Raizes do Luto

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— Vocês dois vão acabar se machucando se correrem assim— A voz preocupada berrou ao ver as crianças correndo. Um sobre os ombros do outro. Ambos levantavam seus braços enquanto falavam em um tom lúdico,  que estavam correndo de um dragão.Licita riu, enquanto tentava não se preocupar, mas era difícil ainda mais, porque ambos tinham a pouco tempo quebrado seus braços. Em uma brincadeira parecida.

— Mamãe vê só eu sou forte…  ou o Irmãozão que é leve.— Asta berrou saltando com o irmão em seus  ombros. Eles caíram quase rolando para frente, por sorte o garoto sem magia se equilibrou enquanto corriam, fugindo do Dragão imaginário a qual criaram. 

—Ele tá chegando perto, mais rápido.— Liebi falou, sem se importar com a quase queda que tiveram, enquanto cortavam o terreno de terra batida. A maga de cabelos curtos , apenas se encostou na janela dando um olhar protetor às crianças.

— No fim, são apenas crianças. Não vão me ouvir.— Os olhos dela brilhavam, transmitindo uma paz, a qual ela nunca pensou que poderia ter. Dias calmos e sossegados, que eram apenas animados por seus filhos. Para ela, o passado com seus erros pareciam tão distantes e cada vez mais insignificantes perante aquele pequeno mundinho que os três tinham juntos.

Mas o choro alto de Asta cortou o ar, enquanto Liebi tentava o acalmar, a maga correu até o mais jovem o pegando no colo, enquanto ele se afundava em seu peito, molhando sua camisa com suas lágrimas.

—A...A...culpa foi minha mãe eu não.. — Liebi tentou se desculpar, mas a mão gentil de sua mãe, passou por seus cabelos de forma lenta,o tirando totalmente daquele olhar tristonho.

—Tudo bem, tudo bem, vocês são crianças. Eu deveria ter ficado de olho em vocês.— Ela falou, enquanto  sentia Asta fungar em seu peito. O cheiro de sua mãe, uma fragrância a qual nem um dos dois garotos mais esqueceram. Ou de seu colo quente e protetor.

Asta que chorava alto, aos poucos se acalmando, enquanto os três retornavam para a pequena cabana.

—Mamãe… tem um cheiro bom— O menino falou, entre as lágrimas, para tentar esquecer a dor de sua perna machucada. E do corte que pingava seu sangue. Liebe por culpa apertou com mais  força a mão da mãe.

— Você também acha isso Leibe.— Ela perguntou para o mais velho que apenas a olhou antes de dizer.

—Sim…

—Como é o cheiro da mamãe então.

—Doce..

— Parece aqueles doces.

—Com flores de laranja…

—Sim …

—Mãe vamos ficar juntos pra sempre.?

—Sim.

—Você promete.— As vezes infantis falaram juntas.

—Sim mamãe promete.— 

Aos poucos tudo ficou turvo e desaparecia . A sensação quente se tornou uma dor aguda. E o doce aroma de sua mãe é apenas uma velha lembrança de um sonho de tempos felizes.





×-×-×-×

Asta acordou com os olhos marejados, ignorando  totalmente a dor que sentia, sua cabeça parecia girar. Aquele sonho, foi de uma lembrança,  antiga de um momento a qual ele tanto tempo quase se esqueceu. Assim que se recuperou um pouco, ele olhou para onde estava, no teto um piso de madeira que revelava um provável segundo andar ou um sótão , paredes de pedras  o cercavam, junto a um conjunto simples de móveis de madeira, ele se levantou cambaleante .

Chamas do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora