Capítulo 2-Daddy is a busy man

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Capítulo 2
Papai era um homem ocupado, mas isso não queria dizer que não era um bom pai, na verdade, desde que minha mãe nos abandonou, ele tem sido o melhor pai do mundo. Todas as manhãs, ele se aventura na cozinha e prepara algo delicioso, ou não, para nós. Acho que ele tenta me agradar para que eu não parta como minha mãe.
Quando ela o trocou por seu melhor amigo de infância, meu pai ficou arrasado. Ele a amava com sua vida, e ela o traiu sem pestanejar, uma completa idiota. Porém, apesar dos pesares, meu pai recebeu uma bela promoção alguns dias depois que minha mãe foi embora da cidade nos deixando para trás, e foi assim que viemos parar nesse buraco de mundo mais conhecido como Green Valley. Ainda me perguntava como um lugar tão pequeno poderia ser considerado cidade.
A principio, a ideia de abandonar minha vida em Atlanta pareceu surreal, mas aquilo faria bem ao meu pai, então aqui estou. Felizmente a cidade conta com sua própria universidade, o que me facilita a cuidar de meu pai e meu irmão caçula. Depois que ela partiu, tudo mudou, mas estamos bem.
Toda sexta-feira eu fico encarregada de fazer o almoço para mim e meu irmão, já que papai trabalha até tarde e não pode voltar para casa. As vezes, eu levo o almoço até seu trabalho, um pequeno agrado de sua adorável filha, ou pelo menos é o que ele deve pensar. Logo em frente ao trabalho de meu pai, está situada a mecânica Hell's Angels. Todos na cidade conhecem os boatos sobre ela, que é apenas uma grande fachada para algum esquema ilegal, onde os atuantes são o clube de motociclistas local. Bom, no fim boatos são apenas boatos quando não há uma única prova. 
Apesar de todo esse mistério ser intrigante, não era ele que me deixava curiosa sobre a velha mecânica. Daryl Dixon trabalhava lá. Por incontáveis vezes me escondi atrás do poste situado em frente a delegacia onde meu pai trabalha, com apenas a pequena esperança de vê-lo mais uma vez. E hoje não foi diferente.
Quase como uma stalker, aqui estou eu, com minhas mãos que seguram firmemente o poste, e meus olhos que  o observam a distância. Aquilo era algo extremamente bobo, e que se Valentina descobrisse com certeza ririam de mim para todo o sempre, mas como uma pessoa perdida em um sentimento confuso, aquela era a minha única outra forma de vê-lo sem ser na lanchonete, e em um lugar onde ele interagia com mais coisas do que o prato de comida.
O dia estava quente e ensolarado, e Daryl trabalhava no motor de um velho carro, seu peitoral a mostra fazendo minha mente impura trabalhar cada vez mais rápido. Me sentia quase como uma pervertida, mas o que podia fazer se aquela imagem era tentadora?
Em transe, observo cada detalhe de sua pele, desde a tatuagem em seu ombro, até seus braços com veias saltadas pelo trabalho braçal. Seu suor ao qual o Sol ressaltava me faziam criar diversas imagens regadas pela luxuria. Deus, me perdoe, por favor. Era o que repetia a mim mesma toda vez que começava a criar alguma fantasia completamente fora de minha triste realidade.
???: Está olhando o que?- Estava tão imersa em meus obscenos pensamentos, que mal notei a presença dele ali. Um forte calafrio percorrendo meu corpo, o medo de ser descoberta fazia meu coração acelerar ainda mais.
Devagar me virei para olhar meu pai, ou mais conhecido como o xerife Rick Grimes. Apesar de ocupar o cargo por quase dois anos, ainda era engraçado vê-lo naquele posto, provavelmente nunca me acostumaria. Engolindo em seco encarei seus olhos, e logo depois desviei o olhar tentando elaborar uma boa mentira. Minhas mãos desceram até a alça de minha bolsa a torcendo de leve, eu detestava mentir.
Angel: Nada de mais, apenas fiquei curiosa sobre os boatos.- Um leve sorriso se formou em meus lábios, e forcei meus olhos a encara-lo, eu sabia que ele sabia quando eu mentia, e tudo o que menos precisava era que meu pai descobrisse meus sentimentos por um homem como Daryl.
Rick: Não se apegue muito a eles, são apenas boatos até onde sei.- Com suas mãos nos bolsos, ele olhou em volta e examinou a rua vazia, logo depois levando uma mão a sua cabeça ajeitando o chapéu.- Sabe que não precisa trazer o almoço para mim, não sabe?- Meu pai detestava sentir que estava me incomodando de alguma forma, mas aquele pequeno gesto meu, tornava seu dia mais feliz, ele não precisava saber de minhas segundas intenções. Com um sorriso no rosto, ele se aproximou de mim e estendeu uma mão para que eu lhe entregasse a pequena vasilha que continha a comida.
Ainda meio nervosa pelo susto que meu pai tinha me dado, balanço a cabeça negativamente tentando afastar todo o medo para longe de mim. Retiro minhas mãos da alça de minha bolsa, e as levo até seu interior retirando a vasilha e entregando para meu pai.
Angel: Você sempre diz isso, mas eu não vou deixar uma dessas policiais oferecidas te convidarem para almoçar.- O tom de minha voz era brincalhão, mas continha um pouco de verdade. Nunca gostei de nenhuma namorada do meu pai, todas eram insignificantes de mais para um homem como ele. Eu sabia que ele precisava de alguém realmente bom ao seu lado. Ele, por sua vez, apenas rio de minha afirmação.- Vou voltar tarde hoje, e Carl vai dormir na casa de um amigo.
Rick: Vai aonde e com quem?-Seu tom de voz severo me fez sorrir, ele era extremamente protetor comigo e Carl, mas comigo era o triplo, provavelmente pelo velho clichê de ser sua menininha.
Por alguns segundos ponderei se realmente devia ir a aquela tal festa, quer dizer, seria legal, mas ver Tyler com certeza era meu maior temor. Desde o dia em que o confrontei sobre aquela ridícula mentira, ele nunca mais falou comigo, porém não é difícil de notar as longas encaradas que recebo durante as aulas vindas dele. Será que é assim que Daryl se sente com relação a mim? Mais uma vez ele retornando a minha mente.
Angel: Vou a uma festa na casa do Tyler, Tyler Miller.- Um sobrenome muito conhecido em nossa pequena cidade, afinal, os Millers eram donos de metade da cidade, tinham tanto dinheiro que seriam capazes de comprar até mesmo a meu pai se quisessem.- A Valentina vai comigo, não precisa se preocupar. E antes que comece, eu sei as regras! Nada de beber de mais, nada de ir para o andar de cima com garotos estranhos e...-Ele me interrompeu.
Rick: Sei que sabe querida. Apenas tome cuidado e mande um abraço para a Tina, eu realmente tenho que voltar ao trabalho agora. O governador está no meu pé, quer que eu examine algumas gravações de uma câmera de vigilância. Provavelmente não é nada, mas tenho que mostrar serviço.- Respirou fundo, e logo depois se aproximou de mim dando um abraço apertado, ao qual retribui rapidamente. Sabia o quanto meu pai podia estar estressado e, apesar de pouco, um abraço podia ajudar muito. 
Após esse gesto, nos despedimos uma última vez antes de vê-lo adentrar as portas da delegcia, e eu enfim poder partir deixando meus pensamentos impuros para trás. Mas, como uma viciada, eu precisava ver Daryl uma última vez. Retornando ao meu posto atrás do velho poste, o fitei, mas, para a minha surpresa, ele olhava exatamente para minha direção. Olhares vidrados em mim, pela primeira vez. Aquele simples ato me fez paralisar e sentir uma série de calafrios percorrerem meu corpo.
Apenas quando ele sorrio de canto e desviou olhar ,voltando a trabalhar no carro, foi que consegui me mover. Naquele momento, sentia como se todo o ar tivesse ido embora de meus pulmões e retornado com força total logo em seguida. Me sentia envergonha, e me perguntava se ele sabia que eu o observaria. Talvez sim, talvez não, não tinha como saber e aquilo me corroía fazendo minhas bochechas esquentarem em uma vergonha total. Sem pensas duas  vezes, sai daquele lugar andando o mais rápido que podia, retornando para a minha casa onde poderia me martirizar por horas a fio.

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⏰ Última atualização: Mar 09, 2021 ⏰

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