Amizade

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— Cathy! Cathy! Cathy!

Catherine pode ouvir a menina gritando de longe e rapidamente perdeu toda a concentração que dispendia ao arrumar o arranjo de flores. Bem sabia que havia silêncio demais e que em breve a criança apareceria, mas não contava que fosse gritando e aos tropeços, assim que pisou no grande tapete da sala de estar.

Parando o que fazia, Cathy volta a atenção para a criança, que logo trata de começar a pular esbaforida, enquanto dá gargalhadas com a novidade que tinha por confessar. Desde que começou a incentivar que a menina procurasse mais os amigos, ela passou a ver algumas mudanças sutis no comportamento e nas atitudes de Rosalie. Nem sempre ela aceitava sugestões, algumas vezes era bastante dura ao sustentar as ideias que carregava consigo, mas ultimamente estava cedendo mais e mais aos encantos da vida, se assim Catherine podia dizer.

— Ei, pequeno furacão. O que aconteceu?

— Meus amigos virão aqui hoje! — Explica ela, enquanto pula.

— Avisou ao seu pai? Sabe que ele não gosta de visitas sem que esteja informado. — Perguntou, uma vez que preza pela precaução quanto a presença das crianças na casa, pois sabe que o patrão não se agrada de movimentações que não esteja sabendo.

— Aham, eu avisei sim. — Afirma ela, com as mãos na cintura, enquanto sorri desajeitadamente, quase confessando a mentira que tenta aplicar.

— Avisou mesmo? — Questiona.

— Sim, ontem. — Respondeu sorrindo, prendendo a atenção ao único anel e que usa no dedo anelar da mão esquerda. Ela já havia perdido quase todos os outros.

— E qual a sua sugestão? O que podemos preparar para o lanche?

— Para o lanche? Bolo, scotch eggs, suco de limão siciliano, alguns pãezinhos que a Justine faz, um outro doce e... — Informa a menina, olhando para as mãos abertas e enumerando tudo aquilo que quer dedo por dedo, deixando Catherine desconfiada do planejamento da criança.

— Ei, mas quantos virão? Faremos uma festa?

— Não, apenas Christopher, Cassie e Finn.

— E quando eles chegam?

A menina começa a rir como sempre ria nos momentos em que estava ao ponto de entregar alguma informação importante e que não havia confessado antes. Rosalie normalmente se comporta de forma comedida, mas aquela nova criança que está se apresentando aos poucos conta com algumas travessuras inesperadas.

— Daqui uns dez minutos? — Riu.

— Dez minutos? E a senhorita me avisa assim? Vão ficar aonde?

— Está tudo bem, Catherine, não precisa se preocupar, porque eu já pensei em tudo. — Diz, orgulhosa de como havia organizado o evento na cabeça, mas sem sequer dar atenção ao fato que havia esquecido de avisar sobre o acontecimento.

Catherine só espera que a menina de fato tenha avisado Francis sobre a presença de visitas na casa e por um momento arrepende-se de ter dito que sim. Pelo comportamento da menina, suspeita que ela esteja mentindo, mas não quer desafiá-la e preferiu arriscar a realização do pequeno evento para os amigos.

— Olha lá, hein, não vai nos meter em confusão.

— Promessa de vagalume!

— Sei.

— Prometo, Catherine. Vamos brincar no quintal, correr, nos esconder, construir algum novo castelo com os blocos, pular aquele pequeno riacho, brincar com as marionetes que papai me deu, pular do balanço, fazer alguns arranjos...

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