II - Viver

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  — Não foi o preço que você me falou ontem — comentou Ruggie já irritado com o padeiro em sua frente

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  — Não foi o preço que você me falou ontem — comentou Ruggie já irritado com o padeiro em sua frente. Afinal, não era a primeira vez que tinham tal conversa.

Toda vez que o rapaz perguntava a respeito dos pães, era um valor diferente que o comerciante em sua frente dizia.

— Olha, filho, os preços crescem de um dia pro outro, é a vida.

— Mas ainda acho curioso que ele cresça toda vez que alcanço o valor que me diz.

O dono ignorou completamente o que Ruggie falara e voltou a seus afazeres. Contudo, ao ver que o rapaz não pretendia se retirar de sua padaria tão cedo, o padeiro o repreendeu:

— Garoto, se não for comprar nada, então saia.

Ruggie não tinha a total certeza se o outro não gostava de estrangeiros no geral ou tinha o desafeto pessoal por ele.

Quando estava para sair, olhou de relance para trás, observando os pães a mostra recém saídos do forno.

Ele já havia ficado sem jantar noite passada para ter hoje um almoço (achava mais em conta, visto que precisava de mais energia durante o dia, para trabalhar). E o que tinha de mais barato por perto e sustentável para o corpo seriam os pães.

Bom, supostamente eram mais baratos.

Ruggie já tentou utilizar frutas para o almoço, no entanto ele precisava de mais para se sustentar um dia inteiro.

Havia uma padaria além da que ele estava, porém ela ficava do outro lado da cidade.

Não era necessário para sobrevivência, mas um desejo pessoal. Um pão, um simples pão não estava ao seu alcance.

Aquele vapor quente era convidativo e inebriante. Seu estômago se contorceu.

Então, Ruggie Buchi fez algo que um dia jurou que nunca voltaria a fazer.

Ele roubou.

Antes que se desse conta, já havia pegado dois do balcão e saído correndo enquanto o padeiro gritava ao longe.

A circulação de pessoas já estava grande. Ele passou a correr desviando delas. Até que ele virou o rosto (sem parar de correr) e observou um grupo de seguranças correndo atrás de si.

— Pega ladrão! — gritou um deles.

Ruggie começou a fazer zigue zague nas esquinas com objetivo de despistá-los.

Por já estar distante de seu ponto inicial, ele segurou firme os dois pães contra o peito, suspirou e começou a andar normalmente.

Olhando para o que tinha pegado, ele sentiu peso na consciência. Não deveria ter feito isso. Havia jurando solenemente que não importa a situação, não voltaria a fazer isso. O que sua avó diria caso soubesse? Ruggie se lembrava com clareza o olhar triste que ela lhe dirigia de todas as vezes que descobria sobre os furtos.

Dente-de-leão na AreiaOnde histórias criam vida. Descubra agora