39 - Família Grande

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Deve ser dez da manhã

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Deve ser dez da manhã. Eu estou deitada no chão da varanda, com roupas que não são minhas. Pandora está sentada na cadeira, com uma xícara de café que parece estar queimando com tanto vapor que sai enquanto ela assopra. Eu não peguei café. O sol está mais ou menos. Quente, mas o vento traz um ar fresco para varanda. Nós duas estamos agindo como se morássemos em um lugar remoto e eu não precisasse voltar para casa, mesmo que eu não saiba exatamente o problema em passar mais dez minutos na fantasia "não existe mais nada no mundo além da paz de é estar aqui, depois de ontem".

Estou absorvendo depois de um dia lotado. E isso não é ruim. O dia lotado me esvaziou de coisas que me sufocavam e está me proporcionando ter na mente unicamente o momento.

Pandora bebe um gole de café.

Uma das suas pernas está com o pé na cadeira e a outra está estirada. Ela ri baixinho.

— O que foi? — pergunto, virando o rosto.

— Tô digerindo de uma forma que me parece uma primeira vez.

— De tão ruim?

Cale a boca, Gênesis. Posso te confessar uma omissão minha?

— Vai.

— Eu tinha colocado... hum... ficar com tu, desse jeito. Não escrevi explicitamente, nunca ia ter coragem. Nem tinha noção dessas coisas. Influência dos filmes. Não me julgue — pede e eu a fito. — Eu não cumpri. Claro. Tu não é a minha primeira vez de verdade.

— Quem foi sua primeira vez? — pergunto, curiosa.

— Não faço a mínima. Fui imprudente pra caralho. Era uma garota bem mais velha, da faculdade. Não foi... tão bom — faz careta. — E ontem eu senti o mesmo nervosismo de primeira e foi... tá sendo uma coisa bem difícil de digerir porque foi muito melhor.

— Não é novo pra você, besta.

— Fico feliz que eu não tenha cumprido a lista. Não conseguiria imaginar algo melhor que ontem ontem.

— Hoje, na verdade. Eu também gostei.

— Acho que esse é o melhor, né? Nós duas gostamos. Apago da minha mente nunca.

A gente ri.

— Caiu a ficha de umas coisas ontem. Era eu? No "eu não quero beijar ninguém que não seja ela"?

— Meu Deus, Gênesis. Só ontem? Só ontem?

— Não posso?

— Não, Gen. Não era tu. Besta.

Eu cubro o rosto, gargalhando.

— Meu Deus, Pam. Que... Não acredito.

— Sério que tu pensou em outra possibilidade sendo que, se eu tivesse alguém nesse nível, tu saberia? Besta mesmo.

A Origem de GênesisOnde histórias criam vida. Descubra agora