A Origem de Gênesis

Entrevista com: "A (ou o) locutora"

Boa noite! Essa é a rádio Submersa e nós estamos prontos para a próxima entrevista! Tudo bem, vocês, ouvintes, estão notando uma voz diferente liderando a rádio dessa vez, não é? *risada* Em uma edição super especial estou aqui para entrevistar nosso querido Jacques Salazar Amaral.

[Jacques] Eu vou acabar com você.

Shh. Eu sou Morgana Pellegrino, direto de Acadia, e estou preparada com perguntas para vocês descobrirem um pouco sobre nosso locutor favorito, que também é filho único do prefeito.

[Jacques] MORGANA!

Você não pensou que ele se entrevistaria sozinho, pensou? Não teremos manipulação. Lembrando que tudo está disponível no site da rádio e você, que possui deficiência auditiva ou não quer escutar nossas vozes, pode ler a entrevista em forma de texto!

[Jacques] Fala sério, Morgana. Esse treino está péssimo. Ainda bem que não está no ar. Refaz.

(Mensagem adicionada após publicação no site: narrador: estava no ar.)

[Morgana] Censura.

[Jacques] Vai, vai começar.

OLÁ, PESSOAL! Eu sou Morgana Pellegrino, direto de Acadia, e estou aqui para entrevistar sua locutora favorita de rádio! Jacques Amaral. Apesar do seu nome ter um teor français, Jacques é 100% brasileira. Na verdade, hoje a gente vai saber mais que isso, para que possam adentrar um pouco na vida da Sr. Amaral.

[Morgana] Oi, Jacques! Tudo bem? Se Nova Atlântida não tem um gentílico, diga o teu!

[Jacques] Eu sou tocantinense. Meu pai, que não vou citar nome, veio com toda a merda de política e a gente mudou pra cá.

[Morgana] Tu tem um irmão, não tem?

[Jacques] Sim! O Sullivan! Ele é meu irmão mais novo. Gosto de falar mal dele, mas é o amor da minha vida. Amo esse pirralho e ele é um garoto incrível, meninas. Pode confiar. Tô botando meu nome no meio.

[Morgana] Eu, examinando os comentários do site, achei uma dúvida super frequente: o que você é? Sim, muita gente estava confusa por você usar dois pronomes.

[Jacques] Eu sou lésbica. Essa é a primeira informação que você precisa saber sobre mim. É minha característica mais notória *risada*. Apesar de eu não ser andrógina, minha conformidade de gênero é diferente. O fato de eu ser lésbica me faz diferir da mulheridade de mulheres hétero ou monodissentes. Minha relação é diferente. Eu me entendo como uma mulher não-binária. E eu não me importo que você me chame no masculino ou no feminino. É minha forma de me expressar e me sentir bem. Claro, isso não anula a leitura que as pessoas têm de mim.

[Jacques] *sussurro* tô falando demais?

[Morgana] *sussurro* Não, fica fria.

[Jacques] E sempre que uma pessoa descobre sobre isso, ela fica me enchendo o saco. É tipo "nossa, se você usa pronomes masculinos então você é um garoto trans" ou "nossa, essa é a maior bobagem criada!". Eu odeio isso tudo. Minha forma de se expressar e me entender é diferente. Só que sempre há uma regra. Eles jogam todo mundo em uma caixinha. Se você é lésbica, você precisa fazer tudo que a lésbica que eu conheço faz ou não é válida. Se você é não-binário, precisa agir como fulano. Nossa sexualidade ou identidade nos une como uma comunidade, mas isso não significa que somos iguais em gestos, atos, gostos... Eu ser lésbica e usar pronomes masculinos não te dá autorização de chamar outras lésbicas assim. Assim como não dá o direito de usar minha vivência como verdade universal.

[Morgana] Tu fala tão bem que me deixa nervosa, céus.

[Jacques] Obrigada. Você também tem essa sensação por ser uma garota pansexual, não é?

[Morgana] Pra caralho. Acho que as pessoas não entendem que, se você é uma pessoa fora do padrão, tudo é um ato político. O termo carrega uma força. Assim como pessoas decidiram que se denomariam bissexual e carregaria o peso do movimento, eu me entendi como pan. Rótulo é chato pra vários, mas esse é o nosso meio de reivindicar algo. Nosso lugar.

[Morgana] Jacques, por favor. Não acredito que tu está me olhando como se tu estivesse me entrevistando.

[Jacques] Força do hábito. Mas é isto, usem ele ou ela. O que vocês quiserem. Tá tudo bem pra mim. Para os outros, pergunte e não me envolva.

[Morgana] Agora conte seus gostos.

[Jacques] Mulheres. Rádio. Banho de sol. Você.

[Morgana] *pigarreio* Não flerte comigo de brincadeira, gatinha.

[Jacques] Eu faço publicidade na Universidade de Nova Atlântida. Digamos que eu tenha um talento nato. Eu tenho uma melhor amiga incrível, a Dorinha. Eu preciso guardar um espaço só pra ela em todas as minhas entrevistas. Amo você, Pandora. Para de ser sonsa!

[Morgana] Ela não é a garota que tu me contou que... (texto censurado após edição).

[Jacques] MORGANA!

[Morgana] Oi, Pam. Tu provavelmente não me conhece, mas por favor, você sabe, eu sei. E olha que eu nem tenho envolvimento com essa história toda.

[Jacques] A Gênesis escuta a rádio, pelo amor de Deus.

[Morgana] Se entregou sozinha. Não tô falando dela. Estou falando da relação que encontramos nos comentários dela com a minha namorada. Aliás, Eos que me pediu pra participar. O pai dela é daqui, né? E acho que estou em um nível que não consigo negar nada pra ela. Beijo pra minha namorada!

[Jacques] Babaca.

[Morgana] E tu está desviando da tua entrevista.

[Jacques] Não sou uma lésbica multitalentosa. Isso deixo pra... céus, pare de me olhar assim. No momento, estou solteira. Com uns rolos aí. Porém sempre cabe mais um. O que me leva a dizer que sou não-monogâmica. Céus, odeio falar sobre mim. Esse não era o combinado. Sou um cupido meia boca, mas faço minha parte. Chega, pronto.

[Morgana] Quer as perguntas?

[Jacques] SIM! Pelo amor de Deus, SIM!

[Morgana] Ótimo. A primeira, anônima, está perguntando se você e Pandora tiveram algo.

[Jacques] Não. Ela é como uma irmã pra mim. A gente nunca teve nada e nunca senti nada. Diferente de outras pessoas.

[Morgana] A próxima é do próprio prefeito de Nova Atlântida. Ele está perguntando o motivo de você estar o difamando na sua...

Conexão perdida.