― Onde está Megan? ― pergunto enquanto olho para a rua a frente. Niall brincava com um carrinho quietinho, e Will e minha mãe se entreolharam, talvez decidindo quem respondesse minha pergunta. Aquilo me deixou bem preocupada, e eu já estava prestes a perguntar novamente quando minha mãe resolveu responder:
― Ela preferiu ficar em casa.
Foi a última coisa dita no caminho do hospital até a casa, e por mais que eu não tivesse entendido o porquê dela ter preferido ficar em casa, eu fiquei calada, sabendo que eles não iriam mesmo me dizer.
― Vamos ter uma conversa amanhã, Amanda. ― Minha mãe disse ao sairmos do carro.
Achei que já estava tudo bem, mas pelo visto não está nada bem e a conversa promete ser tensa. Apenas dou de ombros e abro a porta da casa enquanto entro, subo as escadas rapidamente e vou em direção ao quarto de Megan.
Dou leves batidas na porta, enquanto espero que a Megan responda algo, mas nada.
― Megan? Você está bem? ― pergunto, mas não sou respondida. Giro a maçaneta da porta e agradeço mentalmente por ela ter deixado aberta. A garota de cabelos loiros estava deitada na cama, com a cabeça grudada no travesseiro, chorando.
― Megan ― chamo e depois de alguns segundos ela se senta na cama e me encara, me deixando ver seu rosto inchado e as lágrimas saírem de seus olhos azuis. Ando rapidamente até ela e sento ao seu lado. Com meus dedos tento limpar as lagrimas que caiam, mas era uma tentativa falha, já que ela não parava de chorar nenhum segundo se quer.
― Eu quero ficar sozinha ― disse em meio aos soluços fortes. Ignorei o que ela havia falado e continuei a limpar suas lagrimas. ― Ela morreu, Mand ― disse enquanto segurava meus braços. Pude sentir que nem forças ela tinha mais. E eu sentia tanto por isso, não precisava de muito para saber de quem ela estava falando.
― Você sabia que isso ia acontecer ― murmurei.
― Eu sei, mas eu não estava preparada para perde-la, eu sei que não fomos como mãe e filha nesses últimos anos. Mas ela é minha mãe, e eu queria ter ela aqui.
― Nunca estaremos preparadas para perder alguém.
Ela soltou meus braços e me abraçou enquanto continuava a chorar. Eu não sabia o que dizer, o que fazer, eu só sabia que não estava gostando de a ver assim, e que queria que ela parasse e enfrenta-se as coisas como ela sempre enfrentou.
Ouvi o barulho da porta se abrindo e vi Marcus, me afastei dos braços de Megan e dei passagem a ele, que a abraçou fortemente e disse que tudo ficaria bem. Fui para o meu quarto deixando os dois a sós, meu celular estava encima da minha cama com a tela mais quebrada do que ja estava da última vez que taquei ele na parede. Não sei como ainda funciona. Liguei uma música e fui tomar um banho, e me deitei na cama, enquanto tentava entender por que as pessoas têm que partir.
Depois de duas horas de sono, me levanto e desço. Eram 19:00 e como as vezes -sempre - a janta está pronta cedo, minha mãe estava terminando de arrumar a mesa.
― Oi ― digo meio constrangida, eu sei que o que fiz foi errado, e que minha mãe não me pouparia de seus discursos de como eu sou nova, não tenho carteira e essas coisas todas que sei que é verdade.
― Você está bem? ― pergunta e eu me dirijo até a geladeira para pegar um suco.
― Estou ― respondo. ― Às vezes dói um pouco a cabeça e a costela, mas nada com que se preocupar.
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[Pulsos]
Ficção AdolescenteEssa história não é para ser lida, só vivendo você vai entender. E se um dia seu pai saísse para trabalhar e nunca mais voltasse? Sem dar tchau, sem um adeus, sem um sinto muito? Isso aconteceu com Amanda Swain Carter, uma garota americana que foi a...