Ruggie sempre sonhou em ser rico, ter o que quisesse, quando quisesse, sem precisar ter a constante tensão da luta para sobrevivência. O cotidiano torna-se ainda mais atribulado por ser um estrangeiro vindo da savana para o reino "banhado" pelo imen...
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A família real Asim sempre fora muito grande. O sultão, com sua esposa e concubinas, tiveram mais de trinta filhos. Apesar do palácio ser grande, com a quantidade de pessoas morando ali fazia o local se tornar barulhento, movimentado, cheio de vida.
Mas um dia, essa agitação chegou ao fim.
O episódio ficou conhecido como "o massacre da família Asim". Naquele dia o sultão, suas esposas e quase todos os seus filhos, foram mortos por terroristas em uma invasão ao palácio.
Todos comentavam sobre a forma como aquilo ocorreu. Scarabia tinha alguns inimigos comerciais, mas nunca se envolveram com coisas graves para levar a algo assim.
Além do mais, os guardas foram preservados. Os invasores lutaram fortemente com eles, mas fizeram questão de eliminar exclusivamente os membros da família.
Kalim Al-Asim foi um dos sobreviventes ao ataque. Conseguira esconder-se em uma das passagens secretas que o palácio continha.
Ele permaneceu lá, imóvel, sem produzir um ruído. Enquanto escutava o som dos gritos, das espadas e da carne sendo perfurada. Apenas quando o silêncio sobreveio ao local que resolveu sair.
Ao sair, Kalim procurou fazer o mínimo de barulho possível, até mesmo por andar na ponta dos pés. Mas ao encarar o cenário moribundo de seus familiares atirados pelos cantos, ele não pôde evitar de chorar alto.
Kalim até tentou se controlar, mas suas mãos não conseguiam cobrir a própria boca, pois elas já estavam trêmulas. O cenário caótico de de pertences ao solo junto a corpos e mais corpos. Manchas de sangue que travessavam as paredes que escorriam para se juntar a poça formada no chão. Era tudo demais. Sua família, sua preciosa família.
Ele tentava se convencer de que alguém deveria ter sobrevivido. Mas cada vez que se aprofundava nessa busca entrando nos cômodos, encontrava cada vez mais a devastação.
Ele não havia feito nada. Sua família foi massacrada enquanto ele se escondia como um covarde! Um maldito egoísta que, ao invés de ajudá-los, se escondeu! Agora estavam todos mortos!
Enquanto corria de um lado ao outro, deixando pegadas no sangue das vítimas esparramadas no chão. Sua cabeça retumbava apenas com a súplica.
Alguém.
Alguém.
Por favor, alguém precisa estar vivo.
E, no momento do ápice do seu desespero, Kalim escutou sons de algo se aproximando. O peito se encheu de pânico de ser algum dos assassinos ainda no palácio, de euforia por pensar ser um familiar procurando sobreviventes. No entanto, suas expectativas demostraram erradas quando Grim, o tigre albino, o mascote do palácio, surgiu em sua frente.
O animal se aproximou dele e o puxou pela roupa, parecendo querer guiá-lo. O rapaz acompanhara Grim, que o levou até o closet de um dos quartos.
Lá ele pôde ver alguém em frente aos espelhos. Os reflexos fragmentados de longos cabelos pretos espalhados sob as costas de um pessoa deitada de bruços no chão, inconsciente, mas com a caixa torácica subindo e descendo.
