a eternidade de dois dias

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Eu não sei quando eu dormi.

Eu me sinto bem hoje. Isso foi bom. Energias boas. Mas eu ainda sinto que se eu parar dois segundos e permitir que minha mente me fale o que ela quer tudo entra em declínio.

É o que tá acontecendo agora.

Eu odeio sentir isso. Eu não tenho motivos.

Win.

Eu não sei quando devo parar de ler. Talvez agora ou daqui a pouco. Sabe, pode ser que numa das cartas ele diga onde foi.

Tenho que me policiar mais. As coisas estão saindo do controle. Eu estou com medo. 

E merda, eu não consigo entender. Nada, nada e nada... Fazem agora dois dias que você sumiu. Sem celular.

Eu aposto 10 baht que você levou uma mochila e dinheiro que economizou fazendo não sei o quê. Você apostaria 11 baht que eu estaria surtanto agora mesmo. E é, você tá certo.

Ninguém tem notícias suas.

Um homem invisível. Um oceano de paz.

É isso. Você conseguiu. Estamos todos fodidamente preocupados. Sua mãe já chorou horrores e sempre que me vê ela chora mais, se em mim dói, o que ela sente deve ser insuportável.

Tenho certeza que não pensou nisso. Que você só foi e não disse nada. Que você pensou que seria melhor assim e que tudo ficaria bem. Porra Metawin, não é assim! Não estamos bem sem você, estamos preocupados e... E pensando o pior.

Merda. Você está cansado e ferido. Profundamente ferido e eu não vi... Eu não vi. Você tava gritando do meu lado e eu não vi nada.

Que grande amigo. Que ótimo amigo.

Porque eu queria ver as estrelas por uma noite toda.

E eu as veria do seu lado. Só, por favor eu não quero ficar sem você. Eu sei, eu sou egoísta e quero sempre tudo pra mim, um filhinho de papai idiota que só enxerga a si. Foi por isso que te perdi. Porque só vi meu mundinho decaído e esqueci que tem alguém do meu lado que sempre sorriu e que falou besteiras.

Droga, eu te amo... Eu... Eu sinto sua falta.

Não é como se você tivesse saído pra uma viagem de alguns dias é como se de repente não houvesse um sinal sequer de você. E não há. Não tem telefone, não tem data, não tem bilhete, não tem nada. A não ser os malditos poemas e cartas e fotos na caixinha.

O meu peito dói. Eu sequer consigo pensar. Porque pensar dói. Eu acho que chorei nessas últimas vinte e quatro horas o que nunca chorei num ano inteiro.

— Não chore, meu patetão. — você diria.

SOBRE POEMAS AMASSADOS NUM DIÁRIO VELHO. brightwinOnde histórias criam vida. Descubra agora