Délicadensse.

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Esfrego meus olhos com os dedos de uma das mãos enquanto olho para a tela do celular, já elaborando mil e umas desculpas antes de respondê-lo.

Eu estava trabalhando, só voltei pra casa agora.

Puxo o ar com força enquanto ainda prestava atenção no celular, estava trocando mensagens com Suna, ele parecia estar irritado pelo que dizia em texto, mas pouco me importei com isso.

Mordo meu lábio colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha, logo jogando meu celular sob o sofá e subtamente, saltando ali após respondê-lo.

Estava mais focada no que havia acontecido no carro do que com o que me questionariam. Passei o dedo entre meus próprios lábios me lembrando do seu toque que era inesquecível, pelo menos pra mim. Foi um baque enorme e repentino.

Aérea, tateio entre as sacolas de compras a procura de uma lata de refrigerante.

"Eu quero te ver novamente" ...

Aquilo ainda soava na minha cabeça, pouco me importei com o fato de que o encontrei pessoalmente agora uma ou duas vezes.

Bem... Poucos questionamentos e mais trabalho.

...

Concentração total, era o que eu tinha como definição enquanto escrevia, revizava, anotava e mexia no meu notebook. Estava sentada em uma das mesas de uma lanchonete pouco movimentada, era ideal para minha concentração enquanto eu precisava de cabeça para reescrever a coluna sobre a visita que tive no estúdio de Kenma, mas sempre que escrevia sobre o clima, me lembro do que aconteceu no carro, se passava pela minha cabeça inúmeras e inúmeras vezes como se estivesse em repeat, isso consequentemente tirou totalmente minha atenção do foco do artigo.

Desapontada, assopro uns fios de cabelo que caíram sobre meu rosto e me levanto, indo até o lado de fora da lanchonete. Enfio minha mão no bolso a procura de um isqueiro, mas apenas achei uma caixa de cigarros. Ótimo.

Eu queria fumar.

Nesse curto período aéreo, eu ainda pensava sobre como funcionaram as coisas a partir de agora. O que aconteceu foi por acontecer ou isso vai ter um futuro, mesmo que seja vago? Talvez seja rápido demais pensar nisso, é fútil pensar na ideia de que Kenma realmente esteja interessado em mim, mesmo que no fundo eu saiba que sim.

- Por que parece tão chateada, gatinha?

Uma mão toca em meu ombro e antes que eu me desse conta, minha circulação parou por um instante devido ao susto; estava aérea demais. Subitamente me virei e me deparei com Suna, ele estava com uma das mãos no bolso de sua jaqueta.

- Oh, eu te assustei?

Ele deu uma gargalhada e logo, dois tapinhas no meu ombro.

- Idiota, quer me matar?

- Em alguns momentos, sim.

Ele segurou minha cintura e me deu um selar discreto no lábio inferior, logo passou a mão pelo meu cabelo.
Suspiro e me desprendo de seu toque, indo em direção à mesa que estava meu notebook.

- Você não deveria estar trabalhando?

- Bah, eu venho aqui sempre que me sinto entediado. Não sabia que você vinha aqui também.

Sentou-se na cadeira ao meu lado, assim ele pousou uma de suas mãos na minha coxa, olhando para a tela do meu notebook. Conscientemente, fechei o computador e ele me encarou.

- O que foi? Está escrevendo aquelas colunas eróticas de novo? Não é como se eu não conhecesse isso de você.

Pensar que seria mais conveniente ele achar que eu estava escrevendo uma coluna erótica do que uma entrevista com K é estranho. Se ele ligar o mínimo vai entender que no carro, ontem, eu estava com K e ele iria me questionar mais mil coisas.

𝐃𝐎𝐔𝐁𝐋𝐄 𝐊𝐈𝐋𝐋, 𝖲𝗎𝗇𝖺 𝖱𝗂𝗇𝗍𝖺𝗋𝗈𝗎.Onde histórias criam vida. Descubra agora