𝐃𝐎𝐔𝐁𝐋𝐄 𝐊𝐈𝐋𝐋, 𝖲𝗎𝗇𝖺 𝖱𝗂𝗇𝗍𝖺𝗋𝗈𝗎.

Kiss It Make Off.

— Entre. Eu estava esperando por você. — Kenma abriu a porta, me acompanhando até a parte interna de seu estúdio.

Eu não o vi desde aquele dia, isso é um pouco estranho.

Sinto que deveria falar sobre o artigo primeiro.

— Kenma...

— Eu tive que chamar você ao meu estúdio porque estou um pouco cheio com o trabalho. — ele me interrompeu. — Meu assistente estará no estúdio conosco.

— Tudo bem.

Conforme nos aproximávamos, vi um garoto de cabelos ruivos e um pouco menor que Kenma carregando uma de suas telas, ele estava de moletom e seus cabelos eram grandes, aparentemente ele também era fotógrafo, por isso estava ajudando Kenma.

—  Olá! Eu vi suas fotos, elas são fantásticas e você conseguiu ser mais bonita que nas fotos! Já pensou em modelar no futuro? Eu também gostaria de falar com você sobre isso, se estiver tudo bem pra você!

O ruivo disse, energético. Ele passava uma energia animada, estava com um sorriso contagiante que me dava vontade de sorrir também.

— Deu pra ver que ele gostou de você. — Kenma disse conciso.

— Eu agradeço, de verdade. — dei um sorriso para o garoto, me curvando como agradecimento.

— Hinata, estaremos lá em cima. Você pode cuidar do que eu te pedi e se precisar de algo, me ligue. — Hinata concordou e subimos até seu quarto.

Nos sentamos um na frente do outro, este quarto estava mais impecável do que nunca, como se nunca tivesse sido habitado, isso foi o suficiente para me perguntar se o que passei naquela noite em seu quarto era real.

Tirei o notebook e o coloquei em cima da mesa de apoio, tirando meu celular da bolsa.

— Tudo bem se eu gravar a entrevista? Eu prefiro fazer contato visual dessa vez ao invés de ficar olhando para o notebook.

— Por mim, tudo bem. — ele concordou, se ajeitando no assento.

— Então, aqui vamos para a entrevista final... — liguei o gravador do celular, o colocando em cima da mesa. — Antes de começarmos, eu realmente gostaria de te agradecer...

— Pelo quê?

— Por me escolher. Por me dar essa oportunidade me contar a sua história e ouvir a minha. Obrigado.

— Você não precisa me agradecer. — ele disse em um tom manso.

— Como você chegou nesse tema “A perda do amor?” Até agora seus trabalhos eram focados mais nos sentidos do que nas emoções. Fotografia é um meio visual em si e os críticos tendem a descrever seu trabalho como "arte que exclui todas as emoções". Você pode me explicar brevemente o que quer nos mostrar dessa vez?

— Para ser honesto, eu não pensei muito sobre o tema...

Eu não gostei dele no começo.

— ...Eu apenas tiro o que eu gosto, coloco significado e as nomeio, não é nada em especial.

Ele casualmente aborda sua arte na representação do amor sexual, é uma atitude que diz que ele não ss importa com que os outros pensam, apesar que no fundo eu saber que tinha haver com seus mistos de complexo de inferioridade.

— Isso é como acontece com várias pessoas criativas, eu espero.

— Eu ouvi que meus trabalhos faltavam emoções expressivas desde que eu iniciei a fotografia e isso não foi intencional, mas essa foi a primeira vez que eu prestei atenção nisso. Eu me perguntei sobre essas emoções que são tão vívidas que quase pode vê-las. Bom... Principalmente amor e tristeza.

Eu engoli minha resposta para a sua confissão.

Eu não quero mais confiar nele só porque eu estava sozinha.

— Nesse caso, apenas o "amor" pode ter funcionado. Por que você optou pela perda do amor? —

— Eles são diferentes? — ele me questionou.

— Eu vejo o amor como uma emoção e a perda mais como uma situação.

Eu o considerei uma pessoa boa, alguém que era curioso para saber sobre mim.

— Eu acho que os dois estão no mesmo nível...

Alguém que disse que nós compartilhamos uma similaridade.

— ....Amar alguém sempre vai deixar você mais sedento por mais, certo? Não importa o quão forte um casal seja, eles sempre serão pessoas diferentes. Um não pode absorver o outro, não há como se tornarem um. Esse sentimento de felicidade que você tem no amor está destinado a mudar em um instante... mesmo que seja apenas vendo uma pessoa que você ama em uma relação com outro alguém é uma sensação esmagadora. Uma tristeza ainda maior. — ele deu uma longa pausa, inspirando antes de falar novamente. — Eu precisava de uma história. Eu queria tirar fotos que contavam de uma certa distância. Acredito que fui arrogante em pensar dessa forma, depois tudo se tornou demais.

— Bem...

— Eu gostei do projeto, do começo ao fim. Eu estou feliz por ter encontrado um grande modelo.

Acenei com a cabeça, desligando a gravação.

— Eu tenho algo para te perguntar também... Esse artigo foi decisão sua?

Ele parece triste. Eu fui e relevei algo que ele não queria que o público soubesse sem o seu consentimento.

— Me desculpe se soltei isso sem sem te consultar. Isso deve ter te pegado de supresa, eu deveria ter contatado você sobre isso mas eu não consegui segurar.

— Eu fiquei um pouco surpreso, mas eu presumi que deveria ter uma razão... ou a revista estava cobrando uma grande informação sua ou você precisava disso por um motivo pessoal. Qual deles é? — me questionou, se remexendo na cadeira. Ele estava compreensivo até demais, seu tom estava calmo, apesar de tudo.

— Eu estou sendo egoísta, na verdade... — suspirei, tirando os fios de cabelo que caíam sobre meu rosto. — Teve um escândalo sobre Suna e eu queria algo para tirar a atenção dele. Eu estava desesperada. Me desculpe.

No momento em que eu quebrei a confiança que ele tinha em mim, todas as conversas e segredos que compartilhamos naquela cama em um momento se tornou numa bolha prestes a ser estourada.

— E sobre você?

— Eu...

— Eu pensei que estaria em choque com a reação da publicação, certo?

— Sim, eu não vi os comentários.

— Eles provavelmente iriam se apaixonar por você também... é o tipo de pessoa que você é. Também... eu continuo esperando sua resposta. — ele me olhou, apreensivo com os ombros baixos, comprimindo os próprios lábios.

“Mas eu quero estar em um relacionamento com você, eu vou te tratar bem, eu prometo. Eu quero me enterrar no vazio que ele deixou em você.”