Vinte

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Já era tarde, e eu deveria estar em casa, mas eu ainda estava deitada junto ao Luke no sofá da casa dele. Estávamos vendo um filme de corrida, e eu me lembrei da primeira vez em que participei de um racha na minha vida, e de como eu me viciei nisso. Não acredito que não vou pode contar eu mesma a minha filha como eu senti naquele dia. Tudo bem, eu quis matar o Luke aquela noite, e também quase congelei de frio, e fiquei me tremendo de medo de ser atropelada ao dar a largada, mas devo admitir que, no fundo no fundo, eu me diverti.

― É bom saber que vocês estão aqui ― disse Luke com um sorriso um tanto exagerado nos lábios.

Levantei a cabeça e olhei para seus olhos que a pouco provavelmente estavam em mim, e que agora estão vidrados no filme. Acho que ele também se lembra da noite do racha, e da do acidente também.

― É tão bom estar aqui ― respondo, me lembrando de que eu poderia ter morrido naquele acidente. Mas não morri. Eu ainda estou aqui, e continuaria aqui se pudesse, mas se eu ficar, minha filha não poderá ficar, e isso está me deixando louca.

Luke se concentrou em mim, seus olhos fitavam os meus como se quisesse ler meus pensamentos, até mesmo como se tivesse conseguindo. Apenas o brilho de seus olhos já era o suficiente para me fazer desligar de tudo, e me concentrar apenas nele. Aproximei nossos lábios e comecei a beija-lo, ele me acompanhou no beijo, enquanto sua mão ia para os meus cabelos.

― Luke... ― O chamo após pararmos o beijo.

― O que foi? ― perguntou.

― Está me escondendo algo? ― perguntei diretamente. Era assim, ou não conseguiria.

Ele virou o rosto e me encarou novamente.

― O que eu estaria escondendo? ― pergunta ele um pouco assustado, e sinto seu coração acelerar, enquanto analiso sua respiração ficar fora de ritmo.

― Me diz você. ― Me afastei um pouco dele.

― Eu não sei do que você está dizendo.

― Não sabe? A Eduarda falou que não iria deixar isso assim, ou você casava com ela ou perdia a empresa. Você não casou com ela e ainda tem sua parte. Não que eu queira que vocês perdessem, jamais. Mas isso está estranho. O que foi? Ela desistiu? ― perguntei com a voz alterada.

Ele olhou pra mim e se concentrou na minha camiseta do Nirvana, do Kurt Cobain na verdade, pois só havia ele na estampa. E depois se concentrou em meu rosto.

― Não tenho nada para te dizer. Não dá para explicar. ― Ele colocou a mão no pingente de ancora do colar que me deu.

― É melhor eu ir pra casa ― digo me levantando do sofá.

―Você já sabe que não temos mais muito tempo para ficarmos juntos, e ainda assim você quer me largar? ― perguntou um pouco zangado.

― Eu não estou " te largando", eu só quero ir para casa. Você pode me levar? ― pergunto com cara de cachorro pidão. Eu não estava nervosa, apenas um pouco cansada de tudo. Quero entrar no meu quarto, colocar meus fones bem altos e esquecer de tudo. Esquecer que o Luke me esconde coisas, esquecer que eu talvez não verei minha filha crescer, esquecer que meu pai está morto e que minha melhor amiga se matou por minha causa, esquecer que o Edward não considera nossa amizade tanto a ponto de decidir o que quer. Esquecer, é tudo o que eu mais quero nesse momento.

― Mand, isso de novo? ― pergunta Luke se sentando novamente no sofá.

Me sentei em seu colo e entrelacei meus braços ao redor de seu pescoço, depois coloquei minha cabeça em seu ombro, e sorri ao ver os pelos de sua nuca se eriçarem quando minha respiração tocou sua pele.

[Pulsos]Onde histórias criam vida. Descubra agora