Meu encanto pelas festividades é duradouro. Te aguardo entre as pessoas. Elas estão coloridas, se fantasiam do que não são.
Eu quero rir, estou feliz. As cores dançam ao redor de mim, no ritmo da música. Elas têm minha atenção. Também quero me balançar.
Sinto que estou sendo envolvida por algo, laços invisíveis se enrolam em mim, são como fitas de cetim, seda em minha pele. Estou confusa, meu coração bate estranho, batidas descompassadas. Dois corações em um.
Confetes caem e eu o encontro. Metros e pontos coloridos nos separam. Ele tem uma boca vermelha eternizada em um largo sorriso, mas não há sorriso nele. Branco em sua face, pálpebras azuis. Oh, ele está fantasiado.
Deslocado, ele parece estar em preto e branco em um mundo policromado. Ele me olha, sua cabeça pende para o lado e ele dá um passo para trás. As fitas são puxadas sutilmente com o movimento e eu tenho medo delas se romperem se nos separarmos muito.
O medo só está em mim. Ele me dá as costas, querendo ser engolido pelas cores brilhantes. As fitas se enrolam no meu coração e eu não tenho certeza se o dele também está doendo.
O carnaval perde o brilho, apenas penso nele, apenas quero ele. Como poderia me divertir? Eu o sigo. Ele se afasta de todos, está cada vez mais distante. Não entendo, para onde ele está indo?
A música tocando engole minha voz. Ele não me ouve, continua se distanciando. Sinto uma nova fisgada em meu peito. Lágrimas flutuam na minha visão, embaçam o momento em que ele para e se vira para mim. Estamos sozinhos.
Ele me encara, sem expressão. Deveria me deixar com medo, mas é ele. É ele.
Fico parada, esperando. Ele dá o primeiro passo em minha direção, hesitante. Seu rosto ainda está sem expressão, apenas o sorriso pintado mostra algum sentimento.
Quanto mais ele se aproxima, mais sinto as fitas se enrolarem em mim, me apertando ao invés de aliviar.
Vazio. Ele está de frente para mim, seus olhos são ocos, buracos profundos querendo me sugar para dentro.
O aperto fica insuportável, é cortante e dói tanto. Meu corpo quer alívio, meu coração sendo picotado a cada segundo e eu quero que acabe logo.
Seus braços mortos se erguem. Ele me envolve em um abraço. Meus olhos se fecham, me sinto ir para longe. Ele me aperta mais e mais...
Por: Evil Ax
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Contos para se alegrar: Porque do Carnaval ninguém escapa
Cerita PendekA grande folia que os brasileiros amam chegou nos contos. O projeto flor de Lótus reune contos diferentes de diversos autores para falar sobre essa festa que simplesmente não sai da boca do povo. Tem muita diversão, alegria, fantasia e sentimentos i...