VI - Diferentes mundos colidem

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  Diferente do que Ruggie havia pensado, a garota ao seu lado não gritou, choramingou ou fez menção de escarcéu.

Aparentemente, ela havia poupado esforços a fim de olhar cada ambiente pelo qual passavam. Ele não tinha certeza se a moça buscava algum indício de estar sendo levada para um lugar perigoso ou se estava memorizando o caminho para caso precisasse voltar.

Eles ainda estavam mãos dadas, até que Ruggie finalmente diminui o passo e soltou-se dela.

A garota afastou-se um pouco mais e apenas o observou.

— Por que fez isso?

Aí estava uma pergunta pela qual Ruggie não tinha pensado na resposta.

— Não tenho certeza, não sou bom em pensar antes de agir. — respondeu ele dando de ombros.

Pelo olhar que ela havia lhe lançado, era evidente que não acreditava nele.

Bom, isso já não era mais problema dele. Ambos estavam a uma distância enorme de onde viram a última vez os guardas, então ela já deveria estar segura. A menos que...

— Vem cá, você não é daqui, é? — questionou ele.

Ela pareceu assustada por um momento, mas gesticulou em negação.

— Então... você tem algum lugar pra ficar? Em questão de moradia.

A moça desviou o olhar com uma expressão de pesar. Aquilo fora resposta o suficiente.

— Se você quiser pode ficar comigo até achar algum lugar...

Ela voltou os olhos para ele com puro choque.

Abrigar uma estrangeira sem teto na qual não se sabe nada sobre e que a própria guarda real estava a procura.

Excelente ideia, Ruggie.

— Como posso garantir que não fará nada comigo? Você pode querer algo em troca de ter me ajudado — questionou acusadoramente ela enquanto franzia o cenho e cruzava os braços.

Ele suspirou e coçou o lado da cabeça, a garota tinha razão, não poderia dar nenhuma garantia de qualquer voto de confiança. Mas se ele estava sendo idiota o suficiente para entrar nessa situação, ela poderia ser menos desconfiada e aceitar?

— Eu estaria abrigando uma fugitiva da guarda, que benefício eu teria com isso?

— Me entregar em troca de dinheiro talvez?

Touché.

Língua afiada, cabeça pronta para analizar cada possibilidade antes de tomar um passo e assustadoramente conflituosa.

Ele sabia mesmo com quem estava lidando?

— Levando em conta que eu seria detido como cúmplice por te ajudar a escapar, acho que não teria motivos para isso. — Riu ele em zombaria enquanto arqueava uma sombrancelha.

Ela suspirou fundo e pareceu pensar por um momento. A moça tornou a apertar sua própria costela até que finalmente concordou em resposta.

Ruggie então pediu a ela para seguí-lo e ambos permaneceram em silêncio no trajeto (não muito longo) até sua casa.

[· · ·]

Um suor frio começou a escorrer de Yuu quanto mais se aproximava do local. Era uma vizinhança abandonada no meio do nada. Foi mesmo uma boa ideia ir ali?

Conseguindo assustá-la ainda mais (se é que isso fosse possível), ele anunciou que chegaram.

Ela encarou analítica por um momento a casa. A parte de baixo faltava janelas e parecia vazia, isso se consolidou quando o rapaz indicou que precisavam subir as escadas do lado de fora.

Dente-de-leão na AreiaOnde histórias criam vida. Descubra agora