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   Sentindo meu corpo pesado e fraco devido o efeito do calmante ingerido ontem a noite após ter saído daquele banheiro,suspirei pesadamente ao sair daquele carro e seguir em direção a porta da casa que não poderia ser considerada meu ponto de tranquilidade. Na verdade, já na existia um lugar que poderia caracterizar assim,pois nem mesmo meu subconsciente pode transmitir esse sentimento para mim. Sou uma caixinha de caos.

   Adentrando aquela casa,pude ouvir as vezes de meus pais vindo da cozinha,porém ignorei e subi as escadas que me levaria para o segundo andar e consequentemente meu quarto. Precisava de um novo banho que pudesse arrancar toda essa sensação de estar carregando uma tonelada nas costas. Entrando em meu quarto,deixo a pequena mala sobre minha cama e sigo em direção a sacada de meu quarto que se encontrava aberta.

    O dia não estava lindo ou feliz,pois o céu nublado e o frio o deixava entristecido. As nuvens carregadas se assemelhavam a meus olhos que carregavam lágrimas a cada segundo,a brisa fria se parecia com meu coração e todos os meus sentimentos. Por mais que estivesse cercada por pessoas que fazem parte da minha vida,o sentimento de solidão estava ao meu lado. Não era abandono físico,era abandono emocional.

    Abrindo a primeira gaveta do meu criado mudo,pude ter a visão de cartelas de comprimidos calmantes e antidepressivos. Todos receitados por meu psicólogo,mas obviamente havia uma prescrição que descrevesse exatamente como deveria ingeri-los, não deveria ser da forma que os utilizo. Pegando uma de antidepressivos,sigo para meu banheiro a deixando sobre a pia enquanto retirava todas as peças de roupa de meu corpo.

     Sentindo a água morna cair sobre meus cabelos fazendo-me fechar os olhos e relaxar cada músculo de meu corpo,tive as piores lembranças da minha vida. Existia uma escala, um gráfico no qual controlava cada acontecimento e seu grau de quão pior pode ser. Dentre eles,estava algo que ninguém da minha família soube,pelo menos não até decidir contar para meu psicológo,pois tenho certeza que esse relato não poderá ser mantido em sigilo, já que podem acreditar que poderia cometer o mesmo ato.

    No início do ano,antes das aulas começarem,marquei presença em uma social com umas pessoas que conhecia e nessa pequena reunião,houve um momento em que senti o desejo de desaparecer,desejei esquecer tudo que vivi e apagar qualquer rastro que pudesse existir da querida e fodida Sun Guendy. Então,com algumas pílulas de ecstasy,uma garrafa de whisky segui para um dos quartos e me sentei naquela cama. Lembro-me perfeitamente: o quarto estava silencioso,o que permitia ouvir somente as gargalhadas das pessoas naquela sala de estar,as paredes sem vida dava-me uma sensação de solidão,a mesma que estou sentindo.

    Então,com os comprimidos em mãos e a garrafa de bebida, ingeri todas com um único gole. Foi questão de minutos para sentir meu peito se apertar e meus olhos se fecharem. Os batimentos de meu coração,o sangue sendo bombeado para cada criança de meu corpo e todas as forças se esvairem. Quando estava ficando inconsciente,uma amiga abriu a porta do quarto e gritou pelos outros ainda presentes naquele apartamento. Lembro-me que conseguiram manter sigilo ou poderíamos ter sérios problemas,pois éramos todos de menores e com um alto teor alcoólico no organismo e substâncias ilegais.

    Após encerrar meu banho e me enrolar em uma toalha, destaquei o primeiro comprimido da cartela e o joguei na boca engolindo a seco. Com as mãos apoiadas naquela pia,encarei meu reflexo no espelho podendo encontrar uma feição pálida,com olheiras profundas, não negava o quão cansada estava. Deixando o medicamento no mesmo lugar voltei para meu quarto e me vesti com minhas peças íntimas, um shortinho moletom e uma camiseta.

   Deixando a mala no chão ao lado de uma poltrona no canto do quarto,me deitei em minha cama ainda com os cabelos molhados,pois não conseguiria os secar, não sob os efeitos do medicamento e o cansaço que estou. Com os olhos na poltrona me mantendo deitada de lado,pude os sentir pesarem e cada músculo de meu corpo relaxarem. Finalmente conseguiria um descanso, não de forma natural,mas seria o início do que precisava.

Irmão do meu melhor amigo [FINALIZADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora