Na cidade, existia um trem de última geração, para você chegar aos distritos mais distantes, por dentro demorava dias até o 50, e o espaço aéreo não era seguro, então iriamos utilizar o trem para chegar até lá, doze horas sobre os trilhos magnéticos e quilômetros por hora.
Simon: parece tensa.
Zero: não gosto de lugares fechados.
Simon: eu sei, queria ir junto com vocês.
Zero: nem pense nisso, será muito perigoso.
Simon: hoje em dia tudo é perigoso, e eles que deveriam ter medo, temos você, lembra?
Zero: sim, mas eles não sabem, aliás, vai saber o que eles sabem ou praticam tão longe da cidade. E se eles tiverem uma tecnologia mais...avançada que a sua?
Ele olhou para o lado de fora da janela da sua sala, antes que nos despedíssemos e parecia ter lembrado de algo do passado, viajou nos pensamentos.
Simon: não existe nada mais avançado que você.
Senti uma certeza nas palavras dele, uma certeza que ele sempre tinha quando se dirigia a mim, peguei minha mochila o abracei e desci para junto do pessoal, onde iriamos para a estação.
Geppetto: que demora em coisinha.
Zero: Geppetto, hoje eu não quero discutir com você.
Ester: impossível não discutir com isso aí.
Brian: pronta?
Zero: sim e você?
Brian: sempre. Lembra do que eu te disse ontem a noite não é?
Zero: relaxa, eu sei me cuidar.
Brian: é o que vamos ver.
●
Duas horas tinham se passado e meu corpo estava começando a se incomodar na poltrona, por mais confortável que fosse eu não gostava muito de ficar parada.
Brian: posso me sentar aqui?
Ele disse olhando para a poltrona ao meu lado com dois copos de bebidas na mão, eu disse que sim, ele acionou os mecanismos das poltronas e abaixou as divisórias entre nós dois transformando as poltronas em uma espécie de sofá.
Brian: para você.
Zero: não quero nada alcoólico.
Brian: a isso é chocolate quente. Vamos passar pelos distritos trinta ao quarenta, lá é sempre frio e a temperatura aqui vai abaixar um pouco, e isso é bom.
Zero: obrigado.
Peguei o copo quente da mão dele, olhei a bebida dentro com um vapor quente tocando meu rosto, o líquido quente me fez relaxar da tensão que era ficar sentada ali por tanto tempo.
Zero: ainda falta dez horas, meu Deus.
Brian: você não consegue ficar quieta, não é?
Zero: quer dizer que eu não sei relaxar, não é?
Brian: bom em outras palavras.
Zero: eu sou sempre atenta, meus ouvidos são muito apurados, eu escuto muitas coisas, minha cabeça não para nunca.
Brian: por que não tenta?
Zero: eu tento.
Brian: tenta mesmo.
Zero: sim, mas agora não é um momento que eu quero.
Brian: acho que na verdade você não consegue.
Zero: Brian para de tentar me irritar.
Brian: desculpa, só queria tentar conversar com você, mas eu fico nervoso perto de você.
Ele falou olhando para o seu copo, e eu ficava olhando as tatuagens nos braços enormes dele, de onde veio tentar inspiração para esses desenhos?
Zero: doeu?
Ele me olhou confuso, um pouco meigo, meu coração acelerou, e eu desviei o olhar dos olhos dele.
Zero: as tatuagens.
Brian: não...nenhuma delas doeu.
Zero: qual delas você mais gosta?
Ele me olhou de cima a baixo, os olhos dele pareciam furar meu espírito, meu corpo todo arrepiou, ele passou a língua nos lábios e sorriu como se lembrasse de algo.
Brian: a que eu mais gosto está aqui.
Ele se levantou olhou em volta, não tinha ninguém no nosso vagão, levantou a camisa deixando a mostra tantos músculos que meu corpo tremeu na poltrona, e logo meu coração acelerou ao ver a tatuagem no seu peito esquerdo, dois olhos, um azul e o outro vermelho, cílios volumosos insinuando um olhar feminino, era os meus olhos. Não pude conter e toquei a pele quente de Brian para ver de perto e pude ver os batimentos dele aumentar quando ele sentiu meu toque.
Brian: perto do coração, onde eu quero que você fique para sempre.
Zero: você é maluco, o que sua namorada achou disso?
Brian: por falar na dona Rafaela, ontem a noite depois que sai do seu quarto, eu peguei minha moto e fui até a casa dela, e encontrei ela na cama com um dos meus soldados.
Olhei assustada para ele, pela calma que ele disse sem se importar, e ainda emocionada pela tatuagem, ainda estava com a mão em cima dela sem acreditar.
Zero: você é...
Brian: loco eu sei.
Zero: quando fez isso?
Brian: há dois dias, ta gostando de ficar com a mão ai não é?
Levei um choque de realidade ao perceber que estava com a mão nele ainda e abaixei as duas ficando brava, ele tinha uma mania de me deixar sem graça. Sai do vagão e resolvi ficar sozinha.
Ao chegarmos no distrito 50 levei um choque de realidade, aqui, eles deixaram todos os vestígios de humanidade, todos tinham partes robóticas, havia luzes, construções em direções diferentes para todos os lados, veículos sem nada de rodas todos flutuavam, dirigíveis passavam vinte metros de altura da sua cabeça, as suas eram muitas movimentadas, as propagandas em hologramas gigantes no céu, era um mundo totalmente diferente.
Zero: caramba!
Geppetto: chegamos na discoteca gigante.
Ester: esse lugar...
Zero: até agora eu não encontrei ninguém que não tenha partes robóticas ou não esteja com algum tipo de droga no organismo, caramba, que lugar é esse...
Brian: concentração, vamos!
Zero: já estamos sendo vigiados.
Brian: bem-vindo ao 50, só vai piorar.
Olhei em volta e vi os vários homens que se comunicaram quando nos viram, aquela estava caminhando para ser uma longa e estressante noite.
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_ZERO_
Science FictionMONSTRO Como eu deveria me sentir? Criaturas vivem por aqui Olhando através das janelas... Monster - Meg & Die