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    Meus braços abraçavam minhas pernas enquanto as mantinhas junto a meus corpo,o pequeno tremor devido a tudo que estava preso dentro de mim,se tranquilizava. Sentada naquela cama e com o celular ao meu lado sobre o criado mudo,controlava minha respiração pesada e irregular,pois era necessário me manter calma. Aguardava as palavras de Marcelo.

     O ruivo estava na cozinha juntamente a meu irmão e Flávia,Ryan dormia em seu quarto, pois era comum não ter sua presença todas as tardes. Assim como da última vez, ambos preferiram me dar total liberdade para uma conversa com meu psicólogo. Ambos sabiam a minha necessidade de ficar sozinha,a minha necessidade de conversar com o profissional,a sós.

    — Olhe a sua volta,me diga o que vê! — com aquela voz de um profissional,Marcelo pediu-me.

   Não entendia como havíamos regredido a esse nível, não compreendia o porquê de me interrogar sobre algo inútil em relação ao meu desabafo de todas as outras cessões. Porém, compreendia sua necessidade de questionar algo tão supérfluo como aquilo: Marcelo queria garantir minha calma e total consentimento em me abrir,em expressar meus sentimentos mais uma vez.

    Ao descrever cada canto e objeto de meu quarto, não pude prosseguir ao ficar meus olhos no espelho no canto do quarto, próximo a porta e distante o bastante da cama,porém era possível enxergar meu reflexo e minha feição incompreensível porém que revelava a aura escura sob mim. Mesmo sustentando um sorriso no rosto,jamais poderia dizer ter aquela luz atrás de meus olhos,aquela aura angelical e juvenil. Estava sobrecarregada e minha mente reproduzia meu passado,sempre.

    — O que mais lhe chama a atenção e por que? — voltou a questionar.

    — Um espelho no canto do quarto. Enxergando meu reflexo, é como se não me reconhecesse,não estou tão transparente como fui em minha infância. O contraste em meus olhos se tornou inexpressivo,aquele brilho se apagou e a doçura se encobre — tocando em minha bochecha,pude senti-la fria — ao estar sozinha, não me sinto bem, não me sinto feliz!

    — Como é a sua vida pessoal? Seu relacionamento com seus pais e amigos — apesar de saber a resposta, Marcelo quis saber.

     — Fria! Essa é a palavra que descreve minha vida pessoal. Mas estar com meus pais e amigos,tudo se transforma,como se a Sun ferida não pudesse se manifestar. Ouve momentos em que ela residiu, momentos em que o extinto defensivo prevalecia. Mas agora,depois de tudo o que aconteceu,me sinto bem e tranquila,a carisma transparece e o carinho prevalece junto. De certa forma,tudo se torna surreal.

     — O que sente pelo Dylan? Algo mudou? — outra pergunta feita a meses,nas deveria ter alterações nas respostas.

     — O ruivo é... O ruivo é alguém que ganhou um espaço em meu coração, alguém que está me transformando e me mudando de uma forma única. A gente está namorando a quase um mês,mas posso dizer que estou vivendo um misto de emoções confusas. Não sei exatamente o que pode ser,mas tenho a certeza de que é algo bom. O ruivo é alguém admirável e importante em minha vida — ao enxergar meu reflexo no espelho distante,pude ver um sorriso bobo em meus lábios.

    — Sua briga interna contra o que esse rapaz poderia lhe causar,foi superada e está ganhando proporções de um sentimento inocente. Você está livre de seu conflito contra o jovem — Marcelo diagnósticou — então,vamos para o problema maior. Como se sente ao perceber a influência de seu passado em seu presente?

    Apertando mais minhas pernas contra meu corpo, apoiei meu queixo sucre os joelhos e suspirei pesadamente podendo sentir aquela mesma sensação de agonia ao me lembrar de meu passado. O assunto principal,o foco,era esse assunto que me atormenta a quase três anos, porem sempre sentia meu coração acelerar e meu corpo tensionar. Pedro foi alguém tóxico em minha vida,alguém que me marcou de inúmeras formas.

Irmão do meu melhor amigo [FINALIZADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora