Em meio tantos lençóis brancos, corredores com quadros e esculturas muito bem produzidos, com flores secas ou vivas, coloridas ou desbotadas, havia enfim chego o momento de encontrar com a menina pela primeira vez. Seria mentira se dissesse que não está ansiosa e com dor no estômago, porque é exatamente assim que se encontra.
O quarto de Rosalie fica de fato bastante distante. Não precisará decorar em qual local está, pois existe um grande e único corredor que atravessa a residência, dividindo-se entre esquerda e direita. O único cuidado que precisa ter, é em qual deles entrar e qual das portas acessar.
Próximo ao local onde fica o cômodo da menina, o visual é totalmente diferente. O corredor possui as grandes janelas com cortinas abertas, quadros com flores e outras pinturas bem distintas do outro extremo em que esteve. Além disso, também existem alguns vasos com pequenas flores azuis que parecem colocados milimetricamente ao centro de cada uma das mesinhas de apoio que ficam no corredor, entre uma porta e outra. Nunca comprou flores no inverno e sequer sabia onde encontrar, mas com toda a certeza vem de bem longe para completar a decoração da casa. Batendo de leve contra a porta, ambos podem ouvir um barulho dentro do quarto. Gavin comenta que talvez seja algo caindo, mas não consegue prever com exatidão.
— Pode entrar.
Devagar ele abre a porta e um novo mundo surge para Catherine. Não pensou que uma casa tão triste pudesse ter um ambiente tão bonito e acolhedor. Antes mesmo de chegar até a ponta da cama, na qual a menina estava sentada lendo um livro, ela observou bem a decoração das paredes e o quanto existiam detalhes.
O madeirado branco está inserido em toda a parte inferior do entorno do quarto. Na parte superior, observou a delicadeza depositada na pintura de pequenas flores amarelas, que ganham complementação com a presença de pontos coloridos em tons também mais claros. Ela amou ver a perfeição da criação e encantou-se com a alegria que sentiu ali.
O lustre, provavelmente em cristal, é muito semelhante ao do próprio quarto. No canto esquerdo das grandes janelas do quarto, algumas fitas e laços de diversas cores, pendurados em ganchos na parede, juntamente com bonecas de pano, que estão enfileiradas sobre uma longa cômoda branca.
Francis e Gavin afirmaram que Rosalie é uma menina verdadeiramente triste, mas aquele quarto tão lindo seria, então, apenas um pano de fundo para tentar ofuscar e suprimir boa parte dos sentimentos negativos que ela tem? Ela não pode afirmar com clareza, mas com o tempo entenderá os anseios da mente da menina e como todos agem na casa eu parece ser aprisionada às memórias do passado.
— Rosalie, essa é a senhora Catherine.
— Oi. — Responde, mal levantando a cabeça, enquanto ainda mantém o livro junto de si.
— Olá, Rosalie, é um prazer conhecer você. — Apresentou-se docemente, aguardando um retorno da menina, que não respondeu, mas sim permaneceu observando Catherine e aquela vestimenta azul que ela nunca tinha visto antes. Era um vestido que marcava bem a cintura, com mangas bordadas e alguns pequenos detalhes em renda que eram de fato encantadores.
— Seu vestido é bonito. — Disse, ainda fixa aos detalhes do vestido.
Quando ela e o pai viajavam para mais além da casa da avó, ela podia conhecer outros tipos de roupas. Durante esses passeios ou alguns poucos jantares que o acompanhava, ela podia ver como as damas se vestiam. Eram naqueles momentos que ela imaginava a vestimenta da mãe. Mesmo gostando de muitas roupas, ela sempre se convencia que o vestido da mãe nunca seria igual ao de qualquer mulher que conheceu. Mas o de Catherine é. Os traços. Os bordados em branco. Ela havia rabiscado uma vez num pedaço de papel, mas acabou guardando dentro de um baú de memórias e nunca mais o encontrou.
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Liberdade
FanfictionUma menina triste e solitária. Um homem dedicado e prudente. Uma mulher corajosa e cheia de sonhos. O que os três têm em comum? Baseada em As Aventuras de Poliana, Liberdade é uma fanfic onde os acontecimentos surgem para transformar os rumos dos p...