Prólogo

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Sejam gentis nos comentários e boa leitura!

😊😊😊😊😊😊😊

Amor

Os gregos tinham muitas palavras para descrever o amor. Philia, Ludus, Storge, Pragma, Eros, Ágape. É fácil conceituar o amor, descrever sentimentos e lidar com os problemas dos outros. Fácil, extremamente fácil. A questão se torna um problema quando isso é conosco ou nos atinge diretamente. O amor me machucou muito, como me salvou também. Mas um tipo de amor me ajudou a me reerguer para que eu pudesse estar aqui ainda: Philautia.

Philautia nada mais é que amor próprio, autoconhecimento, autopreservação, autoconsciência. Claro, não foi sozinha que eu conseguir desenvolver esse amor, mas foi por necessidade de existir e resistir que esse amor se fez presente e ele me fez forte.

Claro, existem muitas pessoas na minha vida que me amam e que eu as amo de formas diferentes. Amália, por exemplo, é minha melhor amiga, desde os 8 anos de idade. Nós dormimos, acordamos, comemos e vivemos juntas a muito tempo. Quando entramos na faculdade brigamos, fugimos e conseguimos convencer nossos pais de que somos adultas e responsáveis o suficiente para morarmos sozinhas. Foi incrível, mas quer uma dica? NÃO FAÇA ISSO! Pagar contas, trabalhar, estudar, manter uma estabilidade mental e ter vida social... tudo ao mesmo tempo é... complicado.

Sério, mas com Amália do eu lado eu sei que consigo passar por qualquer perrengue. Eu e ela temos uma relação... estranha. Na verdade, é super claro para nós duas, mas as pessoas acham diferente. Ela é minha melhor amiga, eu a amo de todo coração, somos solteiras e quando estamos afim nós ficamos. Isso mesmo, nos beijamos, transamos e se não tiver clima assistimos filmes tristes no sofá. Moramos juntas desde que entramos na faculdade e conviver com ela sempre foi incrível. Eu sou bastante bagunceira e ela quer arrancar meus dedos só de pensar em bagunça, mas depois de tantos anos a única coisa que resta é compreensão.

Eu faço Relações Internacionais e Amália Cinema. Formamos um grupinho meio excluído da faculdade. Além de nós duas tem o melhor casal que aquela faculdade já viu: Apolo e Pablo. Ok, eles não são um casal, são melhores amigos, assim como eu e Amália. Na verdade, pior, por que ambos são héteros então... sem beijos na brotheragem. Mas eu shippo mesmo, quero nem saber, chamo de MEU CASAL. Contudo, apesar desse disparate, eles são incríveis e amigos muito leais. Tem uma personalidade forte, um pouco brutos, principalmente Apolo que odeia pessoas em geral e normalmente é bastante calado.

No grupinho a mais recente e mais divertida temos Marsha. Ela é uma mulher alta, linda, negra com um black enorme do tamanho do sorriso dela. Bom, ela mora com Meu casal, eles dividem o aluguel do apartamento. Ela veio do interior da Bahia, de uma cidade chamada Macururé. São mais ou menos 8 mil habitantes. Quando chegou a Salvador, veio fazer Direito para voltar "doutor" para sua cidade. Mas o que ela não esperava era deixar sua família e se encontrar na cidade grande. Se encontrou tanto que deixou tudo para trás. Família, amigos e até o nome. Por ter feito dois anos no curso de direito Marsha conseguiu com amigos agilizar o processo de troca do seu nome de registro por seu nome social. Mudou-se pro curso de Relações Internacionais para adiar sua volta para casa e continuar sua transição de gênero. A família dela ainda não sabe e do que depender dela, não irão saber.

Por fim temos Soraia, professora de Direito Humanos. Sim, nossa professora faz parte do grupinho excluído. Soraia é calma, mas completamente louca. Pele bronzeada, ela é uma professora recém formada que assim como nós é meio excluída do convívio social. Ela é nova, com ideias novas, num curso tradicional e com todos os quesitos para ser mal vista por alunos e professores. Pansexual assumida ela não tem vergonha de si e nem de ser descaradamente amiga de seus alunos.

Bom, talvez não tenha ficado claro os motivos pelos quais somos desprezados, então vamos lá. Soraia é a melhor professora da faculdade, mas sob o olhar preconceituoso pode parecer desleixada e pouco profissional. Os professores não gostam muito dela. Apolo e Pablo não são exatamente excluídos, eles só não gostam de pessoas e são EXTREMAMENTE sinceros. O que pode afastar pessoas que não estão prontas para ouvir a verdade, tipo, quase todo mundo. Marsha é uma mulher trans, extravagante, do interior cursando Relações Internacionais, acho que não preciso deixar mais claro por que odeiam ela. Amália cursa Cinema, que apesar de parecer bastante receptivo, é um curso extremamente machista e elitista a certo ponto. Bom, definitivamente não fazemos parte desse mundo. E eu que sou pansexual, linda, inteligente, engraçada, modesta e... vagabunda.

Pois é, vagabunda. Na verdade, a maior parte do motivo de sermos excluídos sou eu. Preciso admitir. No primeiro ano de faculdade eu era como sou hoje, porém, algumas coisas mudaram depois de uma foto, fofoca e meu total desprezo. Depois disso muitas pessoas começaram a me chamar de vagabunda e coisas piores. Eu obviamente ignorei, mas nada mudava os boatos e eu não estava exatamente no meu melhor momento, então, eu tomei uma decisão. Eu fiz o que todo mundo queria ver, eu me tornei uma vagabunda com V maiúsculo.

Sério, muitos me xingavam e me mandavam direct ao mesmo tempo. Eu fui a festas de graça, dancei, beijei, transei e conheci muitas pessoas. Movida pela raiva e por desejos ocultos eu fiz algumas tatuagens e coloquei piercing nos dois mamilos. Cabelo cacheado curto estilo eu virei a própria visão da bad girl. Eu acho um pouco engraçado, por que eu não ando de couro ou botas pretas e cara de mal. Na verdade sou bem colorida com roupas simples e visual muito parecido com o típico aluno de filosofia, mas, a fama é tão grande que as pessoas não conseguem me ver de outro jeito. Por causa dessa fama nos lugares mais improváveis de Salvador eu descobri as competições de retórica e as . Claro, numa festa pode-se beber, dançar e até mesmo se drogar, mas apesar de tudo encontrei um bom papo e algumas pessoas me falaram sobre esses eventos. Me interessei, pois, seria uma oportunidade para viver as Relações Internacionais fora da chatice da faculdade. Claro, tornar meu nome famoso e temido.

Depois de umas 4 ou 5 competições a fama de vagabunda cedeu e muitas pessoas me olhavam com desprezo, inveja ou só raiva mesmo. Fiz uns amigos além do meu grupinho, mas esses estão em outras faculdades e os que me desprezavam antes, hoje me odeiam ainda mais. Claro, alguns querem a oportunidade de um debate no auditório, outros querem a disputa na minha cama.

Não importa o que você ache, mas pode gravar que vocês vão me conhecer de verdade e descobri quem é Helena Ribeiro.

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Olá pessoinhas. Estão gostando? Aqui é só uma apresentação da nossa protagonista. Helena é uma pessoa enérgica. Apresentados todos, agora a história começa. Até o primeiro capítulo!

· Shipp: Conceito de shippar um casal, torcer pela união dos mesmos.

· LGBT+: Atualmente o termo LGBT é o mais utilizado, representando: lésbicas, gay, bissexuais, travestis e transsexuais. O termo foi aprovado no Brasil em 2008 em uma conferência nacional para debater os direitos humanos e políticas públicas de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transsexuais.

· Simulações da ONU: As simulações da ONU (também conhecido como MUN, do inglês Model United Nations, modelos de organizações internacionais ou, simplesmente, simulação) são eventos acadêmicos direcionados à alunos do Ensino fundamental, Ensino médio e Ensino superior de simulação de organismos das Nações Unidas, organizações internacionais ou entidades nacionais como Supremo Tribunal Federal e Câmara dos Deputados do Brasil onde os participantes atuam como diplomatas, juízes, deputados ou jornalistas tendo como objetivo o debate e a solução da problemática proposta à cada comitê, espelhando as reais posições políticas dos países, ONGs, partidos, personalidades designadas a eles.

· Undercut: O Undercut é um corte de origem britânica que fez muito sucesso na década de 70, junto aos movimentos punks originados naquela década.

Em busca de ÁgapeOnde histórias criam vida. Descubra agora