Capítulo 14 - I'm here by your side

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“So don't worry, don't worry

I'm here by your side

By your side, by your side

We're letting go tonight!”

Burn the Pages - Sia

O sol tocava o meu rosto o esquentando, no céu havia nuvens brancas e a água brilhava enquanto ondulava. Os pássaros voavam no céu azul, enquanto os patos nadavam tranquilamente na água morna do lago, eu sentia a grama abaixo do meu corpo, olhei para o céu como fazia todas as vezes que ia ao lago, meu corpo estava em repouso naquele chão macio enquanto minha mente vagava na imensidão celestial.

Era uma manhã de domingo, eu vestia uma bermuda xadrez e uma camisa branca, nos pés estavam meus velhos e rasgados All Star que pintei com caneta hidrográfica fazendo desenhos aleatórios por sua extensão branca.

Minha pele havia ganhado cor nos últimos dias, na verdade desde que Luciano voltou algumas coisas melhoraram. Meus olhos não estavam, mas tão marcados pelas olheiras, meu voltara a me alimentar melhor. Luciano sempre aparece no meu quarto com uma fruta ou minhas refeições do dia. Sinto-me um pouco mais forte, mas ainda sim sou assolado pela minha doença.

Ele estava do meu lado, suas mãos passeavam pela minha cintura acariciando meu corpo e subiam em direção aos meus braços, eu sentia o calor que emanava do corpo dele, podia ouvir a respiração tranqüila, mas atenta dele. Seus lábios tocavam cm freqüência minha cabeça e meu rosto. Ele vestia uma bermuda jeans, uma camisa branca por baixo da camisa xadrez que estava aberta, além do All Star.

Estávamos perto de uma enorme arvore de copa tão grande quanto sua grandeza, lá estava estendida uma toalha xadrez vermelha e uma cesta de piquenique. Mas eu precisava sentir um pouco, talvez isso soe mórbido, mas eu queria aproveitar os desejos mais insignificantes para a maioria das pessoas. Ao contrario da ultima vez Gab não havia se distanciado, apesar de eu ter tentando fazê-lo viver um pouco, ele ainda estava freqüentemente na minha casa e assim como Luciano agora ambos me vigiavam e quando um não estava o outro sempre estava por perto.

Sei que não deveria tirar onda à preocupação de ambos, mas todos os números de discagem rápida são para alguma emergência. Eles não querem perder tempo, como eles me disseram cada segundo conta e então todos inclusive meus pais estão nessa vibe.

Já fazia algum tempo que eu não saia de casa, não me sentia livre dessa forma. Eu estava debilitado e é complicado porque não posso estar desacompanhado e Luciano não se afasta de mim, ele já havia pedido permissão para meus pais para dormir lá em casa, no meu quarto. E ao que parece meus pais haviam deixado, na verdade não entendo o porquê da permissão e porque a conversa demorou em torno de uma hora e meia e ate Gab participou da mesma.

E por falar em Gab ele também se mudou para o quarto ao lado do meu. Agora terei meus pais de um lado, Gabriel do outro e Luciano na minha frente. Eu acho um exagero, mas não posso e nem vou reclamar. Eu também não sei o que faria se tivesse um filho nas condições em que estou agora. Apenas conheço a dor que eles sentem todos os dias à noite. Sei que meus pais choram e Gab não sabe, mas ouço-o chorando às vezes no quarto escuro ou fazendo companhia a meu pai. Ambos não falam muita coisa, mas sempre acabam chorando em meio aos vídeos.

É uma tortura.

- No que esta pensando? – a voz de Luciano me tira dos meus devaneios.

Sua mão me puxa para mais perto me fazendo deitar de lado e direcionando minha cabeça para repousar em seu peito.

- Em você, Gab... Meus pais...

Ele apenas respirou tranquilamente e me beijou a cabeça.

- Me desculpe...

- Pelo que? – perguntei.

- Quebrei minha promessa com você. – disse ele acariciando meu braço.

Aninhei-me em seu corpo.

- Quem quebrou seu coração foi eu.

- Eu sei, mas você já havia feito coisa pior e eu não desisti de você...

- Havia uma grande diferença do antes para o durante.

Ele riu.

- O que foi? – indaguei curioso.

- Você continua o mesmo. O mesmo cabeça dura e birrento por quem sou apaixonado.

Apenas esbocei um sorriso. Eu poderia passar meus dias me lamentando de muitas coisas que eu fiz e de tudo que eu queria fazer, me arrepender de minhas decisões e avaliar se eu deixei de amar ou não algumas pessoas de verdade, poso dizer que mudei nesses anos e não sou mais o garoto ingênuo. Mas ainda sim sou tão suscetível aos erros quanto à maioria.

Marcos estava namorando um cara, não sei muita coisa, mas saber disso me incomodou um pouco. Tenho a péssima mania de me apegar a algumas coisas e demorar a digeri-las por isso sofro tanto. Lucas ainda mantém contanto comigo, mesmo ele tendo arranjado um namorado, mas este não sabe que ele vive querendo transar comigo e nem mesmo Luciano sabe por que sei onde isso iria acabar e não quero mais problemas. Airton aparece ocasionalmente em minha vida e diz que me ama e respeita meu espaço, mas isso não é tão significativo para mim.

Luciano me puxa para mais perto dele, me tirando dos meus pensamentos. Ele me olha nos olhos e os vejo brilhar. Ele da um largo sorriso, seus olhos se fecham e sua face se aproxima da minha, meus olhos se fecham e vou em direção a sua boca. Seus lábios tocam os meus, ele me beija devagar e sem pressa, sinto sua boca macia completar a minha e sua língua pedindo passagem ao qual dou sem resistência, suas mãos acariciam minha cintura e sobem ate o meu rosto. Nossos rostos se afastam e dou um sorriso, ele ri de volta e me abraça forte.

- Quero te pedir uma coisa.

- O que? – o olho com curiosidade.

- Eu estou meio nervoso então não ligue para isso.

Ri da situação.

- Não sabia que podia ficar nervoso, você sempre foi tão confiante – disse em meio a um sorriso.

- Isso é diferente. – retrucou ele.

Ri novamente.

- Então o que quer pedir para deixar você tão nervoso assim?

Ele se apoiou e arqueou o corpo para se sentar, me fazendo sentar também. Ele então puxou uma caixa de veludo vermelha que havia em seu bolso esquerdo da bermuda. Meus olhos se encheram de lagrimas. Ele deu um sorriso torto e envergonhado e abriu a pequena caixa. Dentro dela havia duas alianças douradas. Ele tirou uma delas da caixa e a segurou com firmeza.

- Alex Amell você aceitar ser meu por toda a nossa vida e além dela, para toda a eternidade?

- Aceito.

Falei aos prantos enquanto ele colocava o anel dourado em minha mão direita. Por um momento esqueci que eu morreria e me vi ao dele. Velhinho com filhos e netos, tendo uma longa vida feliz. 

Querido Diário: Ascensão | Livro III | Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora