Diferente do que Ruggie havia pensado, a garota ao seu lado não gritou, choramingou ou fez menção de escarcéu.
Aparentemente, ela havia poupado esforços a fim de olhar cada ambiente pelo qual passavam. Ele não tinha certeza se a moça buscava algum indício de estar sendo levada para um lugar perigoso ou se estava memorizando o caminho para caso precisasse voltar.
Eles ainda estavam mãos dadas, até que Ruggie finalmente diminui o passo e soltou-se dela.
A garota afastou-se um pouco mais e apenas o observou.
— Por que fez isso?
Aí estava uma pergunta pela qual Ruggie não tinha pensado na resposta.
— Não tenho certeza, não sou bom em pensar antes de agir. — respondeu ele dando de ombros.
Pelo olhar que ela havia lhe lançado, era evidente que não acreditava nele.
Bom, isso já não era mais problema dele. Ambos estavam a uma distância enorme de onde viram a última vez os guardas, então ela já deveria estar segura. A menos que...
— Vem cá, você não é daqui, é? — questionou ele.
Ela pareceu assustada por um momento, mas gesticulou em negação.
— Então... você tem algum lugar pra ficar? Em questão de moradia.
A moça desviou o olhar com uma expressão de pesar. Aquilo fora resposta o suficiente.
— Se você quiser pode ficar comigo até achar algum lugar...
Ela voltou os olhos para ele com puro choque.
Abrigar uma estrangeira sem teto na qual não se sabe nada sobre e que a própria guarda real estava a procura.
Excelente ideia, Ruggie.
— Como posso garantir que não fará nada comigo? Você pode querer algo em troca de ter me ajudado — questionou acusadoramente ela enquanto franzia o cenho e cruzava os braços.
Ele suspirou e coçou o lado da cabeça, a garota tinha razão, não poderia dar nenhuma garantia de qualquer voto de confiança. Mas se ele estava sendo idiota o suficiente para entrar nessa situação, ela poderia ser menos desconfiada e aceitar?
— Eu estaria abrigando uma fugitiva da guarda, que benefício eu teria com isso?
— Me entregar em troca de dinheiro talvez?
Touché.
Língua afiada, cabeça pronta para analizar cada possibilidade antes de tomar um passo e assustadoramente conflituosa.
Ele sabia mesmo com quem estava lidando?
— Levando em conta que eu seria detido como cúmplice por te ajudar a escapar, acho que não teria motivos para isso. — Riu ele em zombaria enquanto arqueava uma sombrancelha.
Ela suspirou fundo e pareceu pensar por um momento. A moça tornou a apertar sua própria costela até que finalmente concordou em resposta.
Ruggie então pediu a ela para seguí-lo e ambos permaneceram em silêncio no trajeto (não muito longo) até sua casa.
[· · ·]
Um suor frio começou a escorrer de Yuu quanto mais se aproximava do local. Era uma vizinhança abandonada no meio do nada. Foi mesmo uma boa ideia ir ali?
Conseguindo assustá-la ainda mais (se é que isso fosse possível), ele anunciou que chegaram.
Ela encarou analítica por um momento a casa. A parte de baixo faltava janelas e parecia vazia, isso se consolidou quando o rapaz indicou que precisavam subir as escadas do lado de fora.
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Dente-de-leão na Areia
FanfictionRuggie sempre sonhou em ser rico, ter o que quisesse, quando quisesse, sem precisar ter a constante tensão da luta para sobrevivência. O cotidiano torna-se ainda mais atribulado por ser um estrangeiro vindo da savana para o reino "banhado" pelo imen...