Capítulo 1 - Sorrisos

8.7K 290 22
                                    

O sol estava alto quando ele se sentou atrás de mim, me puxou para perto e me abraçou. Ele com toda certeza não é um garoto normal. Minha cabeça repousava sobre seu ombro enquanto eu observava o ir e vir da copa da arvore cuja sombra nos refrescava naquela manha de verão. O gramado verde se estendia por uma longa extensão ate chegar ao lago do parque. Pessoas iam e vinham conversando animadamente ou passeando com seus cachorros. Outras nos olhavam com curiosidade e outros com reprovação. Mas ele não se importava com nada disso. Ele se mantinha com um largo sorriso no rosto enquanto teimava em cheirar meu pescoço com frequência.

Eu posso dizer que estou bem, pelo menos na medida do possível. Algumas coisas estão começando a voltar. Todos estão comemorando. Mas eu tenho medo do que essas lembranças podem me causar. Estou bem do jeito que estou, sei que não deveria admitir isso, mas quem não deseja uma válvula de escape para esquecer de tudo o que te machucou?

Apesar de minha memória estar voltando, ele ainda trazia o gravador dentro da mochila que ficou encostada no tronco da arvore. Em alguns momentos eu o usava como método para lembrar de todas as pessoas que estão na minha vida. Eu havia parado de utiliza-lo, mas ele sempre insisti em trazer por via das duvidas.

Ele continuava do mesmo jeito desde a primeira vez que nos vimos. Tinha seu um metro e oitenta e dois- ele fala que ainda vai crescer, mas eu disse para ele tirar o cavalo da chuva, mas infelizmente ele não quer tira-lo de lá – seus cabelos negros e lisos não estavam tão curtos, seus olhos azuis brilhavam quando me viam e sua pele alva dava um contraste incrível a ele e ele pode ter qualquer garota que ele deseja-se, mas por incrível que pareça ele continua aqui comigo agarrado. Luciano já havia me dado uma bronca por falar esse tipo de coisa, mas o que ele quer que eu pense? Ele vestia uma camiseta branca que mostrava seus braços malhados, vestia uma bermuda Jeans e usava um tênis preto com branco.

Ele havia tomado o lugar de Gabriel, não que Gabriel não estivesse presente em minha vida, mas Luciano havia comprado um apartamento perto da minha casa para poder ficar mais perto de mim. Quem em sã consciência faria isso? Eu não entendo ele por completo. Ele é sarcástico ao mesmo tempo que divertido e ele se divertia comigo, não de uma maneira ruim, mas algo não deixava ele se afastar de mim foi o que ele havia me dito, ou algo do tipo.

Ele beijou minha nuca.

- No que esta pensando?

- Na sua loucura. Ainda não entendo o porque de você esta comigo.

Ele riu e me ajeitou em seu colo, ele juntou as pernas e me levantou e me fez sentar em seu colo, olhou nos meus e segurou uma de minhas mãos.

- Pelo fato de você não ser nada do que eu esperava.

- Como assim?

Ele riu novamente.

- Você é grosso algumas vezes, ao mesmo tempo que é educado. Você é calmo no mesmo grau em que pode ser bravo.

- E...?

- Nos apaixonamos pelas qualidades e amamos pelo defeitos.

- Eu sou cheio deles. – conclui.

- Mas mesmo com todas as suas tentativas de me afastar eu ainda estou aqui, não é?

- ate você descobrir que não sou perfeito. – resmunguei.

- Pessoas perfeitas não existem. Somos todos imperfeitos a procura de alguém que aceite nossas imperfeições.

Ele deu um largo sorriso e me abraçou.

- Gabriel vai nos visitar hoje?

- “Nos visitar?”

- Claro. Praticamente moro na sua casa.

- Porque quer.

- Justamente.

Ele riu.

Luciano realmente passava boa parte do tempo na minha casa e não foi difícil ele dobrar meus pais. Eles na verdade o amam, eu o odiava no começo mesmo que internamente eu soubesse o que aquela repulsa fosse. Mas fui tirado dos meus devaneios por um beijo quente e macio vindo dele.

- Não vou deixar você fugir.

- Você sempre me diz isso.

- Pra ter certeza de que esta sabendo que não vou te abandonar jamais. Ate mesmo quando você me jogou na piscina quando fui pedir pra namorar com você na festa do seu aniversario.

Comecei a rir.

- Realmente. Qualquer um teria desistido depois de tudo o que eu fiz pra você ir embora.

- Mas eu não fui. E não vou.

- Por quê?

- Ainda tem coragem de me perguntar isso?

Reviro os olhos, ele me aperta e sorri.

- Porque eu te amo. Simplesmente amo esse seu jeito torto de me amar.

Querido Diário: Ascensão | Livro III | Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora