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   Parada em frente a porta de minha casa,tentava criar coragem para entrar e explicar para meu pai o porquê de não ter passado a noite em casa e muito menos ter lhe ligado,pois mesmo que ambos tivessem voltado hoje pela manhã,sempre deveríamos lhes avisar onde e o porque de não passarmos a noite em casa.

  Meu rosto ainda continha os hematomas no canto de minha boca e uma marca amarelada em minha bochecha devido a bofetada de Pedro,meus olhos continuavam em um tom avermelhado devido a quantidade de bebidas que ingeri e os cigarros que fumei e drogas que usei. Teria de explicar para meus pais, teria de escolher entre a verdade e a omissão, pois, embora desejasse dizer tudo,meus pais jamais me perdoariam por saber que estou fazendo coisas que nenhum da minha família fez,estava fazendo algo que ambos repudiavam.

   Abrindo aquela porta lentamente mantendo meu olhar baixo e meus cabelos cobrindo meu rosto,pude sentir olhares queimarem sobre mim. Virando-me em suas direções, encontrei meus pais,meus amigos e os pais de Dylan e Bryan,ambos sentados naquela sala demonstrando o quão preocupados estavam.

   — Onde você estava garota? Sabe que horas são? Sabe a preocupação que nos deixou? — papai questionava irritado e aliviado.

   — Em um hotel...— sussurro sem erguer meu olhar.

   Como se tivesse dito algo engraçado,meu pai gargalhou sem humor fazendo todos ali o encarar sem entender nada. Meu irmão e minha mãe apenas demonstravam o desgosto,a decepção que lhes causava; meus amigos procuravam entender o porque de ter passado a noite em um hotel,já Dylan e seus pais,me fitavam como se imaginassem mil e uma atrocidades que poderia ter cometido em um quarto de hotel.

   — Você é hipócrita,diz isso como se não tivesse feito algo digno de sentirmos vergonha. Você está agindo...— papai engoli as palavras no momento em que minha mãe toca em seu ombro.

   — Diz! Fala o que vocês estão pensando. Fala,pai! Me chama de vagabunda,diz que sou uma prostituta que fode com qualquer um,diz que não passo de uma vadia que sai de casa a noite e volta pela manhã...— me altero aproximando dele.

   — Você sabe que seu pai não quis dizer isso, filha — mamãe tenta intervir,porém ignoro.

   — Se acalma Sunny! — Cooper e Bryan pedem ao me ver completamente agitada.

   — Você acha que preciso me submeter a esse papel? O fato de ter passado a noite em um hotel, não significa que transei com alguém ou com mais de um. Não nego que tenho a vida sexual ativa,mais até onde sei,posso dar a boceta para quiser...— me calando com uma bofetada, papai se aproxima segurando em meu braço,mas se afastou.

   Ele havia percebido os ferimentos em meu rosto, pôde enxergar as marcas amareladas em minha bochecha. Seu olhar se suavizou e a preocupação surgiu,sua boca estava entre aberta como se estivesse se perguntando o que havia acontecido para ter aquelas marcas. Mas a única coisa que consegui pensar ao virar meu rosto em sua direção,foi no ódio que surgiu em meu peito.

   — Quem fez isso com você, Sunny? Quem te agrediu? — questionou deixando ambos surpresos.

   — Filha...— mamãe tenta se aproximar,porém me afasto sem desviar o olhar de meu pai.

   — Essa foi a última vez que você tocou em mim...— me pronuncio lhe deixando surpreso com uma ameaça indireta.

   Jogando as chaves de seu carro em sua direção,sigo em direção às escadas os deixando naquela sala de estar. Como planejado,faria a minha viagem para uma casa de praia que meu irmão e eu herdamos de nossos avós maternos, quando as aulas retornassem,voltaria para a cidade e sairia dessa casa,pois ser agredida por um filha da puta obsessivo era uma coisa, mas ser agredida por meu pai,era outra bem diferente.

Irmão do meu melhor amigo [FINALIZADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora