CAPÍTULO XII

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Feyre

   Depois do jantar Hearthys ficou à minha espera no grande salão da ala enquanto me arrumava, o jantar acabou em mais gargalhadas e brincadeiras, então todos se dirigiram aos seus quartos. Me vi no espelho uma última vez, estava usando um vestido cinza com brilhantes, ele era simples, mas muito bonito e se adaptava perfeitamente em meu corpo, já tinha avisado Rhys que sairia com Hearthys para um passeio. Assim que saí do quarto, Hearthys se virou para mim e sorriu, e só pude devolver outro sorriso a ela. Sem muita demora, ela começou a me guiar pelo castelo até a galeria de sua Grã Senhora.

   Finalmente, chegamos em uma ala com uma grande porta de vidro negro com arabescos e redemoinhos adornando-o, as soleiras eram feitas de carvalho escuro com heras de metal, era incrível, fiquei boquiaberta quando Hearthys abriu aquela porta fenomenal, mostrando um corredor que se estendia até uma enorme sala com dois andares visíveis, visto a grande escada de mármore branco como o piso, ao olhar para as pilastras fiquei ainda mais maravilhada, eram feitas de algum tipo de pedra que se assemelhava á noite estrelada, e ao longo do chão, um tapete vermelho se estendia. As janelas eram perfeitamente distribuídas deixando o lugar iluminado pela luz do luar, juntamente as luzes feéricas brilhantes flutuando nos lustres do teto, pareciam chamas prateadas.

— Esse lugar...É incrível — Falei olhando para todos os lados admirada, Hearthys estava um passo em minha frente e riu levemente.

— Minha Grã Senhora ama este lugar, se pudesse ficaria entocada aqui o dia todo, todos os dias. Gosto de quando ela pinta, ela sempre fica com um sorriso deslumbrante no rosto — Hearthys falou e pude perceber o carinho e devoção que ela tinha para com Ninphya.

— Você realmente gosta dela não é? — Falei, vendo a maneira carinhosa de Hearthys todas as vezes que falava de Ninphya.

— Sim... Devo minha vida a ela, ela me salvou sabe? — Hearthys indagou e se virou para mim, com o rosto envolto em gratidão — Eu era uma escrava, assim como muitos dos empregados daqui, de um Grão Feérico cruel... Não tinha família nem ninguém a quem me segurar, lá, naquelas minas e naqueles campos , eu soube o que era o próprio inferno... Já tinha perdido a esperança de um dia ser livre, até que Ninphya chegou com um exército, e nos libertou daquele homem... Nunca vou esquecer daquele dia, em que ela olhou para mim, uma escrava esfarrapada, sorriu e estendeu a mão dizendo: Você está livre agora, pertence a si mesma novamente, venha, não há mais nada com o que temer, está segura agora — Meu coração batia forte, Hearthys em nenhum momento parou de me olhar, ela mantinha um semblante calmo, porém distante, lembrando de tudo o que passara — Bem, acho que já falei demais não é? Estarei do lado de fora, caso precise de mim, explore o quanto quiser, como minha Senhora gosta de dizer, nossa casa é sua casa — Hearthys sorriu, seus sorrisos eram sempre sinceros e bondosos.

— Obrigada — Falei e sorri, e sem muita demora, passei a percorrer o grande corredor observando as pinturas penduradas, parei diante de uma, era belíssima, retratava um macho de pele cinza, os cabelos azuis eram longos na altura do queixo, também tinha tatuagens numa cor branca adornando o rosto, era um macho muito bonito, as orelhas eram um pouco alongadas e tinha o que parecia ser chifres partindo de trás da cabeça que se alongavam e curvavam-se em sua frente para cima, foram pintados com um azul brilhante misturado ao violeta. Seus olhos foram o que mais me chamou a atenção, brancos acinzentados, semelhantes aos de Ninphya, porém, quase se fundindo ao branco natural, por um momento, senti como se soubesse quem era aquela figura, o olhar me era tão... familiar. Fui tirada de meus pensamentos por passos, e ao olhar para onde eles vinham, vi Ninphya descendo as escadas, seguida pelo mesmo macho de cabelos brancos do episódio na reunião mais cedo.

— Olá — Ninphya estava sorrindo, não sabia o que dizer, por um instante me senti paralisada, mas logo pude me recompor e sorrir para ela.

— Olá, sua galeria é incrível... — Falei e fui sincera, era esplendida de todas as formas, além das pinturas que eram detalhadas e simplesmente perfeitas.

Corte de Luz NebulosaOnde histórias criam vida. Descubra agora