CAPÍTULO X

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Feyre

   Passamos pela cidade movimentada em poucos minutos. As carruagens andavam por uma rua de pedras cercada por colinas e áreas verdes, havia algumas casas em meio a elas, assim como plantações de todos os tipos. Ninphya possuía um brilho inexplicável em seus olhos enquanto observava aquela paisagem pacífica e paradisíaca. Tudo desde que chegamos algumas horas atrás parecia extremamente belo e cheio de vida. Parecia que as flores e as pessoas eram bonitas e alegres o tempo todo.

   Havia colocado a belíssima flor que recebi da pequenina Serena em meu cabelo adornando-o, de alguma maneira, a rosa combinava perfeitamente com minhas vestes. Nestha olhava a flor que recebera atentamente, a girando entre os dedos. Era uma rosa belíssima, tinha cores que me lembravam uma chama prateada, parecendo até ter sido desenhada. Iria pintá-la, iria pintar tudo, a cidade, as pessoas, as flores, pintaria tudo o que pudesse depois daquela reunião.

   Uma grande floresta avultava a nossa frente agora, as árvores eram altas com os troncos grossos e escuros, as folhagens pareciam chumaços de palha extremamente verdes pendendo dos galhos. A atravessamos tão rápido que quase não pude apreciar a vista. O cheiro de magia emanava de todos os lugares, era forte e parecia me chamar.

   O sol surgiu por entre as árvores no final da floresta, e perdi o fôlego ao avistar três, depois seis e por fim doze altas torres apontando para o céu. Do topo da colina ao qual a floresta se encontrava, avistei o que seria a visão mais bela de todas. Um castelo de prata e escuridão, brilhando. Era imenso, como uma cidade vertical de torres prateadas brilhantes, repleto de domos e corredores externos.

   Ao olhar para minha família, todos pareciam abismados com tamanha beleza.

— Acho que nosso castelo não se compara nem um pouco com grandeza disso! — Mor comentou boquiaberta.

— Com toda certeza, não — Cassian comentou, e Rhys soltou um resmungo baixo.

   As carruagens pararam por um breve momento, o que fez todos olharem Ninphya.

— Sejam bem vindos a Abbey, ou como todos por aqui chamam, a cidade prateada — Ninphya proferiu, nos olhando com um sorriso nos lábios.

   Conseguia entender o porquê do nome, a cidade que rodeava o castelo parecia brilhar diante da luz solar, havia vários pináculos de vidro dispostos em diversos pontos da cidade que pareciam irradiar uma luz branca única, quase como prata.

   As carruagens se puseram a andar novamente, e em alguns minutos, estávamos parados diante de enormes portões de ferro negro que davam entrada para a cidade. Assim que desci da carruagem, junto a Rhys, Cassian e Azriel, senti que uma camada espessa de magia estava impregnada naquele portão, assim como nos muros. Uma barreira, do qual os membros da corte da Grã Senhora haviam falado. Meu nariz ardia ao sentir o cheiro da magia forte. Meu corpo parecia pesado, como se o céu, de súbito, desabasse sobre minha cabeça, as montanhas e colinas se empurrassem em minha direção e até a terra, pareceu inchar na direção de meus joelhos. Cassian e Azriel encolheram as asas nas costas, pareciam incomodados e por um pequeno segundo pensei ter visto as heras que se agarravam aos muros se moverem para mais perto.

   Ninphya levantou-se de sua carruagem, descendo da mesma, então aproximou-se do portão, tocando-o com a palma da mão que brilhou levemente em uma luz azul-claro, e em menos de alguns segundos, o mesmo se abriu, dividindo-se em dois, afastando-se para dar-nos passagem, e a sensação pesada sumiu completamente. Ninphya olhou para mim, abrindo um sorriso polido, repleto de charme cortesão, e então subiu novamente em sua carruagem, com isso fizemos o mesmo. As carruagens passaram, os portões se fecharam em um piscar de olhos, rangendo. Bandeiras negras com o símbolo da corte ondulavam ao vento sobre a capital.

Corte de Luz NebulosaOnde histórias criam vida. Descubra agora