Yuu acordou com um calor aterrador em si. O sol encontrava-se na direção da lona que, por sua vez, não isolava o mormaço exercido sobre ela.Ela levantou e sentiu o suor escorrendo por sua testa e costas. Então passou a mão em seu rosto a fim de tirar o acúmulo de água.
— Esqueci de avisar, você tem que mudar de lugar para deitar em determinada hora da manhã, se não o sol te pega. — disse o rapaz de pé guardando sua rede.
— Por que não me acordou? Eu podia levantar sem problemas.
— Nah, você estava cansada. Não queria acordar alguém dormindo igual uma pedra, seria trabalhoso.
A garota revirou os olhos e pôs-se de pé.
Vendo que o garoto havia trocado de roupa, ela questionou se iria para o trabalho, mas ele respondeu que o faria só daqui algumas horas. Também comentou que acorda mais cedo para limpar o cômodo, acrescentou ainda que poderia ser simples, mas o mínimo que deveria ser é higiênico.
A moça levantou e o auxiliou na tarefa.
Ela trouxe um dos baldes do banheiro e colocou o primeiro produto de limpeza achou, em seguida se ajoelhou começou a passar no chão.
Ruggie repetiu o gesto no lado oposto do cômodo.
— Faz isso todo dia? — questionou a moça.
— Tenho dias da semana certos para fazer, mas às vezes mudo. — respondeu — Rotina nunca foi meu forte.
Por um longo instante, ambos se focaram na sua tarefa e não trocaram mais palavras. Até Yuu outra vez ter uma dúvida quanto ao rapaz:
— Você tinha hábitos assim na sua terra natal? Digo, no sentido de fazer tarefas domésticas. Você parece ter experiência em cozinha e hábito de limpar as suas coisas.
A curiosidade da moça finalmente estava fluindo em forma de diálogo. Bom, era definitivamente melhor que aquele silêncio constrangedor.
O rapaz pareceu parar brevemente para pensar antes de responder.
— Sim, desde que me lembro. Minha avó me ensinou a cozinhar — ele sorriu com a lembrança — e a gente dividia as tarefas da casa já que ela não tinha muitas condições de fazer determinadas coisas. Ela sempre me escreve para ver se estou bem.
— Sente saudade dela?
Ruggie parou sua ação.
Mal sabia ela que uma simples pergunta desencadeou uma série de memórias nele.
Ele fazia a maioria das coisas em casa, sua avó precisava de ajuda, não fazia mais que a obrigação em retribuir os anos dedicados na criação dele.
Ruggie teve que começar a trabalhar cedo, precisava ajudar o máximo para manter um mínimo de decência de vida.
Era dificultoso, cansativo, mas sua ânsia pela vida estava impregnada na suas veias, então o que poderia fazer além de dar tudo de si?
No entanto, momentos extremos exigem medidas extremas, e foi aí que ele começou a roubar.
Carteiras, trocados, objetos para aleatórios que conseguiria vender mais tarde... tudo para trazer alguma quantia para casa.
A decepção estampada no rosto sua vó quando fazia isso era evidente. Porém ela não poderia fazer nada a respeito, ele não tinha outra alternativa, então fora a forma aceita de sobreviver. Viver desonestamente em prol de pegar o preço que custava a própria existência.
— Desculpa, não queria tocar em um tema sensível.
A garota interrompeu a linha de pensamentos trazendo-o de volta para a realidade. Seu semblante aparentava preocupação, o que era compreensível, visto o momento de epifania repentino dele.
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Dente-de-leão na Areia
FanfictionRuggie sempre sonhou em ser rico, ter o que quisesse, quando quisesse, sem precisar ter a constante tensão da luta para sobrevivência. O cotidiano torna-se ainda mais atribulado por ser um estrangeiro vindo da savana para o reino "banhado" pelo imen...