Mansão

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Na parte da manhã, tal qual o combinado, Catherine chega na mansão. Parada em frente ao grande portão instalado exatamente ao centro de um caminho que leva até a porta da residência, ela enche os pulmões de ar e por alguns instantes o mantém dentro de si.

Expirando vagarosamente, ela se vê pronta. Observando a imensidão, ela pode perceber que a casa era muito maior vista da entrada. Todo aquele requinte não vinha do acaso, mas do histórico que ela já ouviu falar. No dia anterior, não percebeu a grandiosidade nos detalhes, mas agora pode contemplar todos eles brevemente, porque em breve quer explorar mais do lindo jardim, que mesmo adormecido pelo frio, tem muito a oferecer.

A casa, em si, é bastante triste. As poucas plantas haviam sido queimadas pela neve, as árvores estão repletas de gotículas congeladas e nem aquele sol acanhado é capaz de desfazê-las. Com enormes janelas em vidro por toda a parte e, diferente da maioria das casas da cidade, a residência tem incríveis referências do estilo arquitetônico francês que ela tanto admira. Ao fundo é possível verificar a presença de um balanço, pendurado em um galho da maior árvore do jardim.

Ao chegar na porta, ela bate em um sino e, quando menos espera, é recepcionada por um senhor de cerca de sessenta anos de idade, o mesmo que havia atendido-a no dia anterior. Magro e com um óculos de aros finos, ele usa uma boina cinza na cabeça e veste um kilt em verde, vermelho e azul, uma combinação de cores considerada estranha aos olhos dela, mas que provavelmente seja do gosto dele. Apesar da vestimenta ser tradicional na cidade, nem todos eram adeptos ao tipo característico de roupa. O patrão, por exemplo, não usa as vestimentas escocesas, o que a fez pensar rapidamente que ele talvez não seja um escocês de fato.

— Bom dia, senhora Catherine! É um prazer recebê-la novamente. Seja bem-vinda! Entre e fique à vontade.

— Obrigada. — Um pouco acanhada ao ter a mala retirada das mãos, ela fica imóvel esperando as instruções.

— Vou acompanhar a senhora até o seu quarto e logo iremos falar com Rosalie. Oh, céus, onde estava com a cabeça, esqueci de me apresentar. Eu falo muito, peço perdão à senhora. Acabei repetindo o mesmo erro de ontem. Me perdoe.

— Ei, calma, está tudo bem!

— Perdão senhora, mas algumas vezes me esqueço. Eu me chamo Gavin. Trabalho na família do senhor Bauffremont-Courtenay desde o dia em que ele veio morar na cidade, quando menina Rosalie cabia em uma cestinha minúscula de tão pequenina.

— Pequena?

— Nasceu prematura. Venha, vou levá-la até seu quarto. Mas, antes disso, guarde seu casaco. Veja, os deixamos pendurados aqui. — Mostrou ele, andando rapidamente na frente dela, que acabou pendurando o casaco do jeito que pode.

O caminho necessário para chegar até o quarto parece um tanto longo pois, conforme o que entendeu, o mesmo está localizado do outro lado da mansão. Porém, o que ela ainda não sabe é que o espaço em que estará fica exatamente na outra extremidade do quarto de Rosalie, em uma parte da casa não muito utilizada após a morte da mãe da menina, segundo informações concedidas brevemente por Gavin.

— Senhora ou Senhorita?

— Senhora.

— Mas seu marido não? — Ela olha desajeitadamente, até que ele tenta contornar a situação. — Oh, perdão, me desculpe a intromissão.

— Tudo bem. — Respondeu ela, esfregando as mãos sobre o vestido azul claro. — Desculpe perguntar, mas por que tudo aqui possui panos?

— Após o falecimento da senhora Marie, senhor Francis solicitou que não utilizemos essa parte da casa...

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