"Eu estou escrevendo essa carta... porque... Sei lá. Eu não sei mais o que fazer, entende? Não sou o Win Metawin que tantos amam e têm expectativas, o líder perfeito, o que terá um grande futuro.
Olha, me desculpa se você tá lendo essa carta. Ou se...
A temperatura da água pela noite sempre me surpreendeu. Na praia ela é quente pela noite e no meio do nada ela é fria, geralmente. Tomar banho na praia pela noite parece uma boa. Vou lembrar de anotar isso nas coisas que posso fazer antes de morrer.
Eu senti um arrepio. Antes de morrer.
Que horas são isso? Dez da noite?
— Uma e trinta. Parece que me perdi.
Sim, e muito. Win diria seguido de um sorriso.
Merda, merda, merda! Eu sinto tanta falta dele.
Eu preciso ver as estrelas durante uma noite toda. Preciso andar sem rumo. Perder tudo. Tudo.
Não era pra você ir assim. Se é que você foi. Eu... Eu não tive tempo. Você escrevia cartas e eu estudava, você se martirizava e eu... Eu nem sei o que eu fazia enquanto isso.
Sabe eu percebi que existe duas pessoas no mundo que o sorriso me deixa desnorteado. Um é a mamãe. Dois é o Bright.
O sorriso da mãe é doce. Sempre solto, igualzinho o meu. Já o do Bright é um pouco difícil. Ele é mais fechado e só sorri quando a piada é muito boa ou quando a gente tá sozinho.
Win.
E depois uma foto. E no verso: Ele e sua cara de pateta (Win e Bright)
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Ele sempre gostou de me chamar de pateta.
Puxei outro papel e senti o peso do que ele havia escrito.
The Lonely Biscuits é uma boa banda. Mas o que acompanhou o momento não era tão bom. Eu me sinto cada vez mais triste, tenho pesadelos toda santa noite e... É detestável dizer mas tenho tido crises... Crises estranhas.
Eu não sei dizer o que eu sinto mas isso me sufoca e eu preciso correr, preciso chorar, preciso falar mas nada vem. Tipo, é como sentir tudo, tudo desabar e ao mesmo tempo tudo estar no seu lugar.
Eu não tenho motivos pra isso. Não tenho. Mas eu sinto. E é horrível. Desde então eu evito ouvir The Lonely Biscuits. Porque me faz lembrar disso. Desse negócio. Espero que o Bright entenda. Ele gosta de The Lonely Biscuits.
E não, eu não tinha entendido mas aceitei.
Mas eu ainda lembro daquele dia... Nós estávamos jogados no pátio da faculdade, você puxou meu café e tomou, depois se apossou dum lado do fone. Tocava Teenage Dirtbag do Wheatus, depois Tomorrow do Scrubb, e aí veio Talk About do The Lonely Biscuits. E você imediatamente rejeitou o fone e voltou a tomar café. Claro que eu não tinha entendido. Claro que não. Achei que tinha enjoado da música.
Achei errado. Bem erradinho.
Sabe as coisas caminham numa energia tão triste e eu reconheço que isso é culpa minha. Minha energia está fraca e triste, consequentemente (que palavra estranha de escrever á mão) o resto ao meu redor fica assim. Estranho. Triste.
Sabe ás vezes você só precisa soltar a mente até que não haja mais nenhum fio aqui. Não no sentido de desistir. No sentido de fazer uma faxina em si. Jogar fora e queimar.
Sabe eu sei a porra dos meus erros mas eu trato eles como Os Meus Bebês então é punk me livrar deles. Que diaxo de expressão é essa Metawin??? Enfim.
Eu tenho bons conselhos mas não sei segui-los. Parece bem idiota.
Win.
Eu só quero entende o motivo de eu sentir meu estômago revirar, o meu coração bater tão rápido e tão devagar, a minha mente simplesmente deixar que tudo entra e saia sem realmente processar nada.
À essa altura eu nem sei o que pensar. São 3:53 da madrugada e seja onde estiver, esteja bem. Por favor.
