Kagome POV
Graças a Kami que já está quase na hora de terminar o expediente! Não acredito que vou poder chegar no meu apartamento, tomar um bom banho, beber um vinho... Hoje não tem como ele querer ficar até mais tarde! O Mirok já deu o aviso ao Sr. Takeda das inúmeras horas extras que estou fazendo. Com certeza Inuyasha já deve ter sido informado a respeito, já que está com a cara mais carrancuda do que o normal.
- Ei você vai despachar essa documentação ou vai ficar aí sonhando acordada?
- Já estou enviando. – "Chato mandão."
- Keh, você é avoada mesmo. Sabe que para conseguir algo maior, chegar ao topo não deve ficar devaneando e pensando na morte da cabrita?
- Hum, não parece, mas já tenho a minha meta planejada. Conseguir minha efetivação e solicitar minha transferência para a filial de NY. – Ai ai... nunca esqueci dessa cidade quando eu e minha família fomos visitar meu tio Konan alguns anos atrás.
- Nova York? Você sonha alto mesmo. Tem razão de ficar aí com a cabeça nas nuvens. Deve manter os pés no chão se quiser chegar perto disso; e para começar seria fazer a análise do layout do programa novo, conferir sua tradução de coreano que está incorreta e me encaminhar as planilhas com os valores de todos os gastos de marketing das nossas filiais dos últimos quinze dias. Além de um café preto sem açúcar. – Nisso ele já sentava na minha cadeira, na minha mesa novamente e sem olhar para mim, acessava o meu computador e ainda quer que eu busque café para ele?!
- Você sabe muito bem que isso pode ser feito amanhã, porque não sei se você se lembra, o expediente já está terminando e todas as outras filiais já encerraram por hoje e...
- NÃO ME INTERESSA KAGOME! – Levantando e batendo as mãos sobre a mesa. Quem esse merda pensa que é? Causando um certo arrepio na minha espinha. – Vamos ficar até quando eu ordenar. Agora vá e me traga o café!
Não conseguia controlar minhas lágrimas, não sabia se era de medo pela sua voz grave e de seus traços youkais aparecendo – hoje com maior evidência - assustadoramente nele, de raiva pela sua chatice e desdém ou indignação dele pela falta de bom senso... talvez fosse tudo isso combinado. Cerrei meus punhos e saí porta afora praticamente correndo, minha sorte que não tinha mais ninguém no departamento – já tinham todos descido para o saguão para irem embora. Minha vontade era essa também, e na verdade o fiz!
Passei sorrateiramente pela mesa da Yuka – porque o grosso não queria minha bolsa e minhas coisas na sala além dos meus livros, porque dava trabalho tirar – peguei minha bolsa e desci pela escada até o próximo andar para pegar o elevador, contando com a chance de ele não perceber. Embora o parvo seja um meio-youkai e incrivelmente inteligente.
Mas do que isso adiantava? Já se passaram cinco semanas que estou nesse inferno com Inuyasha. Desde o primeiro dia ele me atazana, o que ele quer mandar e desmandar nos outros ele desconta em mim. Houveram situações que até mesmo sem poder, ele demandava tarefas aos outros sem perceber. Todos no prédio já sabem a fera esnobe e cretina que é. Ninguém se atrevia a direcionar uma palavra a ele, todos se afastavam a qualquer custo.
Fazem três semanas que chego em casa quase meia-noite porque o bonito sabichão tem carro para ir e voltar a hora que quisesse! Eu tenho que pegar metrô, e ele sabe como é andar de metrô? Com certeza que não! Sem falar dos meus sábados e domingos que ele me intimou a vir.
Nunca é educado comigo ou com ninguém! Ainda que eu bato de frente com ele, Inuyasha me lembra que é meu superior e que estou sob sua avaliação. Mesmo depois daquele dia que Yuka nos trouxe o almoço, ele anda ainda mais estranho comigo.
Será que essa minha efetivação e sonho de ser transferida para NY valiam tanto o que aquele crápula está fazendo com meu psicológico? E porque raios não arrumaram a sala dele ainda? Merda!
Ele quer café? Que vá para o raio que o parta e ele mesmo faça!
"Mas que escadaria escura!" Pensava enquanto quase tropeçava nos meus próprios pés. Culpava a luz, mas na verdade eram minhas lágrimas que deturpavam minha visão.
Consegui chegar no andar inferior do nosso com sucesso, tendo êxito de não beijar o chão. Isso seria um problema danado! "Graças! Andar vazio!" Fui direto ao elevador e apertei o botão para chama-lo. Ainda dava tempo de sair sem ele me ver. Ah como queria acreditar nisso... Ele que se atreva a me desafiar no estado que estou pra ele ver!
- Higurashi, algum problema? – Ah que ótimo. Justo a pessoa nessa companhia inteira que não queria que me visse dessa forma.
- Konbanwa Houjo. – Falei apenas num sussurro.
- Porque está esperando o elevador nesse andar? Você está chorando? Aconteceu alguma coisa?
- Nada do que eu não pudesse resolver Houjo. – Não estou com paciência para gentileza agora. Anda logo elevador!
- Andou brigando com seu namoradinho hanyou?
Estava centrada olhando para o elevador, mas não contive à mais uma carga de fúria que estava subindo em mim e olhei para ele de forma que se eu pudesse soltar lazers pelos meus olhos ele já era.
- O que você disse?
- Fazem semanas que ninguém vê você sozinha sem o tal de Inuyasha, ficam para baixo e para cima, toda Takeda Inc. comenta. Até mesmo seus "coleguinhas" se queixam pelos cantos sem a companhia de sua preciosa Kagome. Mas é claro que você sabe que são vistos com bons olhos pela diretoria, uma vez que ele está tentando pegar uma cadeira que é para ser minha e está ficando com algo que também será meu. – A cada palavra que dizia, chegava perto de mim de uma forma insolente e bem indecente.
- Já falou para ele de nós Kagome? – "Não me toca Houjo e não há nós" Porque estou sentindo mais medo dele tocando meu rosto do que o Inuyasha gritando comigo minutos atrás? – Ou por acaso nesses dias que vocês ficam até tarde sozinhos nesse edifício imenso, você além de planejar a ascensão dele na diretoria por minhas costas, você da mesma forma faz uns servicinhos extras para conseguir sua "efetivaçãozinha"? Hein Higurashi?
- Acho melhor você tirar as suas mãos nojentas da srta. Higurashi.
Quando olho de volta para o elevador, o mesmo já havia chegado e com as portas abertas: Inuyasha está lá paralisado com os olhos fixados em Houjo de forma mortal.
**CONTINUA**
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A Outra Face
FanfictionEle entrou, mais uma vez em um prédio na esperança que finalmente conseguisse seguir a carreira tão sonhada, mas que sempre foi interrompida pelo seu, que seus pais diziam, "temperamento difícil". No amor realmente tudo é paciente, tudo é bondoso? N...