Faziam alguns meses que eu não tocava nessa caixa. Eu tive medo de tudo voltar, sabe? Mas acho que tudo deu certo porque eu estou escrevendo agora sem todas as sensações ruins de antes. Acho que Bright estava certo ao me pedir para extravasar minhas energias ao invés de me encurralar quando ficar triste. Fazem seis meses desde o susto que eu dei (peço desculpas até hoje) na minha família.
Você, pedacinho idiota de papel, e de sentimento quebrado, não é páreo (é pário ou páreo?, enfim) para o meu namorado o Super Brightie! Tá, isso foi boiola demais...
Tem levado um tempo até eu me acostumar com as mudanças necessárias, mas tem sido excelente acompanhar minha evolução.
Eu tô ligado que é muito punk superar suas dores psicológicas mas tudo vem da mente, tudo um dia foi mental. Da fruta que come até o botão da sua camisa. Isso significa que você precisa aprender usar esse instrumento tão delicado e simplesmente revolucionário. Foi um processo levemente demorado olhar pra mim sem ver tudo o que via antes. Angústia, vazio... E nem sempre eu vejo coisas boas, só que agora eu... Eu consigo selecionar se quero ou não aceitar um pensamento negativo, por mais insano que pareça escrever isso.
Eu tenho certeza de que não conseguiria sair de dentro de mim mesmo se não fosse o Bright me chamar pra conversar, insistir que aquilo não era saudável e que eu precisava de ajuda. Nem fodendo eu conseguiria vencer aquilo sozinho. E ainda não venci, mas estamos evoluindo.
Bom, sem delongas. Acabou, diário. Hoje você é parte de Poemas Amassados Num Diário Velho. Pasme, finalmente você é um diário kkk.
Eu vou cortar todas as dores que eu senti queimando você e eu realmente acredito nisso.
Daqui até a eternidade, meus profundos sentimentos. Me despeço aqui.
Obrigado por ser tão útil.
Adeus, Diário.
Eu olhei para Bright, ele estava jogado na cama lendo um livro para o seminário de quarta e ás vezes puxava o celular para anotar algo. Seus olhos desviaram do livro para os meus, eu me senti perder o fôlego com o carinho que demonstrava somente usando um olhar. Eu assenti.
— Terminei.
— É hora de meter fogo, né? — só Deus sabe o quanto ele estava animado para ver o Diário queimado, mania feia que tinha desde pequenino de botar fogo no que não gostava. Não sei como não incinerou a nossa sala no oitavo ano.
— Sim, amor. É sim.
Nós corremos até a cozinha para pegar um isqueiro e simplesmente não o encontramos, mamãe nos olhou extremamente desconfiada, até que não aguentou muito e se encostou no balcão observando nossa busca.
— O que vocês estão aprontando, crianças?
— Um isqueiro. — meu namorado contou, e a ouvi respirar fundo — Vamos queimar um idiota.
— Só espero que ele corra.
— Sem chance. Ele tá morto. — eu me virei só para ver a cara de espanto de mamãe, eu ri. Ele se apressou em explicar — Não! Eu não matei ninguém, Deus, Tia. Eu nunca faria isso. É um objeto. Objeto é inanimado, ou seja, tá morto. Entendeu?
— Não tem como uma coisa que nunca esteve viva morrer... — eu pensei, mamãe também pensou o mesmo, de forma que assentiu.
— Tá bom, a gente só vai incinerar aquela joça.
— Não no meu jardim. — ela alertou e nós repetimos em uníssono, como um juramento.
— Não no seu jardim!
Ela pareceu pensar se estávamos ou não jurando de verdade, mas simplesmente desistiu.
— Terceira gaveta tem um isqueiro reserva, não o percam.
Nós o pegamos e corremos para o quintal, na pequena parte ainda não tomada por graminhas. Bright me estendeu o diário e o isqueiro, como se segredasse que naquele momento seria mais importante se eu o fizesse.
Aquele diário carregava palavras pesadas e dolorosas. Eu queimaria todas elas.
Poderia parecer idiota mas pra mim era muito. Foi libertador senti aquele peso deixar as minhas costas. Foi uma sensação de alívio tão grande que me fez chorar. A mão de Bright escorregou pelo meu ombro num afago carinhoso, eu o estendi o isqueiro como quem diz "Sua vez", e me levantei enlaçando nossos dedos, ele se abaixou e reforçou um foco de chamas no outro lado do diário. Quando se levantou eu fui puxado para si com muito cuidado e abraçado. Eu senti um beijinho ser deixado em meus cabelos e não evitei abraçar sua cintura.
Acho que tem coisas que precisam ser jogadas fora, queimadas. Tem pensamentos que precisam ser descartados e substituídos por novos. Tem pesos que não precisamos carregar, sensações que não precisamos alimentar.
Esse processo de reconciliação com a gente mesmo pode ser demorado e desgastante, mas cara, nada se compara com a sensação de acalma que transborda quando tudo está feito. Ou até mesmo quando nos damos conta de que tudo está caminhando para onde queríamos.
— Você conseguiu — ele sorriu.
— Nós, Bright. Nós.
Não haviam palavras capazes de selar um "Eu te amo" mais profundo do que esse. Mas ainda assim ele quis dizer.
— A lua está linda hoje.
Eu faria uma piada dizendo que ainda era dia, mas então me lembrei que ele se referia á Soseki Natsume, num episódio em que ele havia traduzido "I love you" como "A lua está bonita hoje". Eu sorri feito um idiota e deixei um selinho em seus lábios.
— Está mesmo.
Bom... Fim.
hello besties!
eu terminei essa fic hj, era 12h e pouco. bom, eu não quero prolongar ela e eu assumo que por mais que pareça meio vazio, eu gostei de como ela ficou.
eu tive um declínio de humor antes de ontem, graças à ele eu tava na merda e consegui escrever os caps do brightie puto e triste. e ontem eu consegui por a cabeça no lugar e escrevi um pedaço do cap passado e desse. enfim ejfnejdh
obrigada por terem lido e não terem desistido quando eu dei uma sumidinha. obrigada pelos votos e comentários. obrigada por existirem :)
amo vocês, agora é focar em terminar outras fics! beijos!
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SOBRE POEMAS AMASSADOS NUM DIÁRIO VELHO. brightwin
Fanfiction"Eu estou escrevendo essa carta... porque... Sei lá. Eu não sei mais o que fazer, entende? Não sou o Win Metawin que tantos amam e têm expectativas, o líder perfeito, o que terá um grande futuro. Olha, me desculpa se você tá lendo essa carta. Ou se...