chega de mentiras, tiraremos tudo á limpo, mas, ainda não é agora

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— Eu sei que você pegou a caixa.

Eu estava na casa de Win, no quarto dele, e não, eu não bati o carro e quase me matei ao chegar em casa, mas isso pouco importa. Eu nem sei o motivo de qualquer coisa conseguir me afetar tanto. Eu sou um personagem defeituoso.

— Parabéns, — eu ri sem qualquer humor real, me ajeitando na cama — finalmente o tão esperado tópico. Metawin ataca novamente!

Minhas palavras são detestavelmente idiotas, mas não é como se algo em mim fosse diferente. Ele me olhou profundamente, cruzou os braços para segurar as pernas rente ao peito e esperou.

— E então?

— Você é um excelente poeta. — eu falei merda, eu sempre falo. Falo e faço, nem por um fodido milagre agora seria diferente. — Sua escrita e descrição dos amigos também é magnífica.

Ele não demonstrou qualquer reação.

— Leu tudo.

— Não não, me resta ética, ao menos um pouco. Não li todas. — balancei as mãos, ele suspirou e tomou novamente seu ar sem vida para a voz.

— Então?

— Que porra você queria fazer? — eu não deveria ser tão agressivo, não nesse tom. Ele engoliu minha pergunta mas eu não o permiti falar, — Tava todo mundo preocupado. Todo mundo ao teu redor enquanto escrevia isso. Eu chorei dias e dias, sua mãe chorou, teve crises e pesadelos, todos se preocuparam com você!Mas não, — eu joguei as mãos para o alto e me levantei, ele seguiu-me com o olhar — você estava seja lá onde! Com seja lá quem fosse. Foi até o mar? Foi fumar e caiu numa briga depois de beber até os miolos? Em Metawin?!

Alterado. Eu estava alterado, eu iria explodir e se eu não saísse eu faria uma merda muito difícil de concertar.

Agora ou nunca.

— Quer saber...? Foda-se o que você tava fazendo. Não me interessa, né? É. Realmente. Mas saiba que eu tô aqui se precisar de qualquer coisa. — eu estava prestes a sair, ele não moveu um músculo sequer, a caixa estava de volta com ele porque eu a devolvi sem ele ver momentos antes. Eu iria embora mas ele precisava saber disso, eu precisava dizer isso — Sempre. Estive. Cada dia, cada segundo, sempre.

Antes que eu saísse ele falou, quase pra si, mas eu ouvi.

— Pensa no que eu senti? Eu nunca ouvi essas palavras, o que imagina que eu pensei?

— Metawin eu tô indo embora porque não quero explodir e falar mais merda do que já falei. — expliquei, a voz triste demais e irada demais — Não quero te machucar mais ainda — nem me machucar. — Se você queria as coisas assim, pronto, são assim.

— Não deveria ser assim. — ele disse com uma calma dolorosa na voz.

— Mas é. Engraçado, né?

Eu me sinto falando coisa com coisa.

— Eu já vou. Não me procura ao menos que esteja pronto pra explicar essa merda toda.

Eu sou um covarde, sessão de xingamentos é considerado terapia perto de toda a merda que eu faço. Mas ao menos nisso deu certo. Eu não explodi com Win, mesmo porque ele não tem culpa de eu ser um merda que não sabe se comunicar.

SOBRE POEMAS AMASSADOS NUM DIÁRIO VELHO. brightwinOnde histórias criam vida. Descubra agora