Capítulo 4 - Memória

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O sol adentrava devagar pela janela do meu quarto, meu corpo devagar se esticava na cama, minhas mãos foram direto aos meus olhos coçando-os. Levanto e vou para o banheiro, tomo um longo banho e me seco, volto para o quarto e abro o guarda roupa, pego uma camiseta branca e uma bermuda xadrez, sigo ate a escrivaninha a procura do relógio que Luciano havia me dado de presente de aniversario.

Reviro o emaranhado de papeis soltos e não o acho. Fazia muito tempo que eu não usava nem mesmo o velho computador. Abaixei-me e abri as gavetas e comecei a revira-las até que na última, puxo os papeis guardados e vejo o relógio embalado num plástico colorido que lembrava um presente para uma criança, então me dou conta que há um caderno de capa preta abaixo do relógio. Puxo o pequeno caderno e olho vagamente para ele, então o abro e começo vejo a data que há no canto superior da página.

Um diário.

Folheio as páginas até que uma delas me chama a atenção. A data era antiga, de alguns anos atrás e então começo a lê-lo.

20 de agosto de 2012.

O quarto estava escuro, mas a voz dele não parava de zumbir.

- Bom é dormir de dois sabia?

Silencio.

- Vem para cá Alex, pra você não ficar sozinho ai.

Dizia ele me olhando da cama onde ele estava. Eu continuava calado, então ele se levantou e sua sombra caminhou até mim, ele me pegou no colo e me levou até a sua cama.

- Quer tirar a roupa pra ficar mais confortável, está quente não acha?

Silencio.

Ele puxou minha camisa e tirou minha bermuda e cueca, alisou o meu corpo. Então ele sussurrou:

- Se você não contar o meu segredo eu não conto o seu.

E logo depois forçou seu pênis na minha boca, fazendo com que eu me engasgasse e tivesse várias ânsias de vomito enquanto ele gemia alto. Meu corpo não se movia, eu estava totalmente a mercê dele, eu sabia o que ele queria. Sabia onde isso iria acabar, mas meu corpo não queria se mover. Eu estava com medo. Se meus pais soubessem o que diriam? Ele começou a forçar o pênis na minha bunda enquanto gemia apenas com esse ato.

- Aaaah! Que bundinha gostosa. Só de me esfregar nela já fico louco.

Ele colocou de lado e me abraçou enquanto roçava seu pênis na minha bunda. Então sem perder tempo ele melou a mão com cuspe e passou no seu falo e em seguida no meu anus, então ele forçou e com um pouco de esforço entrou. Meu corpo se comportava de forma estranha. Eu fiquei calado, não houve ruído algum e nem meu corpo parecia anestesiado. Eu não sentia nada enquanto ele fazia movimentos rítmicos.

Ele então se levantou e me colocou de frente para ele, levantou minhas pernas e forçou a entrada do seu falo dentro de mim, sua boca veio na minha direção e me desviei da mesma mas a baba e o cheiro de cigarro impregnaram meu rosto enquanto ele tentava me beijar e eu desviava e sem querer acabei apertando ele que gemeu alto.

- Aaaah faz isso com o veio não. Não quero gozar nesse cuzinho agora.

Minha face olhava para o teto sem emoção alguma, eu só queria que tudo aquilo acabasse e quando dei por mim a luz da manhã e os pássaros cantavam. Me levantei rapidamente e sem fazer barulho. O velho roncava, então peguei minhas roupas e as vesti. Peguei a chave da casa e sai de lá o mais rápido que pude.

Quando cheguei em casa fui direto para o banheiro. Eu me sentia sujo, imundo. O cheiro de cigarro impregnava a minha mente e teimava em não sair do meu corpo. Tomei vários banhos seguidos, escovei minha boca várias vezes numa tentativa vã de me sentir limpo e o que eu conseguir foi me sentir mais sujo ainda.

Eu não sabia o que fazer, se meus pais soubessem que eu gostava de outros homens eu não saberia o que poderia acontecer comigo, mas não podia contar a minha mãe o que tinha acontecido. Eu a conheço bem demais para evitar que ela fizesse uma besteira. Se ela soubesse ela o mataria, eu tenho certeza que ela faria isso. Ela não aceitaria isso. E eu preferia guardar tal segredo comigo do que ver minha mãe presa.

Não era o melhor a se fazer, mas era o mais saudável para o bem da minha família.

As lagrimas caiam naquela folha. A lembrança voltou tão repentinamente quanto todas as outras. Todos eles voltaram a minha mente. As traições. Tudo. Aquele maldito diário tinha devolvido todas as lembranças que eu não queria lembrar e que agora me faziam chorar. Sem pensar duas vezes arranquei a folha do diário e a amassei jogando-a no lixeiro.

- Ei está tudo bem? – a voz de Luciano ecoou em meus ouvidos.

Ele se agachou ao meu lado e eu automaticamente o abracei forte.

- Não deixa nada de ruim acontecer comigo por favor.

Ele me abraçava forte agora.

- Eu jamais vou deixar que algo aconteça com você. É uma promessa. E eu cumpro minhas promessas.

Ele levantou me rosto para secar minhas lagrimas, beijou cada um dos mês olhos e logo depois me selou os lábios. Ele estava preocupado, mas não faria perguntas. Ele me conhecia. Eu diria a ele se fosse preciso até lá ele seria apenas meu porto seguro. Alguém que eu pudesse confiar. Ele seria apenas meu Luciano.

Quando finalmente me acalmei ele me beijou e me olhou nos olhos e disse:

- Eu te amo.

- Não diga coisas que não são verdades.

Ele riu.

- Você sabe que adoro esse seu jeito teimoso e como a forma que me afronta. Então você querendo ou não eu vou amar você e eu amo.

- Não fala isso. – me aninhei em seu peito.

- Por que não?

- Por que eu te amo e não quero...

Silencio.

Ele afagou minhas costas e me beijou novamente e ficamos ali sentados no chão do  meu quarto ate que em algum momento eu adormeci.

Querido Diário: Ascensão | Livro III | Romance GayOnde histórias criam vida. Descubra agora