A Outra Face

Conexão

Aquele final de semana prometia ser um período de descanso e renovação de energias para Kagome. Não só por poder visitar sua família após semanas, mas também poderia retomar um pouco seu treinamento de sacerdotisa com seu avô e, consequentemente, indaga-lo sobre algumas questões de youkais (mais precisamente meio-youkais), que estavam deixando-a atordoada e cheia de teorias por dias a fio.

Como o tempo era curto e precioso demais, acrescentando o fato de que era um trajeto razoavelmente longo, acordou bem cedo naquele sábado nublado de início de outono e foi direto a estação de trem Japan Railways Shinkansen. Lá ela pegaria o trem para a primeira parada em Saku-daira e de lá mais um que a levaria para Shinanokawakami. Em torno de duas horas e meia depois – por sorte não haveriam atrasos, Kagome chegaria a essa charmosa cidade onde alugaria um carro e pegaria a estrada por mais uns vinte minutos. Chegando finalmente ao vilarejo onde sua família residia já alguns anos: Kawakami. Um pequeno vilarejo localizado na montanhosa província de Nagano. A nascente do rio Chikuma, o maior rio do Japão, fica em Kawakami. Este fato em especial, é um ponto de orgulho local, visto que aparece em várias canções escolares.

Kagome estava ansiosa para estar em casa junto de sua família. Sentia saudades imensas da comida de sua mãe, que além de ser uma chef impecável, amava cozinhar – principalmente quando sua primogênita ia visitá-los. Dessa maneira, Kagome não havia jantado muito bem na noite passada e tampouco havia comido descentemente no trajeto de Tóquio até o vilarejo. Somente um lanche leve e alguns cafés seriam suficientes.

Ela sabia, que não era apenas só por esse motivo a falta de fome, a mensagem que ela havia enviado por impulso ao seu superior na sexta à noite, informando que já tinha comprado os bilhetes e que visitaria sua família no dia seguinte; é o que a deixava mais inquieta.

-- WhatsApp on --

Kagome: Boa noite Inuyasha, estarei viajando amanhã bem cedo para Kawakami.

Tem certeza mesmo que posso ir?

Inuyasha: Boa noite Kagome. Porque está me perguntando?

Kagome: ... Queria só a confirmação que estaria tudo bem se eu fosse...

Inuyasha: Keh, não seja boba. Eu disse que não tinha problemas e que tínhamos adiantado muita coisa.

Agora, visite sua família e segunda retornamos ao trabalho duro. Mais alguma coisa?

Kagome: Não... era só isso mesmo... Você... vai viajar também?

Inuyasha: Não. Boa noite Higurashi.

Kagome: Boa noite Sr. Taisho.

-- WhatsApp off --

Se sentia uma boba e idiota por mandar tal mensagem, ainda mais pelo jeito frio que ele respondeu. Porém, como que ela não via sua família há semanas, no mesmo período rigorosamente todos os dias, ela tinha contato direto com Inuyasha. E depois o que aconteceu com eles essa semana, não podia negar que estava preocupada com ele. A história que ele contou do Takeda parecer compassivo e pedir que ela não se inquietasse sobre o Houjo, estava mal contada. "Ele está me escondendo alguma coisa" - pensava.

Taisho nunca mencionava sua própria família, amigos ou alguma atividade que gostasse de fazer. Ela apostava todas suas fichas que ele iria para o escritório, não tinha dúvidas! Cogitava até em mandar uma mensagem para ele mais tarde, fingindo ter esquecido de anotar alguma tarefa para segunda-feira, só para ter certeza que ele estaria lá.