Ariadne.

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Estava sentada em umas das mesas do café, a frente estava uma cadeira vazia. Estava olhando constantemente para o relógio de pulso aguardando o horário marcado. Prestava atenção em todas as pessoas que passavam ali e aguardava alguma se aproximar, já que não conhecia o rosto de K, também não sabia que tipo de pessoa ele era, então acabou que isso pode acabar sendo difícil pra mim.

Aguardando por uns minutos, vejo um rapaz não tão alto se aproximar, e seu rosto era estranhamente familiar, sinto que já o vi ou que o conheço. Ele tinha os cabelos longos e as pontas loiras, batiam mais ou menos até seu ombro. Estava com um casaco moletom preto meio aberto, pude sentir um aroma de hortelã a cada momento em que ele se aproximava. Me perdi totalmente ali.

"Com licença... Komaeda, não é?" - o rapaz parou na minha frente e se curvou a mim.

"Ah, sim, sim. Você é K?" - levantei-me e me curvei de volta a ele.

"Sou sim, mas me chame de Kenma, é um prazer revê-la."

"Revê-la?" AH!

Kenma Kozume, não me esqueceria desse nome... Ele fazia parte da formação masculina de vôlei na escola onde eu estudava, era bastante popular pela sua prática esportiva. Já nos conhecíamos antes disso, estudávamos até na mesma sala... Que mundo pequeno.

"Kenma? Acho que me lembrei de você. Quanto tempo, não?"

"Eu que o diga. Não esperava encontrá-la como entrevistadora. Me lembro que você preferia jogos ao invés de escrever." - ele soltou uma risada bonitinha enquanto se sentava a minha frente.

Parecia não ter envelhecido desde o ensino médio. Ele já deve estar com quantos anos? Vinte e quatro? O tempo fez bem pra ele.

Sentei-me novamente na minha cadeira, abria o questionário no meu notebook enquanto ele fazia um pedido a atendente, acho que ele pediu um café para ambos.

"Bem, por mais que sejamos conhecidos, se importaria se eu gravasse nossa entrevista? Para caso ocorra erros em interpretação."

"Oh, sim, está tudo bem."

O vento passou rente ao seu rosto e fez seus cabelos voarem, isso me deixou nervosa de alguma maneira, eu nunca reparei o quão bonito ele era.
Liguei o gravador do meu celular e iniciei as perguntas.

Depois de alguns minutos ou talvez uma hora, várias perguntas já haviam sido feitas, pessoais, a trabalho ou questionários básicos, a essa altura já tinha preenchido totalmente a minha pasta. Ele era específico e direto em relação as perguntas, não enrolava nadinha e seu tom sempre saía suave, isso era perfeito para um lançamento.

Tomei o último gole do café enquanto ele parecia me encarar atentamente, isso também parecia ser algo comum dele, era atento e talvez pense mais do que fala.

"K, digo... Kenma, posso te perguntar uma coisa?"

"Claro." - ele ainda parecia atento.

"Por que especificou que queria ser entrevistado por mim?"

"Ah, isso..." - ele suspirou e coçou a nuca. - "Eu sou um grande fã dos seus projetos desde a capa de agosto do ano passado. Você escreveu um coluna na capa sobre questões de juventude e depois disso, li a maior parte das suas obras em revistas, principalmente as adultas. Me senti interessado na sua forma de escrever."

Uau, isso foi inesperado. Nenhuma das pessoas ao meu redor lêem minhas obras, então nunca cheguei a receber um elogio vindo de fora.

"Depois de pesquisar sobre você, descobri que você nunca revelou seu nome ou rosto, então sua companhia me ofereceu uma entrevista e me vi na oportunidade de poder elogiar seu trabalho pessoalmente.
E acabou que, por coincidência, eu já te conhecia."

𝐃𝐎𝐔𝐁𝐋𝐄 𝐊𝐈𝐋𝐋, 𝖲𝗎𝗇𝖺 𝖱𝗂𝗇𝗍𝖺𝗋𝗈𝗎.Onde histórias criam vida. Descubra agora