O ataque

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ALERTA DE VIOLÊNCIA SEXUAL.


- Cathy, onde você está?

A menina tenta achar Catherine dentro de casa, mas não a encontra. Parada olhando pela janela do corredor, ela observa o jardim, mas não obtém sucesso. Cathy também não parece estar lá. Talvez tenha ido até a frente da casa para tomar um ar e observar as pessoas na rua, porque ama fazer isso. Mas não, ela também não a encontra na varanda.

A menina sabe que aqueles dias de primavera são propícios para aproveitar o jardim de casa, mas isso não significa que sempre esteja disposta para tal. As flores estão mais vivas que nunca e muitas delas haviam sido plantadas logo ao início da estação, em um pedido da própria Rosalie, que passou a amar os girassóis mais que qualquer outra pessoa naquela casa. Segundo ela, a essência das flores traz boas lembranças e ela quer sempre carregar essas sensações junto dela, que mesmo não conseguindo explicar exatamente o porque dos sentimentos, tem plena certeza sobre os benefícios dos mesmos.

Agora, já com dez anos, ela se tornou mais independente, na limitação de uma criança dessa idade. Por incrível que pareça, já haviam acontecido mais de dez visitas à casa de Christopher. Catherine sempre conta e anota isso no próprio diário, pois gosta demais dos dias em que a própria menina acorda e pede para ser acompanhada no trajeto até a casa do melhor amigo, assim que termina de almoçar.

Noutros dias, Catherine passa pelas casas dos outros dois amigos, buscando-os para levá-los também até a casa de Christopher. Ela não sabe ao certo o quanto e o porquê os três amavam tanto a casa do menino, mas suspeita que Rosalie, Cassie e Finn tenham um esconderijo não tão secreto assim, numa casa na árvore que fica logo atrás da mansão do garoto.

— Senhor topeira, você viu Catherine?

— Não, minha querida. Mas acredito que ela possa estar cuidando do jardim.

— Eu já verifiquei o jardim, mas não a encontrei.

— Viu se ela foi até o estábulo? Quer que eu vá verificar para você?

— Não, obrigada, eu mesma vou!

Da cozinha até o jardim são necessários alguns poucos passos que a menina acabou por fazer com bastante velocidade, pois gosta muito de correr sempre que se sente disposta para tal. A prática da corrida havia se aprimorado no último mês, o que resultou em uma criança ainda mais veloz, tal qual desejava ser.

Assim que chegou aos fundos do melhor lugar do mundo, segundo a própria criança, ela deu de cara com Ian organizando algumas encilhas sobre os suportes. Não querendo interromper, pediu licença para questioná-lo, até que recebeu de volta um sorriso torto dele. Imediatamente ele pegou um balde de água e foi na direção da baia de Annis, deixando a menina para trás sem entender o por que ele havia saído sem esperar que ela perguntasse. Ela bem sabe que ele é rabugento em alguns dias, mas não contava com aquilo justamente quando ela tanto quer e precisa de uma resposta rápida.

— Você quer algo? Venha até aqui, preciso atender Annis. — Disse ele dos fundos do estábulo, sem sequer ter o trabalho de aparecer no portão da baia para voltar a olhar nos olhos ansiosos da menina. O chamado dele logo foi atendido por ela, que atravessou até a ponta, bem na entrada do estábulo, que estava com os portões fechados por conta da arrumação que Ian está realizando ali.

— Você viu Cathy?

Sem entender a movimentação que acontece ali, porque ele está mexendo nos pelegos que ficam pendurados e não trabalhando com a égua conforme havia dito, ela acredita que seja uma brincadeira e começa a rir, enquanto Ian ainda permanece sem qualquer menção de que dará atenção para ela.

— Você é engraçado, Ian. Justine também faz isso comigo!

Ainda desempilhando os pelegos e colocando-os sobre um suporte ao lado, onde passa vagarosamente a mão em cada um, ele continua calado e parece estar concentrado. Rosalie não entendeu se deve ou não entrar no jogo, por isso resolveu arriscar indo até ele para cutucá-lo na barriga.

Ao invés de receber um sorriso, ela ganhou uma carranca fechada que, por medo, fez com que desse alguns passos acelerados para trás. Talvez seja tarde demais e ela precise fugir de algum ataque de cócegas, ou algo do tipo. Mas ele não parece contente e nem mesmo o som do silêncio e aquela expressão carregada são confortáveis. Bastou um aperto de lábios dele, para que o coração dela começasse a palpitar rapidamente, tão veloz que quase é capaz ouvir.

— Menina tola. — Disse, quebrando aquele silêncio que quase ecoou.

Com violência, Ian a puxou violentamente pelo braço, fazendo com que ela se perca na situação que estava acontecendo. Aquilo não era uma brincadeira, porque ninguém nunca precisou machucá-la para brincar.

— Você me machucou, mas eu sei que não foi por querer. — Tentou dizer, enquanto ri nervosa.

Falar foi o suficiente para que ele seguisse. Pegando-a pelo outro braço da mesma forma e também segurando com força para que ela não consiga se soltar, Rosalie vê a respiração rápida e o suor escorrendo pela testa vermelha.

— Feche sua boca logo. — Fitando-a, ele aproveita a aparência de calma vinda dela para empurrá-la contra a parede. Nisso, começa a girar um pequeno canivete no centro da mão, ainda encarando-a.

— Por que me empurrou forte assim? Onde está Annis? — Questionou atemorizada pela forma com que ainda é observada por ele.

— Cale a boca, pirralha! — Com medo, a menina fecha o cenho e começa a chorar.

Rosalie não entendeu o que estava acontecendo, mas ele sim, estava transtornado e quer finalizar logo tudo aquilo para fugir o mais breve possível. Batendo nas paredes com violência, Ian chuta o cocho da égua deixando a comida se espalhar pelo chão, que até então estava extremamente limpo e com a serragem ainda intacta.

Com a luminosidade que entra por frestas na parede e uma pequena janela que é mantida aberta apenas em dias ensolarados, a visão dela era ainda mais assustadora. A criança, agora agachada e recostada contra a parede, com o corpo frio e os dentes batendo, não sabe o que fazer para fugir dali. Está encurralada e com medo.

Ele, por sua vez, decide que é hora de ir até ela. Para isso, começa a encará-la de forma amedrontadora. O olhar repugnante não podia jamais ser visto por uma criança. Colocando o canivete no bolso, ele esfrega as mãos uma na outra, enquanto lambe os lábios.

Puxando-a pelo braço e tirando-a do chão, ele volta a jogar a criança com violência contra o chão. Cuspindo no cocho de água da égua, ele aperta os dentes com força e pega um dos pelegos. Ainda no chão e de olhos fechados, ela chora desesperada. Indo até ela e segurando um dos braços para que não consiga girar e escapar, aproveita a destreza e rapidamente coloca o pelego sobre o rosto da criança, apenas para certificar-se que ela ficaria imune aos gritos e os braços cerrados firmemente.

Com o canivete de volta à mão, ele corta com violência o vestido na parte da frente. Rosalie, nessa altura, chora desesperadamente. Tentou gritar e se contorcer embaixo dele, mas todos os movimentos são em vão. Não tem força o suficiente e ninguém irá escutar.

Enquanto ainda empurra o pelego violentamente sobre a boca da menina, impedindo que qualquer som de socorro escape dali, ele permanece segurando um dos braços e firmando o pelego, com a outra mão tenta arrancar a parte superior do vestido, descobrindo o peito e o tórax da menina, que segue tentando gritar.

— Você é uma menina linda, mas muito inteligente. Uma pena seu pai ser tão protetor, pois eu seria capaz de fazer coisas incríveis com você sem que qualquer um dessa casa soubesse. — Disse, enquanto acaricia o pescoço da menina.

Avisada que Rosalie está procurando por ela, Catherine parte ao estábulo para encontrar a menina, pois acredita que a mesma queria brincar de esconde-esconde com ela. Muito comum entre as duas, o passatempo sempre acontece no estábulo, uma vez que existem várias baias disponíveis para esconderem-se.

Porém, naquele dia, Rosalie não está fugindo dela e nem mesmo brincando de se esconder. Felizmente Catherine procura pela menina sem fazer ruídos, pois acredita que estão em uma brincadeira.

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