22 - Maré Baixa

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Nenhuma de nós tinha uma cama de casal

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Nenhuma de nós tinha uma cama de casal. Tipo, óbvio. Não é como se precisasse. Sempre tinha uma rede ou um colchão inflável, mas para Pam, tinha dois problemas. Ela tinha medo de, hum, a rede balançar sozinha. Tipo, fantasma. E no chão, morria de medo de um bicho dormir na coberta com ela. Se eu me oferecia pra ficar na rede ou no chão, ela se recusava e dizia que estava tudo bem (não estava). O resultado era uma Pandora sem dormir, cheia de olheiras. A resolução foi dormir juntas, na cama. E a cama sempre coube. Mas, em algum momento, na puberdade, ficou cada vez mais apertado e Pam começou a dormir em cima de mim.

Não foi uma decisão elaborada.

Foi simples. Eu não me sentia confortável dormindo no peito dela. Ela se ajeitava fácil. Só não sei exatamente como aconteceu, mas é a primeira vez que estou deitada nela. E é confortável. Na verdade, Pandora soa confortável como antes. Ela passa os dedos pelas minhas costas, acariciando até eu dormir. Também não me lembro de ter avisado para o meu pai que dormiria fora. Não importa.

E talvez seja o modo como minha mente está, menos sobrecarregada, que me faz não dar importância tanto para minha dor de cabeça.

Ou a vontade de nunca mais sair de casa.

Pelo menos, não vomitei. Eu acho.

Em contrapartida, passei vergonha em brincadeiras idiota e... beijei Pandora. E disse que gostava de garotas.

A Origem de GênesisOnde histórias criam vida. Descubra agora