É exatamente um sábado, que de acordo com a previsão da "garota do tempo" estará chovendo em poucas horas. Amanhã é o dia da minha audiência, onde provavelmente os pais e a querida Liviane vão querer me pôr em um sanatório. Estou em baixo de um chuveiro que derruba uma agua quente sobre meu corpo, enquanto penso no que a professora de Matemática disse.
"Será que eles vão acreditar nisso?" ... eu pensei muito e muito até chegar à conclusão que meu cérebro não funciona sobre pressão. E também que eles provavelmente não vão acreditar nisso e eu provavelmente serei considerada uma louca. Saio do banheiro e coloco uma roupa que consideramos para os dias mais frios.
Pego minha mochila e desço pela escada e olho para a minha mãe, seu olhar estava pesado e eu sabia que era por que a audiência está chegando. Ainda não entendo o porquê de tudo isso ... nos jornais passa direto notícias sobre brigas colegiais e nenhum dos envolvidos eram considerados loucos. Por que logo eu?
― Acha que estou louca? ― pergunto parada no fim da escada olhando para minha mãe que está espremendo laranjas.
― Não ― disse e percebo que ela estava tentando dar um sorriso, o que saiu mais forçado do que os meus quando perguntam se estou bem.
― Então não precisa ficar assim ― digo.
― Eu sei, Mand ― disse e olhou para mim parando de cortar a laranja. ― O problema é que isso torna as pessoas loucas.
― Eu não estou e nem vou ficar louca ― digo e ela balança a cabeça em sinal de "sim" ... mais possivelmente um "compreendo". Saio de casa, e vou para o colégio e para a mesma sala dos professores. Entro e vejo que a professora estava corrigindo algumas provas. Fico observando ela, até que ela tira os olhos dos papeis e olha fixo pra mim.
― Chegou cedo. ― Ela deu um sorriso. Sentei a sua frente tirando o caderno e a lapiseira junto com a caneta da mochila. A professora olhou pra mim novamente e depois guardou as provas em uma pasta.
― Vou te explicar um assunto novo. ― Ela foi até um quadro e começou a escrever e explicar algo que não conseguia prestar atenção. Eu estava com medo. E as palavras não saiam da minha cabeça nunca. "Por que só você tem uma versão diferente?", "Será que eles vão acreditar nisso".
― Acho que você não está em posição de escolher se quer ou não prestar atenção na aula ― disse e percebo que ela está me encarando.
― É que, sobre o que me disse ontem... ― Dei uma pequena pausa. ― Acho que não vão acreditar naquilo.
― Eu sei que não ― disse e se senta na cadeira a minha frente.
― O que devo fazer? ― pergunto antes mesmo de ter tempo de ela pronunciar algo. Eu não parecia desesperada ao me verem, mas eu estava, muito mais do que eu achei estar.
― Você tem duas opções, a primeira continue falando que a Liviane disse aquelas coisas e por isso bateu nela, sem nenhuma prova e a segunda, você concorda com eles e disse que pode ter uma possibilidade de ter entendido ela errado. Porém as duas tem consequências.
― E quais são?
― A primeira, eles vão achar que você está totalmente louca e vão te mandar para um sanatório ou eles vão fazer você ficar louca e acabar não acreditando no que realmente seu consciente disse ser verdade e vai acabar em um sanatório do mesmo jeito.
― Então a segunda é a melhor ― digo a interrompendo, mesmo nem ter deixado ela falar qual era a segunda, parecia impossível ser uma opção pior que a primeira.
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[Pulsos]
Novela JuvenilEssa história não é para ser lida, só vivendo você vai entender. E se um dia seu pai saísse para trabalhar e nunca mais voltasse? Sem dar tchau, sem um adeus, sem um sinto muito? Isso aconteceu com Amanda Swain Carter, uma garota americana que foi a...