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  Não poderia ser dito que Sun se adaptou bem a cada canto daquela clínica, não se podia afirmar que a garota se sentiu bem. Os primeiros dias foram sufocantes,pois em certos momentos,a garota se encontrava em algum tipo de surto que exigia um sedativo extremamente forte,em outros, Sun chorava a ponto de perder todo o ar de seus pulmões. Estava sendo um período difícil.

   No primeiro mês, Sun se negou a conversar com o psicólogo,se negou a se abrir. As sessões eram silenciosas, somente a respiração dela e do profissional eram ouvidas,nenhuma troca de palavras ou olhar que poderia fazer com que o psicólogo decifrasse o que se passava em sua mente. Apenas silêncio e irrelutancia por parte da garota.

   No terceiro mês, Sun se negou a comparecer no consultório,se negou a sair do quarto e se negou a abrir a porta,ela estabeleceu o extinto protetor mais uma vez. Sua mente a fez acreditar que poderia se ferir ao se abrir com alguém,a fez desacreditar da índole daquele que estava lhe avaliando por dias.

    No sexto mês, Sun havia cedido aos pedidos do psicólogo. Seus pais haviam lhe visitado no início do mês,ambos trocaram palavras carinhosas e realistas,pois se não houvesse progresso em sua estadia naquele lugar que ela tanto odiava,jamais conseguiria sair por aqueles portões. Então,a jovem pode ver que precisaria engolir seu medo e se abrir com aquele profissional.

    E no mês atual, Sun se encontrava na roda de conversa com os outros pacientes. Ela se sentava entre eles as nove da manhã,saia as dez e se prendia na biblioteca no segundo andar da clínica,onde ela fazia uma seleção de livros e se acomodava em uma das mesas enquanto folheava as páginas e se prendia em um mundo das fantasias,em um mundo paralelo e mágico.

    Suas conversas se concentravam as três da tarde,eram uma hora se abrindo com o profissional designado para si,uma hora que trazia consigo um misto de sentimentos para a menina: liberdade, insegurança,leveza e entre outros. Às seis horas da tarde,Sun seguia para seu quarto e saia apenas no dia seguinte.

   Em um dia daquela semana, Sun se sentou ao lado de um senhor mais velho que aparentava estar na casa dos sessenta anos,esse tinha um vício em álcool e carregava a culpa de ter causado a destruição de sua família. Diferente do que poderia imaginar,a garota teve uma conversa com o senhor,uma conversa que lhe fez acreditar que ,em diversas situações, podemos encontrar a luz no fim do túnel.

    — Minha esposa era a mais bela mulher que pude conhecer. Me lembro de ter lhe convidado para um café na tarde de um sexta feira, estávamos saindo da universidade. Ela cursava psicologia e eu estava nas aulas de administração — enquanto o senhor relembrava seus tempos de juventude,Sun podia enxergar o brilho no olhar do dito cujo,um brilho de amor e carinho. Ele ainda a amava — foram muitos cafés e almoços,e ao terminarmos nossa faculdade,a pedi em casamento. Depois vieram nossos filhos. Aquela foi a melhor época de nossas vidas,mas ao perder meu facinio pela vida,tudo desmoronou. Hoje sou um velho de sessenta e cinco anos,com um vício que pode ser tratado. Mas minha família,essa a perdi. Acredito que apareceram quando estiver prestes fechar os olhos sem poder os reabrir.

      — O senhor ainda os ama como se estivessem a anos atrás!— Sun comentou admirada pelo o que viu no homem.

     — Somos seres humanos,minha filha! Quando se ama verdadeiramente, nada pode destruir o que se construiu,nada pode nos fazer esquecer o que sentimos por nossa alma gêmea — Sun tinha que admitir,era uma boa filosofia de vida — posso ver em seus olhos, você encontrou alguém que te faz querer mudar,que te faz querer ser melhor...que te fez amar intensamente. Preze por isso,lute por esse sentimento, pois algo intenso não se dissipa,um amor verdadeiro não se acaba.

    Naquele dia, Sun pediu - pela primeira vez - uma visita. Assim como em todas as clínicas,o paciente tinha direito de visita uma ou duas vezes por semana e sempre pela manhã,mas o psicólogo de Sun havia aberto uma excessão para ela. Então, às sete da noite, Dylan bateu na porta do quarto da garota que o recebeu com um abraço apertado e uma série de selares em cada parte do rosto do ruivo.

Irmão do meu melhor amigo [FINALIZADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora