Ruggie encontrava-se sentado nos degraus da única escada que lhe permitia liberdade. Já faziam alguns minutos que estava ali parado. Sem saber o que fazer ao certo.
As luzes que antes acendiam com movimentos estavam apagadas. O que limitou a sua visão para no máximo palmo a sua frente. Isso também significava que não havia mais nenhuma abertura ou coisa semelhante por perto.
Bom, pensou ele, eu posso não morrer de fome ou sede, pode ser que a falta de ar me mate antes.
Ironicamente, a tentativa de salvar a si mesmo fez com que o rapaz cavasse a própria cova. E o pior de tudo: ia ficar miserável até finalmente definhar, como fora ameaçado desde o nascimento.
Ruggie suspirou profundamente e resolveu voltar para a sala. O caminho foi conturbado, pisando nos objetos que havia pegado e quase caindo no segundo lance de escadas, mas enfim chegara na sala.
O suposto tapete permanecia funcionando, pois o guiou até o fim da sala, sem que ele batesse novamente nas coisas ao redor. Ruggie questionou mentalmente se o objeto a sua frente tinha o limite de funcionamento até a porta de vidro, porque não havia visto ele fora daquela antes (agora na escuridão, muito menos).
Ruggie agradeceu ao negócio e sentou-se no chão, com as costas no "caixão-geladeira" e finalmente resolveu tentar ligar o celular.
O choque da luz do aparelho ligando com seus olhos ajustados a escuridão foi inevitável. Ele encolheu os olhos um pouco e observou a tela ligar e mostrar as configurações iniciais. Foi aí que notou: o celular estava no início das configurações. Ou seja, ninguém havia usado ele antes.
Ao contrário da maioria dos celulares, aquele não pediu e-mail ou número, simplesmente havia uma pergunta em letras grandes e um microfone abaixo:
"A quem o comando de voz pertence?"
Ele arqueou a sobrancelha com um misto de curiosidade e confusão, talvez celulares atuais façam isso? Embora Ruggie duvide um pouco dessa hipótese, visto o quão velho o aparelho pode ser devido a quantia de pó.
Ela apertou o microfone, a instrução seguinte disse para o usuário falar o próprio nome. E foi isso que ele fez.
Ele poderia chamar ajuda com isso. Mas parando para pensar, ele sabia o número da emergência? Ou melhor, ele sabia sua localidade?
"Estou soterrado em algum lugar fora da cidade, entre o nada e lugar nenhum" obviamente daria uma precisão absurda.
Quando percebeu, o celular já estava desbloqueado. E, para sorte de Ruggie, o aparelho não tinha a opção de ligação, contatos ou qualquer coisa relacionada com comunicação.
Só havia um ícone de câmera e outro de áudio.
— Toda essa comoção pra isso... — bufou alto.
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Dente-de-leão na Areia
FanfictionRuggie sempre sonhou em ser rico, ter o que quisesse, quando quisesse, sem precisar ter a constante tensão da luta para sobrevivência. O cotidiano torna-se ainda mais atribulado por ser um estrangeiro vindo da savana para o reino "banhado" pelo imen...