar isso.

- Essa está pronta, me dê a outra. – Terminei de limpar e enfaixar a mão esquerda dele, agora me passava delicadamente sua mão direita. Não sei se o cuidado era por causa dos ferimentos ou se ele tinha receio de me arranhar com suas garras que ainda estavam bem grandes.

- Keh, acho justo mesmo que ele tenha me nomeado como seu chefe e você não deva me confiar os seus relatos ou problemas. Visto que eu não soube gerenciar apenas comandar a punho de ferro... Fico me perguntando o que teria acontecido se eu não tivesse chegado a tempo... – instantaneamente as mãos dele começaram a se fechar novamente e os ferimentos queriam se abrir de novo.

- Ei ei calma! Senão você vai começar a sangrar outra vez! Nada aconteceu. – "Despertou a análise de consciência dele? E eu que pensava que não tinha isso." – O sr. percebendo que suas atitudes têm realmente passado do ponto, demonstra que quer melhorar e isso deve influenciar e muito no seu objetivo. – Ele me olha curioso. – Aqui na Takeda Inc. a convivência entre as pessoas não é algo do chefiado de tempos antigos. Trabalhamos e crescemos juntos, apesar de aparecer algumas desavenças ou cretinos como o Houjo de vez em quando. Contudo, devo admitir que atitude dele realmente me surpreendeu. – Nunca achei que ele fosse agir daquela forma.

- Eu entro na classe dos cretinos, não é?

- Acho que em outras também, mas não vem ao caso.

Rimos descontraidamente. É tão tranquilo conversar com ele quando não está gritando aos quatro ventos. Esse seu lado poderia aparecer mais vezes.

- Higurashi, tenho notado todas essas semanas o seu incrível desempenho e qualidades que de fato justificam os lucros das filias no ano passado. Não duvido em nenhum momento que sua efetivação e sua transferência para NY seja questão de tempo.

"Nani?! Ele está me elogiando?! Ah isso já é demais."

- Mas o que?! O que pensa que está fazendo?! – Perguntava enquanto colocava minha mão sobre sua testa.

- Estou checando sua temperatura. Para você me elogiar assim você deve estar ardendo em febre... Hum, até que não.

- Deixa de ser tola. Agora não posso elogiar também é?

Ao descer minha mão, rindo da reação dele, ela esbarrou num colar de contas que ele tem no pescoço. "Estranho, nunca reparei que usava isso. Talvez minha raiva constante a ele me cegava". Por reflexo, ele pegou minha mão com a sua que estava enfaixada.

- Tome cuidado.

- Desculpe. Nunca notei que usava isso. É de alguma grife ou algo do tipo? – Tentei suavizar o assunto, porém ele ficou sério e não se deu o trabalho de me responder.

- Só termine o que começou e vamos embora. Amanhã teremos um dia cheio.

- Hai.

Ficamos em silêncio o resto do tempo em que cuidava da mão dele.

Logo depois descemos até o andar inferior e por incrível que pareça, nem eu teria acreditado se eu mesma não tivesse presenciado – Inuyasha Taisho: o mandão, o baka, o cretino que me fazia chorar há semanas estava segurando um pano, de joelhos ao chão limpando sua própria poça de sangue. Graças a Kami, Totousai Sama não subiu aqui em cima, do contrário ele teria criado mil teorias. "A fama do Inuyasha com ele não é das melhores... na verdade com todo mundo."

Voltamos a minha sala, pegamos nossos pertences e seguimos para o elevador, descemos até chegarmos ao hall de saída da Takeda Inc. – ainda no completo e total silêncio.

Ele realmente ficou bravo por eu indagar sobre o colar dele? Não seria para tanto, era até bonito, tinha umas pequenas pérolas escuras, arroxeadas não sei... com alguns adereços que pareciam caninos. Bem rústico. Não sei porque ele grilou, e com certeza não sei porque isso me deixou tão curiosa.

- Tenha uma boa noite, srta. Higurashi. – Foi a última coisa que me disse ao se separar de mim e ir em direção ao estacionamento enquanto eu ia sentido ao metrô.

- Boa noite sr. Taisho.

**CONTINUA**

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