O sangue escorria do pulso até os cotovelos, e as lágrimas estavam presas nos olhos. O reflexo no espelho era dele, arrumado, e satisfeito em dizer "não roube o meu prazer de ser pai".
Abri meus olhos rapidamente e suspirei profundamente, o choro novamente estava preso em minha garganta, e as lembranças totalmente claras em minha mente. Eu não precisei roubar o seu prazer de ser pai, ele mesmo fez questão de deixar, talvez não fosse tão prazeroso como ele deixou parecer. Apertei forte os olhos e não deixei que as lágrimas caíssem. Minha vontade era pegar a lâmina e me cortar, e nesse momento eu sai da cama, abri a porta e fugi de mim mesma.
Assim que cheguei no andar de baixo e dei de cara com Will e Megan conversando, o meu coração acalmou, e eu sorri, mesmo não estando feliz. Talvez eles tragam a paz que os livros sempre dizem que encontraremos.
― Você nunca me deixa fazer nada ― Megan disse brava enquanto cruzava os braços.
― Vai com quem? ― pergunta William.
― O Marcus.
― Quem é Marcus, Megan? ― pergunta elevando seu tom de voz, mostrando sua insatisfação total.
― Um amigo ― mente. Olho para ela e rio disfarçadamente o que a quase me faz comer vivar com os olhos.
― Não confio nessas suas amizades com homens ― disse rispidamente. Megan fez uma cara de chocada, e balançou a cabeça.
― Devia deixa-la ir ― minha mãe disse e eu me sento na mesa os observando, enquanto coloco comida para mim.
― Só os dois? ― Will pergunta.
― Vai ser uma festa, o colégio inteiro vai estar lá ― argumenta Megan.
― E porque a Mand não vai?
Todos olharam pra mim e eu arquei minha sobrancelha. Será que é difícil entender que eu e festa não nos damos bem?
― Ela não quer ― disse Megan.
― Não vou te deixar sozinha com esse Marcus ― Ele se virou e veio vindo para perto da mesa.
― Mas...
― Mas nada... ou a Mand vai com vocês ou você fica ― disse deixando bem claro que não mudaria de ideia.
― Ah sério?
― Sério. ― Eles se sentam na mesa e começamos a comer.
Olhei para Megan e ela estava claramente irritada, e sei que minha mãe também reparou.
― Você vai filha? ― minha mãe perguntou ingenuamente.
― Não ― respondo e Megan apenas revira os olhos, se mostrando mais irritada ainda, e dessa vez parecia ser comigo. ― Pensando bem, eu vou. Vai ser legal ― digo e dou um sorriso falso.
Legal? Não mesmo.
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Terminamos de comer e me sentei assistindo televisão. Eu sou do tipo que me vicio fácil em novelas e filmes e se eu pudesse só fazia isso da vida. Já estava perto das nove horas quando Megan me chama.
— Vai se arrumar agora? — pergunta.
— Não — respondo e percebo seu olhar furioso em mim. — Quando tiver faltando dez minutos para o seu namor... — As mãos de Megan tamparam minha boca antes de eu pronunciar a palavra namorado, o que me fez rir, mesmo com a boca tampada com aquela mão cheia de hidrante de rosas.
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[Pulsos]
Teen FictionEssa história não é para ser lida, só vivendo você vai entender. E se um dia seu pai saísse para trabalhar e nunca mais voltasse? Sem dar tchau, sem um adeus, sem um sinto muito? Isso aconteceu com Amanda Swain Carter, uma garota americana que foi a...