Eu me sentia hesitante em me tornar uma parte de sua história.
O relacionamento que antes havia falhado me deixou com cicatrizes e eu falhei em usar isso como desculpa para me esconder. E ao contrário do que possa parecer, eu tenho medo de me machucar, eu não saberia lidar com isso de nenhuma forma, nenhum dos meus mecanismos de defesa são saudáveis para mim e eu odeio isso.
Eu perdi a presença da minha mãe quando era mais novo. Lembro-me de ralar o joelho jogando futebol quando mais novo e fazendo as bandagens por conta própria. Meus irmãos não tinham lá a presença certa na minha vida, a manipulação que minha mãe me fazia só contribuiu mais com a minha dificuldade de expressão, não havia forma alguma que me tirasse daquela confusão a não ser ela.
Eu odeio minha mãe, odeio meu padrasto, odeio meu irmão, odeio a mim mesmo.
Eu demorei para perceber o que se passava, demorei cinco anos para ver que estava apaixonado por uma pessoa que sequer tinha capacidade emocional para retribuir o meu amor e não esteve tudo bem quando percebi que foi tudo piorando. Eu quero tudo que a envolva, desde uma amizade na qual compartilhamos histórias de relacionamentos, um vínculo compartilhado entre membros da família ou até uma conexão próxima entre amantes.
Nós dois sempre tivemos uma dificuldade em nos comunicar, como se estivessem os em uma sala secreta dividida por uma parede transparente, ela não me ouve e eu não posso ouví-la. Eu posso comparar nossa relação com uma caixa de música que vem tocando a mesma música várias e várias vezes, até aparecer K e representar uma ameaça para nossa relação estagnada. Quando o bloqueio que nos mantinha seguro começou a ruir, eu me senti ansioso pela primeira vez na possibilidade de que perdesse ela. De repente, eu percebi que meu mundo não era um conto de fadas, mas uma fria e dura realidade.
Razões óbvias que nos manteram separados me forçam a enfrentar novamente a principal adversidade da minha história.
O sentimento de ansiedade se tornou áspero. Eu não escondi mais meus sentimentos de ciúme e comecei a exigir o amor dela. No início eu me senti ressentido por ela ter quebrado as "regras" do nosso relacionamento por conta própria, mas eu sei que ela passou por tantas dificuldades quanto eu e passei a entendê-la melhor, mas eu não sei o que deu de errado, eu pensei que saberia tudo sobre ela.
Esses eventos novos me mudaram e eu comecei a tomar decisões em base no que eu sinto, independente se isso teria a sua aprovação, não conseguiria nada de dependesse dela. E mesmo se fosse, o que me fez pensar que ela largaria tudo por mim? Aquelas palavras no hotel foram o suficiente pra mim, fui partido em mim pedaços contra a minha vontade em todo o momento em que ela me viu como vilão da sua história, mas talvez eu realmente seja. Bem tanto faz, esquece.
Na primeira oportunidade de vê-la, eu agarrei com força. Ela parecia mais bonita como antes, seu olhar havia mudado para mim, eu percebi que gostava mais dela quando estava vestida de preto. Isso não é relevante, é? Não, talvez não seja, bem, talvez, eu não sei.
Quando a vi naquele corredor, pude ver que era ela aquela pessoa e como ela parecia bonita ao meu olhar, vendo aquela tão irrelevante foto que me causava ânsia, eu podia ter desistido de tudo desde o início, mas uma decisão minha foi querer ir atrás novamente, ou talvez eu não queira, apenas queria ter um final adequado para nós dois. Os dois chorando numa porta de hotel, quanta besteira, eu acho, não podíamos fazer isso da maneira certa?
Se aproximou de Luka, percebendo a certa hesitância que ambos tiveram no início, mas não demorou muito para que estivessem juntos novamente. Aquele sentimento de inferioridade sumia perto da outra, mas a realidade ruim era a certa, a que não daria certo. Não queria mais fazer sacrificios.
Embora seus lábios tivessem demorado para se moverem, ficaram sentindo o calor um do corpo do outro, a forma ridícula que se tocavam como se fosse a primeira vez chegava a ser desesperado. Agarrou a cintura alheia, sendo o mais delicado possível com esta.
As pessoas que estavam ali viram a cena, a escória.
Ponto de vista alterado.
Os gritos e vozes extremamente altas eram abafadas pelas paredes, mas ainda sim podia ouví-los gritando e discutindo entre si enquanto os empregados da casa pegavam com cuidado os cacos de vidro e talheres espalhados pelo chão.
De repente, pude ouvir mais alguma coisa de vidro se quebrando no chão enquanto a mãe se Suna gritava e meu pai continuava a levantar o tom de voz e aumentava cada vez mais. Lágrimas desciam discretamente pela minha bochecha enquanto eu puxava o ar inúmeras vezes.Suna sentou-se no chão, ao meu lado, olhando fixamente para a porta enquanto seu olhar parecia indiferente, ele segurava o celular em mãos e parecia estar perdido em seus próprios pensamentos enquanto via aquela cena um tanto desesperadora e angustiante.
Me afastei do rapaz, sentando o mais longe possível do degrau da escada, tirando os fios de cabelo que caíam sobre meu rosto e grudavam na bochecha com as lágrimas.
— Eu pensei que você me amava. - resmunguei, limpando as lágrimas.
— Às vezes a gente precisa de alguém pra vangloriar, mas isso durou mais do que eu esperava. — ele saiu do degrau.
Antes que ele pudesse sair pela porta da frente, eu chamei sua atenção.
— Suna...
— Eu não... Desculpe. — o seu tom embargado me fez vê-lo de uma forma que eu nunca havia o visto. Podia sentir que ele estava segurando o choro e que não estava bem, mas até alguns minutos atrás, eu também não estava.
Senti meu corpo formigar e minha respiração falhar, minha cabeça começou a doer a cada discussão que tinham ali. Mitsuko já havia ido embora, só estava eu desse lado e eles do outro. Tentei regular minha respiração, inspirando fundo. Meu celular começou a tocar e no mesmo segundo eu atendi, não ouvi nada além de um "olhe seus e-mails" e quando fui checar, havia um arquivo de vídeo.
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ta porra que depois dessa eu vo ser massacradakkkk agora é com vocês lidando com essa confusão 😁
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𝐃𝐎𝐔𝐁𝐋𝐄 𝐊𝐈𝐋𝐋, 𝖲𝗎𝗇𝖺 𝖱𝗂𝗇𝗍𝖺𝗋𝗈𝗎.
Romance⠀⠀ ❨ 𝗖𝗢𝗡𝗖𝗟𝗨𝗜́𝗗𝗔. ❩ Dois jovens cercados por seus desejos e ambições se relacionando, estando vinculado eternamente ao seus sentimentos e memórias. Se conheceram após seus pais se casarem repentinamente com negócios de grandes empresas...