Ninguém nasce em Nova Atlântida.
Isso mesmo. Ninguém nasce em Nova Atlântida.
Estou dizendo isso porque a gente não tem um gentílico. Somos tipo invasores, mesmo que aqui não tenha nem tanta biodiversidade ou jóias preciosas assim pra ser um lugar de interesse. Se minha mãe lesse meus pensamentos, ela já teria me acertado com uma panela. Mas sim, não há nenhum animal especial em Nova Atlântida — mesmo que Dom Paulo, do mercado da rua debaixo, jura que vê capivaras (não há capivaras aqui, devo frisar). Não há um cartório. E mesmo que haja um hospital para atendimento de urgência e consultas mais bobas, os casos de nascimentos não são registrados aqui em Nova Atlântida.
Eu, assim como meus pais e 90% da minha família, somos matogrossenses. Confusão e mais confusão, meus pais se separaram e meu pai veio parar aqui. Minha mãe, grávida, em determinado momento também surgiu com um bebê no colo — a Gênesis. No fim de toda uma bagunça, os dois resolveram morar aqui. Mais fácil para cuidar de uma filha e essas coisas. Mesmo que um esteja na ponta da ilha e o outro na outra.
Eu poderia apostar que em uma única rua tem uma pessoa de cada estado brasileiro. Juro. É por isso que as primeiras ruas criadas são divididas entre estados, o que é tosco porque eu moro na rua paulista e não tem nenhum paulista aqui.
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A Origem de Gênesis
Teen FictionGênesis tinha vários objetivos para o seu ensino médio, bem organizados em uma to do list. Só que alguns, em especial, eram mais importantes. Primeiro, entraria para o tão sonhado grupo de cheerleaders Furiosas do colégio Quartzo. Segundo, ficaria b...